Diocese de Santo André

Homilia Missa Crismal – Quinta-feira Santa 2016

Prezado irmão Sr. Dom Nelson Westrupp, sempre bem vindo entre nós.Prezados presbíteros, diáconos, seminaristas, demais ministros a serviço do altar e do Povo de Deus nas diversas pastorais de nossa Igreja. Queridos irmãos e irmãs no santo batismo que nos faz membros da família de Deus, a sua Igreja. Igreja que é Povo Santo e Sacerdotal, Templo do Senhor – como cantamos no início desta celebração. Este povo Sacerdotal pelo batismo, tem a seu serviço o ministério Sacerdotal pelo Sacramento da Ordem, instituído hoje pelo Senhor Jesus.

Nesta santa missa tão expressiva, porque visibiliza a unidade do Presbitério entre si e com o bispo diocesano, e do clero todo também, nós louvamos e bendizemos a Deus pelos seus inumeráveis dons. Em especial o dom do chamado para o serviço no ministério ordenado na Igreja, o dom do sacramento da Eucaristia e o dom do mandamento do Amor Fraterno. Todos estes dons encontram seu sinal material nos óleos que serão abençoados. Óleo dos catecúmenos, do crisma e da unção dos enfermos. Óleo que é símbolo da alegria (cf. Is 61,3),força que Deus dá (cf. Sl 92 ,11) e vocação (cf. At 10,38). Eles sinalizam o amor misericordioso de Deus que em Cristo Jesus, nos acompanha por todo o arco de nossa vida cristã de seguidores e seguidoras de Jesus, vocacionando nos à santidade que se pereniza na eternidade.

A santa missa crismal é permeada pela lembrança da ação do Espírito Santo que ungiu Jesus fazendo dele o Cristo Senhor, para a glória de Deus Pai. Nós bispos e presbíteros, somos feitos testemunhas desta glória que plenifica o Universo. E hoje, os presbíteros são chamados a louvar e agradecer o dom do sacramento recebido que os configurou a Cristo Servo-Sofredor-Vencedor-Glorioso.

Pelo sacramento da Ordem somos feitos participantes do único e verdadeiro sacerdócio de Cristo. Somos participantes e testemunhas do sofrimento de Cristo Jesus para podermos participar de sua glória. Ele é testemunha fiel, nós também devemos ser testemunhas fiéis Dele… Ele que nos ama e merece em troca, todo nossos amor (Ap 1,5 – 1º leitura).

“Nosso amor é sinalizado por nós na entrega irrestrita de nosso coração indiviso. Pelo celibato, que não é somente norma disciplinar mas é ´herança apostólica´, nós retribuímos o amor de Cristo por nós, para sermos livres de amá-lo na entrega pelo povo que Ele redimiu, através da ´caridade pastoral´ que é nosso distintivo” (cf. Robert. Card. Sarah, Dio o niente, Ed. Cantagalli, Siena – It., 2015 pp. 112 ss).

Jesus ao lavar os pés dos discípulos, serviço dos escravos, indica a eles o caminho da transformação interior com base no serviço assumido como opção fundamental de vida. Se assim o fizerdes, promete Jesus, sereis felizes (cf. Jo 13,17). Jesus faz esta promessa de felicidade a nós, antes de nós fazermos as nossas promessas sacerdotais que hoje renovaremos.

“O Espirito do Senhor está sobre mim porque me ungiu, consagrou e enviou para proclamar a boa nova aos pobres, proclamar o ano da graça do Senhor!” (cf. Is 61,1 – Lc 4, 16). Jesus faz suas as palavras do profeta Isaías e acrescenta no final:  Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir. No entanto reina um clima de tensão e dúvida na sinagoga onde Jesus faz esta proclamação. Isto porque Jesus interrompe a leitura em determinado ponto, quando ele diz: enviou-me a proclamar o ano da graça, ou seja, o ano da misericórdia do Senhor. Aqui ele para a leitura, eliminando o versículo seguinte que dizia: “um dia de vingança para o nosso Deus”.

Jesus apresenta a face de Deus como misericórdia e perdão que liberta. É a mensagem alegre de luz e felicidade que ele veio trazer à Terra. Sim Jesus veio trazer ao mundo o Amor de Deus que não é vingança, mas acolhida perdão e união fraterna. Diante da bela notícia do ano da graça do Senhor, o coração de seus concidadãos ao invés de abrir-se, de condividir com Jesus a alegria da reconciliação universal, preferem fechar-se na inveja, na amargura, desilusão e desejo de uma justiça que é vingança porque exclui a misericórdia. É uma atitude semelhante à do irmão mais velho do filho pródigo. Jesus e sua mensagem do Reinado do Pai são rejeitados. Ele deve sair dali sob ameaça de morte, isto é prenúncio de sua paixão.

