Diocese de Santo André

65 anos de história: Dom Nelson Westrupp, SCJ

Há praticamente 80 anos, num povoado de Imaruí – a pequena joia do litoral catarinense – nascia o quarto bispo diocesano de Santo André, no seio de uma família numerosa, originada na Dinamarca e no oeste alemão, que encontrou nas terras do sul catarinense um lugar pacífico para trabalhar e viver sua fé.

Aos 11 de setembro de 1939, no humilde lar dos Westrupp (pedra do oeste, em antigo dinamarquês), nasceu o pequeno Nelson, que ao momento do batismo, recebeu de surpresa o prenome de José, já que o vigário da época – missionário dehoniano, enviado com seus confrades da Alemanha para assistir espiritualmente os descendentes de seus conterrâneos no sul brasileiro – preferiu-lhe um nome cristão, ignorando a existência do beato John Nelson, mártir jesuíta inglês do séc. XVI.

Apolônio era professor, que lecionava na escola primária local, tendo, em dada ocasião, o próprio filho Nelson por aluno! Assim, o filho crescia em meio ao trabalho rural, na propriedade da família, ao gosto pelas artes – prolífico, o pai desempenhava diversos ofícios, entre os quais o de músico e regente – e na prática simples mas densa de sua fé, o que desembocou no chamado precoce à vida sacerdotal e consagrada.

Conta-se que, aos três ou quatro anos, o pequeno Nelson já manifestava o desejo de ser sacerdote; quando a pitoresca figura do missionário, barbudo e em longas vestes negras, chegava em visita àquele lar, o menino escondia-se atrás da porta, observando detalhadamente a postura do visitante, que logo perguntava, com o carregado sotaque germânico: “você quer ser padre?”. Diante do aceno positivo, a mãe, Leonila – prima coirmã da Beata Albertina e tão piedosa quanto ela – jocosamente respondia: “mas eu não deixo!”, levando Nelson ingenuamente às lágrimas, desfazendo a brincadeira em seguida…

Até porque, se alguém foi verdadeiramente chamado por Deus, nada pode impedir a resposta. Foi o que ouvi da própria boca de Dom Nelson, certa feita, ao contar-me que, quando criança, enquanto trabalhava na plantação, esteve com o rosto a menos de um palmo de uma jararaca enrolada a uma planta, sem que ela o atacasse!

Esse chamado se concretizou, quando o pré-adolescente decididamente se dirigiu à casa de formação da Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus, distante umas boas léguas da casa paterna, sem ter completado o ginasial, e ingressando numa turma dois anos à frente; com dedicação e fervor, superou o déficit de disciplinas ainda não cursadas e equiparou-se aos de sua turma.

Ordenado padre, aos 28 de junho de 1964, exerceu o ministério em diversas partes: na formação de novos religiosos, na assistência espiritual às famílias, na visita às províncias dehonianas e, por fim, no Conselho Geral de sua Congregação. Foram 26 anos fecundos de atividades presbiterais, nos quais teve a graça de conviver com um santo: João Paulo II, que tinha contato estreito com a casa religiosa onde vivia em Roma.

Deus, porém, tinha para ele planos mais ousados: aos 11 de maio de 1991, após ter pregado um retiro, no qual meditara com as religiosas o curioso versículo: “sem mim, nada podeis” (Jo 15,5), o Santo Padre nomeia-o bispo diocesano de São José dos Campos, num pastoreio modelar de mais de 12 anos, até que o Senhor da Messe o trouxe para o Grande ABC, a 29 de novembro de 2003.

Nesse prestimoso período de onze anos e cinco meses, a Diocese de Santo André experimentou um grande crescimento pastoral, espiritual e administrativo, visível na criação de diversas pastorais e organismos, na publicação de diretrizes eclesiais de várias ordens (desde diretórios de organismos diocesanos a Planos Diocesanos de Pastoral), na edificação do edifício-sede da Mitra Diocesana, na criação de 11 paróquias (Santa Luzia, na Vila Beatriz em SBC; Santo Arnaldo Janssen; N. Sª de Guadalupe em Santo André, Cristo Rei; São Benedito; São Maximiliano Kolbe; São Pedro e São Paulo; São Judas Tadeu, em Ribeirão Pires; São Luiz Gonzaga; Menino Jesus e N. Sª do Perpétuo Socorro), mas sobretudo na implantação de uma cultura da Misericórdia e no cultivo do amor e respeito pelo ministério presbiteral. Tudo sem prejuízo à concomitante presença de Dom Nelson junto à CNBB, fazendo parte de seu Conselho Permanente e na presidência do Regional Sul 1.

Prestes a completar 80 anos, no próximo dia 11 de setembro – para cuja celebração solene às 19h30 na Catedral convidamos todos os leitores – Dom Nelson, nosso bispo emérito, continua a exercer o ministério episcopal conferindo crismas, atendendo paróquias com os sacramentos da Eucaristia e Reconciliação, pregando retiros e dando formação a quantos o pedem, dentro e fora da Diocese.

Em preparação aos jubileu de safira de criação da Diocese de Santo André, elevamos ao Senhor nossa gratidão pela graça de desfrutarmos continuamente de sua sabedoria e oferta da vida.

 

*Artigo por Pe. Vinícius Ferreira Afonso

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