Quem acompanha com assiduidade o ciclo litúrgico pôde vislumbrar, neste Tempo Pascal, os diversos acontecimentos decorrentes da Ressurreição de Jesus na Igreja nascente. Apenas para citar a tônica das liturgias dominicais desse período, temos a presença do Ressuscitado na vida em Comunidade; o testemunho que os primeiros seguidores dão do Ressuscitado; o divino pastoreio de Cristo; a unidade dos discípulos em Jesus; a inserção da Comunidade, em Jesus, na vida do Pai; por fim, a Ascensão do Senhor, que prepara a comunidade para seu amadurecimento na fé.
Em consonância com todos esses mistérios oriundos da Ressurreição, a Solenidade de Pentecostes é o selo que marca e legitima os feitos de Jesus em seu Mistério Pascal: agora, os discípulos recebem o mandado de continuar a missão do Mestre, sendo plenamente capacitados para isso mediante uma graça especial: a infusão do Espírito Santo.
No episódio relatado nos Atos dos Apóstolos, o Paráclito desce visivelmente sob o sinal de fogo sobre os membros da Comunidade nascente e lhes dá a faculdade de se comunicarem em línguas que não dominavam; a partir de então, os discípulos de Jesus vencem o medo e inicia-se o processo de expansão do anúncio cristão no mundo conhecido àquela época.
Hoje, este fenômeno continua a acontecer de maneira ordinária pelo ministério da Igreja, reunida e vivificada pelo Espírito Santo, transmitindo-o através dos Sacramentos do Batismo e Crisma, que conferem aos cristãos a plenitude dos dons do Paráclito, de modo que frutifiquem no mundo em boas obras, comunicando a linguagem nova do amor e constituindo-se canais de comunicação entre todos os seres humanos.
Assim, é Pentecostes na Igreja sempre que se dá um passo a mais na evangelização; quando florescem os carismas e ministérios no seio da Comunidade; quando a unidade e a comunhão se intensificam em meio à variedade de culturas e serviços.
Celebrar Pentecostes é reconhecer que o Espírito Santo continua a agir no mundo, mesmo nos rincões onde o anúncio do Evangelho sequer ainda ressoou, preparando o terreno com sua força discreta e profunda, para que o Reino de Deus se difunda cada vez mais até a consumação dos séculos.
Artigo desenvolvido pelo Diácono transitório Vinícius Ferreira Afonso.