Diocese de Santo André

Conheça o diácono transitório e futuro sacerdote Marcos Vinicius Wanderlei da Silva

A Diocese de Santo André, no dia 04 de agosto, ordenará seus cinco novos padres. E para que possamos conhecer um pouco mais sobre eles, desenvolvemos essa série de entrevistas, que serão divulgadas toda quarta-feira.

Qual seu nome?

Marcos Vinicius Wanderlei da Silva.

 E dos seus pais?

Arivaldo Wanderlei da Silva e Marisa Wanderlei da Silva.

Cidade onde nasceu?

Nasci em São Bernardo do Campo.

Como era sua relação com a Igreja em sua infância?

Fui batizado na Igreja Catedral de nossa amada Diocese de Santo André, contudo, não foi nesta tão bela comunidade que finquei raízes.

Desde que me entendo por gente fui instruído na fé, frequentava as missas com minha mãe, mas não era algo tão sistemático e minha mãe não tinha atividades na comunidade paroquial.

No período da minha infância meu pai demonstrava sinais de religiosidade, mas não era de frequentar muito a Igreja.

A lembrança mais remota que tenho de acreditar profundamente em Deus e em sua ação em nosso meio e, também na força da oração, está alocada no período de quando eu tinha entre 4 e 6 anos no máximo, devido uma situação específica a saber:

Eu e minha família estávamos no clube na área de náutica, que era um local bem afastado da sede social do local, quando começou a chover torrencialmente e de certo modo não seria muito seguro permanecermos ali. Fomos para o carro que estava em uma rampa muito inclinada, todos dentro do carro e meu pai tentou dar a partida e nada, e tentou diversas outras vezes e o mesmo resultado. Percebendo a preocupação do meu pai, no banco traseiro, me coloquei a rezar profundamente na certeza absoluta de ser ouvido e que o carro voltaria a funcionar para sairmos dali, falei para meu pai tentar novamente, prontamente ele disse que não adiantaria, insisti dizendo que tinha rezado e que Deus iria ajudar, minha mãe intercedeu e meu pai tentou e o carro realmente voltou ao seu funcionamento normal, possibilitando que saíssemos de lá em segurança.

Esta história se trata de algo simples, mas muito significativo para mim, uma fé pura e a certeza de uma relação profunda com um amigo que sempre está ao nosso lado, caminhando conosco, sempre disposto a ajudar. Confesso, que hoje, muitas vezes preciso retomar e fazer memória de momentos como este para não me perder por camadas amalgamadas no decorrer da vida.

Lembro também de um quadrinho que meus pais trouxeram de Aparecida com uma oração chamada “oração da criança”, rezava aos pés da cama dos meus pais todos os dias, com minha mãe me ajudando a ler a oração.

Mesmo com uma vida de oração e sendo instruído dentro de uma moral familiar sólida, não tinha tanto contato com a Igreja e com os padres, porém de alguma forma o ministro ordenado devia chamar minha atenção a ponto de desde muito pequeno dizer que iria ser padre, mas confesso que não tenho lembrança disto, ao menos não tão novinho. Apesar de não ter memórias minhas à respeito disto, acredito que falava mesmo, pois alguns parentes comentaram quando entrei no seminário, principalmente o irmão caçula do meu pai que não frequenta a Igreja e acompanhou de perto minha infância.

Um pouco mais velho, já em idade para iniciar a catequese, comecei a ter um contato maior com as atividades da Igreja. Fiz catequese e primeira comunhão na Paróquia Nossa Senhora das Graças que na época tinha como pároco o Padre Guimarães.

Após a primeira comunhão permaneci um tempo como ajudante da minha catequista, porém, passei a ir todos os finais de semana para a casa dos meus avós maternos que moravam perto da Capela São Jorge, pertencente à Paróquia Nossa Senhora do Paraíso, tendo já a sua frente o Padre Vanderlei Ribeiro.

Na Capela São Jorge passei a participar da perseverança e do coral de crianças, mas o serviço do altar me inquietava, pouco tempo depois passei a servir como coroinha na capela. Lá passei momentos de muita alegria. As lindas procissões, a unidade da comunidade, as expressões de fé, quanta riqueza!

Amava ficar na casa dos meus avós, não apenas nos finais de semana, mas também nas férias, pois sempre iam ministras da Igreja fazer as orações de tarde lá, quando terminava eu sempre dizia, vai com Deus, Deus te abençoe e, elas brincavam comigo, “tchau padre, amém”. Achava engraçado, gostava, mas não me questionava propriamente à este respeito.

Também com minha avó materna, aprendi a rezar a salve-rainha, que mulher de muita fé, que exemplo de vida!

Passado alguns anos ainda na capela, fiz a catequese de crisma e fui crismado por Dom Airton. Após a celebração da crisma permaneci na paróquia até o final do ano, quando saí dos coroinhas e passei a frequentar a Paróquia Santa Joana d’Arc.

A mudança para a Paróquia Santa Joana d’Arc ocorreu por diversos motivos, sendo um deles o fato de eu ter passado na ETE e ter que me dedicar de forma mais intensa aos estudos, não possibilitando eu ir todos os fins de semana para meus avós, outra questão é que meus pais, minha irmã e cunhado (na época ainda namorado da minha irmã) já frequentavam a paróquia em questão e facilitava eu ir com eles, outro fator relevante é que o falecido pároco da época, Padre Argemiro Gordiano de Sá, já era meu confessor, mesmo antes de eu passar oficialmente frequentar a paróquia.