Na recusa da mensagem de Jesus, está a recusa de Deus e de seu Reinado. Isto é tão atual hoje que nos deve fazer refletir. Um Deus tão bom, tão próximo, que ama com amor misericordioso, um Deus assim assusta, escandaliza e causa rejeição. Deus hoje é rejeitado em nosso mundo inebriado pelo avanço tecnológico da “quarta onda” do desenvolvimento científico – industrial: a ciberteologia.

O tema central de Jesus foi o Reinado de Deus que ele anunciou na sinagoga de Nazaré. Para isso ele foi ungido. Nós também fomos ungidos, como participantes de seu sacerdócio, para anunciarmos e sinalizarmos a presença de Deus no mundo, do Deus Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Quando falamos de Reino ou Reinado de Deus, devemos lembrar que Deus é o sujeito deste Reino, o Reino é dele. Não podemos anunciar o Reino de Deus como justiça e paz, sem anunciar o Senhor do Reino que é Deus. O Reino de Deus está presente em nosso meio quando fazemos a vontade de Deus. Quando nos abrimos à sua ação e assim deixamos que ele se faça presente no mundo através de nós.

São Paulo chama Timóteo e através dele o bispo e o padre de “homem de Deus” (cf. 1 Tm 6,11). Esta é a tarefa central do sacerdote: tornar Deus presente às pessoas. Ser homem de Deus é a tarefa do padre. Tarefa grandiosa que faz dele um homem santo que pode rezar do fundo do coração: “O Senhor é a parte de minha herança e o meu cálice: nas suas mãos está a minha vida” (Sl 16, (15) 5). Sejamos pois homens de Deus em um mundo esquecido de Deus!

Por isso tudo, permitam-me recordar estas belas palavras da carta aos efésios que nos convida a sermos homens de Deus, testemunhas de sua santidade: “Tornai-vos pois imitadores de Deus, como filhos amados que sois. Vivei no amor assim como Cristo nos amou e deu sua vida por nós, como oferta e sacrifício de odor agradável a Deus. Que a imoralidade, impureza ou cobiça de qualquer tipo nem sequer sejam nomeadas entre vós, como convém a santos.” (Ef 5,1-5). Assim, o sacerdote deve ser um apaixonado por Deus, somente desta forma, sua vida será plena de sentido e sua missão será completamente vivida.

Nós pedimos nesta liturgia: “Acolhei ó Redentor, nossos hinos de louvor!” Queremos louvar e agradecer pelos sacerdotes de nossa Igreja de Santo André. Que sejam abençoados e repletos do Espírito Santo. São todos ungidos com o óleo da alegria. Por isso são a alegria do povo de Deus. Como nosso povo respeita os padres e reza por eles!!! Vocês são também a alegria do bispo. Continuem firmes na fé e no amor. A heterogeneidade de nosso clero não pode ser motivo de desistirmos de ter um Presbitério unido e forte. Este é um desafio que todos devemos assumir de verdade.

Pensando no presbitério de nossa querida Igreja de Santo André, na qual cheguei a oito meses, refletindo sobre os muitos encontros e conversas que tive com vocês presbíteros, tive a ideia de escrever-vos uma Carta Pastoral. Isto me ocupou muito esforço, roubando tempo ao sono. Aproveitei os momentos de oração para refletir sobre nosso Presbitério. Peço que aceitem esta Carta Pastoral que intitulei “Amados no Senhor”, como minha homenagem a vocês e sinal de meu amor de Pai e Pastor. Peço licença para entrega-la a vocês no final desta celebração, cumprimentando-os por este dia tão significativo na vida de todo presbítero!

Conto com vossa valiosa colaboração, sem a qual, não poderia exercer meu ministério. E vocês contem comigo para praticarmos a verdade na caridade. Que todos vocês queridos presbíteros sintam-se amados e amparados por Deus.

No memento de solidão, saibam que não estão sós. Maria Santíssima que acompanhou Jesus de Belém até o Calvário vos acompanha com seu amor de mãe. Confiem nela, se confiem a ela.

Que o Espírito Santo vos guie a todos, no caminho da felicidade que Jesus prometeu realizar em vossas vidas a Ele dedicadas através do seu Povo.

AMÉM

D. Pedro Carlos Cipollini – Bispo de Santo André-SP

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