“O Grande ABC tem essa virtude muito bonita, de ter um povo solidário. Essas ações de partilha e de solidariedade devem ser praticadas sempre. Assim como acolher e elaborar políticas públicas de prevenção para que situações difíceis como essa não ocorram mais”.
Reforçando as prioridades do 8º Plano Diocesano de Pastoral e o tema da Campanha da Fraternidade, o bispo da Diocese de Santo André, Dom Pedro Carlos Cipollini, presidiu na manhã de domingo (24/03), a Missa Diocesana de Solidariedade pelas vítimas atingidas pelas enchentes e de gratidão às pessoas que se mobilizaram para arrecadar doações, após o forte temporal do último dia 10 de março.
Com a presença de mais de mil pessoas, a celebração ocorrida na manhã de domingo, na Paróquia São João Batista, no Rudge Ramos, em São Bernardo do Campo, foi concelebrada pelo vigário episcopal para a Pastoral, padre Joel Nery, e pelo pároco anfitrião, padre Paulo Afonso.
Durante a abertura do ato litúrgico, Dom Pedro agradeceu os inúmeros gestos de amor e partilha protagonizados pelos moradores da região e pediu orações aos que ainda sofrem com os resquícios do caos.
“Foi um momento muito bonito de união nestes dias tristes em nossa região. Presenciamos gestos de solidariedade e de fraternidade dos leigos, pastorais, vicentinos, dos padres que se mobilizaram pelos meios de comunicação para arrecadação de doações e também dos irmãos evangélicos”, frisa o bispo, que visitou recentemente bairros de São Caetano, São Bernardo, Mauá e Santo André, onde ocorreram alagamentos, perdas materiais e sentimentais.
Durante a homilia, o bispo diocesano relembrou os nomes das vítimas dos alagamentos e enchentes do último dia 10 de março, na região do ABC, ao manifestar solidariedade às famílias de Anderson José Pimenta, 33 anos, e dos irmãos Carlos Eduardo Fernandes, 35 anos, Rodrigo Fernandes, 22 anos, e Renata Revelle Fernandes Nunes, 32 anos, ambos de Ribeirão Pires; Cleiton Vieira Galbini, 39 anos, em São Caetano do Sul; Lizandro Baptista de Rezende, 44 anos, e Agásia Satuchengo, 74 anos, em Santo André; e Eduardo Alberto da Silva, 34 anos, em São Bernardo do Campo.
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Caminhada sinodal
O bispo diocesano aproveitou a ocasião para recordar as prioridades do 8º Plano Diocesano de Pastoral, ao sintetizar a Acolhida e a Missão como atitudes cristãs que transmitam apoio e solidariedade ao próximo.
“Essa caminhada de acolhimento e missionária tem que ser permanente. Uma ação que foi pontual neste momento difícil para muitas famílias, mas que deve se tornar uma ação corriqueira para uma comunidade com mais vida”, relata.
Na meditação do evangelho de (Lc 13, 1-9), Dom Pedro também destacou que ‘Deus não quer a morte do pecador, mas que ele se converta’, assim como a sociedade precisa se converter e estar unida para ser generosa. “Ninguém se salva sozinho. Você fica doente precisa de ajuda. Por isso é preciso o esforço de cada um para o mundo ser um melhor lugar para se viver”, medita, ao citar o trecho da parábola da figueira. “Senhor, deixe-a ainda este ano. Vou cavar em volta e pôr adubo. Pode ser que venha a dar fruto. Se não der, então a cortarás”.
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Campanha da Fraternidade
“A Igreja aponta o caminho da conversão não apenas pessoal, mas também da sociedade. Por isso é importante o empenho de todos e todas no pensar e elaborar políticas públicas que evitem a catástrofe”. A citação de Dom Pedro também faz parte da Campanha da Fraternidade iniciada na Quarta-Feira de Cinzas (06/03), cujo tema é “Fraternidade e Políticas Públicas” e o lema “Serás libertado pelo direito e pela Justiça”.
Estiveram presentes diversas autoridades políticas da região como o prefeito de Ribeirão Pires, Adler Kiko Teixeira; a deputada estadual Carla Morando; o presidente da Câmara Municipal de Santo André, Pedrinho Botaro; além dos vereadores de São Bernardo, Toninho da Lanchonete e Jorge Araújo, e de Mauá, Manoel Lopes.
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Balanço no Rudge
De acordo com o padre Paulo Afonso, a ação solidária na Região Pastoral Rudge Ramos – São Bernardo beneficiou 892 famílias, sendo 2341 pessoas atendidas através das doações que chegavam todos os dias, desde o estado de calamidade presenciado nos bairros.
“A situação é triste para muitas pessoas. Mas alivia um pouco o coração saber que boas ações amenizam o sofrimento”, avalia a paroquiana Mercedes Palhiano Torres, 70 anos.
Para frequentadores da Paróquia Santa Edwiges, na Vila Vivaldi, que estiveram na celebração, esses momentos sempre despertam sentimento de caridade e ajuda ao próximo. Porém, a ação precisa ser permanente.
“É muito bom ver as pessoas serem ajudadas, principalmente quem perdeu tudo. Mas precisamos intensificar para que essa colaboração aconteça sempre”, analisa o aposentado Valdemar Martins Souza, 81 anos.
“A Igreja tem um papel social muito forte. É um pedido do Papa Francisco para sermos uma Igreja em Saída e agirmos unidos na sociedade”, completa o administrador de empresas, Francisco Ferri, 52 anos.