Diocese de Santo André

Quando eu cheguei aqui…

Gravaram os nossos corações com a marca de Deus

Quando fui convidado a escrever, em vista dos 65 anos da Diocese, fiquei ansioso sobre o que falar. Sim, eu gosto muito de escrever. Então, pensei em contar algumas coisas da minha vida e da minha história pastoral na diocese, apontando sempre para o amor misericordioso de Deus. Pois então, venho de longe, muito longe. Minha família migrou para o ABC nos idos de 1960, vindo do interior de Minas. Meus pais, Antonio e Osmira, sempre foram muito religiosos. Às vésperas do Natal de 2015, o coração do meu pai, não o verdadeiro, mas o de carne, aos quase 90 anos, resolveu ir parando suavemente; missão cumprida, sorriso no rosto, foi embora. Este sou eu, um filho que aprendeu dos pais os valores de uma família cristã. Um leigo que vive intensamente, apesar da minha fraqueza e inutilidade, o servir ao Reino de Deus.

A Diocese de Santo André está enfronhada na minha história. Quero lembrar alguns fatos e palavras daqueles que me incentivaram a não desistir. As coisas da vida, nem sempre são como parecem. É preciso ter fé e seguir em frente e talvez, venhamos a compreendê-las mais tarde. Algumas pessoas passam por nossas vidas e se vão rapidamente. Outras se tornam amigas e permanecem por algum tempo. Outras nos deixam o legado da Boa Nova de Jesus e, mesmo que nos deixem, e, às vezes nem nos lembremos delas, foram portadoras da mensagem que Deus havia reservado para nós e por isso, nunca serão esquecidas, pois, gravaram os nossos corações com a marca de Deus.

Minha primeira paróquia foi a Bom Jesus de Piraporinha, em Diadema. Na juventude, as dificuldades, os estudos e o trabalho me afastaram da Igreja, permanecendo apenas a obrigação de ir às missas, mas nem sempre. Casei-me com a Rose Lima em 1979 na Matriz da Boa Viagem. Alguns anos mais tarde, fomos para a Santíssima Virgem, e nunca mais saímos de lá. Aos poucos fui ouvindo o chamado e nunca mais abandonei o caminho que Deus preparara para mim. Diariamente somos tentados a fazer o mal, mas igualmente chamados a fazer o bem. É o drama da liberdade dos filhos de Deus. Na liberdade de escolher o bem, entre 2005 e 2010, fomos (minha esposa e eu) coordenadores diocesanos, por ocasião da retomada do Serviço de Animação Vocacional na diocese, sob a orientação do querido amigo, padre Ademir Santos de Oliveira, então assessor diocesano. Esta experiência vocacional, percorrendo toda a diocese com os encontros, gincanas e feiras vocacionais, nos abriu a visão da Igreja e nos fez compreender como somos chamados a colocar a serviço os diferentes dons, que de Deus recebemos.

Na Diocese só não conheci pessoalmente D. Jorge. No Sínodo Diocesano, convocado por D. Pedro, tive a oportunidade de entender a grandeza da evangelização da Igreja Particular de Santo André, através dos leigos, lado a lado com os seus pastores. O desafio do acolhimento e simultaneamente, da saída em missão nos provoca a encontrar meios de realizar o sonho missionário de chegar a todos. Como discípulos, devemos exercer nossas atividades pastorais com a consciência de quem ama o outro e, portanto, antes de atender à sua “necessidade”, temos que acolhê-lo como irmão, amando-o como Jesus nos amou. A partir destas experiências podemos ver o quanto o nosso Deus é persistente. Ele não desiste mesmo de nós e continua nos chamando, até que permitamos que ele transforme as nossas vidas.

A vida humana é especial e Deus dispõe pessoas para nos mostrar isto, mas nós temos que ser estas pessoas para os outros. Nós temos que fazer a diferença. Mas, quem somos “nós”? Nós somos a Diocese de Santo André: os bispos Pedro e Nelson, todos os padres, diáconos, religiosos e religiosas, os agentes de pastoral, enfim, o povo escolhido de Deus. A nós cabe tomar a decisão de escolher o bem. Cada um de nós tem esta liberdade de pertencer a Jesus, de ouvir a sua voz e segui-lo em busca da vida eterna, escolhendo fazer o bem. Eu sou testemunha disso, estive afastado e, quando voltei, Ele esperava por mim…

 

Artigo desenvolvido pelo Sr. Tom Lima, leigo da Paróquia Santíssima Virgem – Pai de dois filhos Rebeca e Lucas e Economista, MBA em Gestão de Negócios

 

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