Igreja Matriz de Santo Antonio – Vila Alpina – Santo André 04.08.2018
Queridos irmãos e irmãs, estamos para ordenar Presbíteros estes nossos filhos, que com satisfação contais entre vossos parentes, amigos e membros das comunidades que dão rosto à nossa Igreja. Que alegria sentimos hoje! Deus seja louvado!
Considerai o cargo a que vão ser elevados. Na Igreja todo cargo é serviço de amor, porque Jesus nosso Senhor veio para servir a todos, preferencialmente os pobres: deles é o Reino dos céus.
Estes irmãos, após prudente exame, serão constituídos sacerdotes na Ordem dos Presbítero, para seguirem a Jesus Cristo Pastor e Mestre a quem estarão unidos no sacerdócio ministerial, para servir o Povo de Deus, pregando o Evangelho, pastoreando e celebrando o culto divino.
A primeira leitura nos apresenta Jesus que “nos dias de sua vida terrestre, dirigiu a Deus preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas…” (cf. Hb 5, 1-10). A exemplo de Jesus, sacerdote compassivo e humilde, totalmente entregue ao Pai, no caminho exigente da obediência, sejam vocês também auxílio na salvação eterna para irmãos e irmãs. Não percam tempo com futilidades. Concentrem-se no essencial. Este texto ressalta o valor da oração. Quem reza se salva, quem não reza se condena porque a oração é o respiro da alma. Sem ela o padre morre asfixiado em meio ao trabalho infrutífero ou ao desânimo.
No Evangelho aqui proclamado (Jo 20, 19-23), Jesus Ressuscitado coloca a paz como fruto maior da redenção. Ela está coligada com o perdão. A paz pertence, como a alegria e o amor, aos frutos do Espírito. A Igreja proclama o Evangelho da Paz que é fruto da justiça do Reino de Deus. A paz entra em nossa vida pela abertura ao outro, no sair de si mesmo, no passar pela cruz da entrega da vida. O sinal distintivo da unidade é a paz. Sejam promotores da vida comunitária, da união. Promotores do perdão e reconciliação. Sejam profetas da paz e justiça do Reino. Ela é possível porque Jesus venceu o mundo do pecado, pacificando tudo pelo sangue de sua cruz.
Permitam-me dirigir-me a cada um de vocês, a partir da palavra-vida que escolheram através de um versículo bíblico que norteará o ministério de cada um, conforme a inspiração do Santo Espírito.
1.Você Diácono Rudnei escolheu como palavra de vida o versículo evangélico: Chamou a si os que ele quis” (Mc 3,13). Você ressalta a consciência de ter sido chamado e escolhido por pura bondade de Deus. Que teu ministério possa ser vivido sob o signo da gratidão. Não busque levar vantagem em cima do seu ministério, mas faça dele uma ação de graças a Deus, vivendo a gratuidade, dando de graça o que recebestes de graça. Foi assim a vida do santo Cura d’Ars padroeiro dos padres e que hoje celebramos.
2.Você Diácono José Aparecido tirou da carta de Paulo aos coríntios sua palavra de Vida: “É pela graça de Deus que sou o que sou” (1Cor 15,10). O sacerdote é um homem agraciado por isso põe sua segurança na graça de Deus, e não nos próprios méritos. Faça crescer a consciência de que seu ministério é fruto do amor de Deus por você e por seu povo. É um convite a amar os irmãos como Jesus amou, procurando não os teus interesses mas os de Cristo.
3.O Diácono Cláudio destacou como palavra de vida o versículo do Salmo 143,10: “Ensina-me a cumprir tua vontade”. A vontade de Deus está expressa no Evangelho de Jesus Cristo. A Igreja não vive de si mesma, mas do Evangelho e dele tira orientação. Você também aprenda a perceber a vontade de Deus a partir da Palavra. Pregue a Palavra de Deus e não a tua, não seja você mesmo o centro de seu ministério, mas a Palavra.
4.Diácono Marcos, você escolheu como palavra de vida a reflexão mais madura do apóstolo Paulo: “Se eu não tiver amor, eu nada seria” (1Cor 13,2). “O padre é o amor do coração de Jesus”(Cura d’Ars), é alguém que entrou no dinamismo do amor. Por isso pode introduzir a comunidade neste dinamismo. Se não tiver amor não será um presbítero, um “ancião”, mas um adolescente diletante. O amor é o cerne da caridade pastoral da qual vive o padre. O amor te libertará porque te ensinará a viver uma liberdade solidária (com os outros), e não uma liberdade individualista.
5.E você Diácono Vinícius escolheu tua palavra de vida na frase chocante do Evangelho de Lucas: “Somos servos inúteis” (Lc 17,10). O método de Jesus foi o amor-serviço. Em Jesus Deus assume a condição humana do homem servidor. Nunca poderemos perder esta perspectiva que nos torna verdadeiramente humildes: somos servos inúteis! Porém somos amados, escolhidos, ungidos para viver na dependência de Jesus. Somos frágeis, mas na união com Jesus ficamos fortalecidos. Se quiseres agir in persona Christi deves ter intimidade com Ele para que Ele aja em ti e através de ti. Assim embora servo inútil teu ministério não será inútil.
Enfim, que todos vocês tenham a consciência de que o vosso ministério não vos pertence, mas pertence aquele que vos chamou. Termino com um pensamento do papa Francisco, recomendando-vos: “Não vos deixeis anestesiar a alma, mas apostai no amor fraterno, na capacidade de viver e conviver no presbitério e na comunidade dos fiéis a vós confiados, confiados como filhos e irmãos, não como empregados ou subordinados”.
AMÉM