Quando sentiu o chamado vocacional?

Acho que tudo foi decorrendo de forma simples, nas pequenas coisas, para elucidar melhor, partilho um pouco mais da minha vida agora, a partir da adolescência, que foi quando comecei a participar da equipe de liturgia na Jona d’Arc, assumindo alguns anos depois a coordenação desta, ajudei a fundar a Pascom paroquial e grupo de artes, cantava em um dos ministérios de música e era membro da Legião de Maria.

Mesmo participando de tantas atividades dentro da comunidade paroquial, algo me impelia ir mais além, mas não tinha tanta clareza, ou não queria ter.

Em certa ocasião conversando com meu falecido pároco (Padre Argemiro) tentando conseguir elementos para uma homenagem para ele, ele com sua alegria e sorriso muito peculiares, me contou sobre sua vida e sua vocação. Conversei com o grupo que iria homenagear, pediram que eu interpretasse ele, fiquei meio sem jeito, mas aceitei. Em uma das cenas um rapaz interpretava Cristo e eu o Padre, no momento da elevação cálice ao som de uma música cuja letra fala “quem perde sua vida por mim, a encontrará. Não tenhas medo eu conheço aqueles que elegi”, senti-me muito tocado, porém precisava entender o que Deus queria comigo, para não ficar preso apenas ao emocional ou o quer que seja.

Procurei o Padre Argemiro e ele me indicou para falar com o Padre Ademir, uma amiga da paróquia me levou até a casa de Filosofia, pois na época ele era reitor de lá, conversei com ele e iniciei o acompanhamento vocacional.

Durante o acompanhamento eu talvez tenha me perdido no meio do caminho, olhava para os demais meninos e pensava, não, meu lugar não é aqui! Eu não sou tão perfeito, não sou tão santo! Olha estes meninos, eu não sou assim!

Fui aos poucos me afastando e parei o acompanhamento, dei continuidade a minha vida, aos estudos, continuei participando da paróquia, mas toda vez que algum seminarista aparecia lá eu me escondia, ficava incomodado. O seminarista Felipe, hoje Padre Felipe sempre passava por lá, como eu ficava incomodado quando ele apertava minha mão e perguntava se estava tudo bem, certamente ele nem deve lembrar e com toda certeza ele só estava sendo educado, mas na época era como se ele estivesse me cobrando, na verdade era algo íntimo que eu espelhava em terceiros.

No decurso do tempo, passei por algumas tempestades, problemas de âmbito pessoal, perdas dolorosas, decepções profundas e em tudo isso o Senhor me falava e dava sustento, mesmo diante da dor, por mais profunda e dilacerante que fosse, paradoxalmente sentia a ternura e o amor de Deus.

Passado um período, veio a bonança, foi então que um jovem da paróquia resolveu fazer acompanhamento e entrar no seminário, como eu era da equipe de liturgia ajudei a organizar a missa de envio e todos os detalhes pertinentes ao momento.

Na quinta-feira que antecedia a missa, no meu horário de almoço liguei para um grande amigo que também era da equipe de liturgia para conversar sobre a missa e outras questões. No decorrer da conversa questionei, será que o Sitta (sobrenome do rapaz) pensou bem no que está fazendo, é um passo muito sério e continuei a falar seguindo esta linha, quando fui interrompido por este amigo que me disse: “Vi (minha família e alguns amigos me chamam assim) desculpa, na boa, se você não teve coragem, o Sitta teve, deixe ele tentar”. Na hora desconversei, mas esta fala me marcou profundamente.

No dia da missa de envio do Sitta, havia deixado tudo organizado e combinado com a equipe o horário de chegar na paróquia, quando estava saindo de casa com os meus pais, meu coração apertou, liguei para Cecília (da equipe de coordenação que eu fazia parte e é irmã do Padre Cláudio Tafarello) e avisei que tinha acontecido um imprevisto e que não conseguiria ir. Eu pedi para ir em outra paróquia, meus pais não entenderam bem, mas respeitaram, fomos a Paróquia Nossa Senhora da Paz, lá eu chorei durante toda a celebração, não consigo exprimir em linhas o que eu senti, mas aquele momento me motivou a procurar meu pároco novamente, só que desta vez já era o Padre Décio Dias Mirândola, tendo em vista que o Padre Argemiro já havia falecido.

Padre Décio foi-me muito solícito e encaminhou-me para o acompanhamento vocacional, desta forma, retornei a ser acompanhado pela pastoral vocacional Diocesana, tendo a sua frente ainda o Padre Ademir.

Neste panorama, sou alguém que aprendeu desde cedo o que é o amor, ser amado e amar! Sou grato a Deus por ter me concedido tanto! Meus maiores tesouros, meus amores, minha família, posso dizer que minha vocação brotou no seio familiar e floresceu em Deus na Igreja. Acredito que Deus foi me chamando desde muito jovem e em cada fase de minha vida comunicava-se comigo de maneira pedagógica, conforme eu poderia entendê-Lo, senti-Lo, mas tudo no natural da história, nas pequenas coisas, nas pessoas, enfim, na realidade que me circundava.

Como foi contar para a família?

Antes de iniciar a acompanhamento, como é hábito em casa, conversei com meus pais, uma vez que sempre colocamos tudo em comum, posteriormente conversei com minha irmã (Patricia) que já é casada e não mora conosco.

Meu pai não expressou grandes reações nem de positividade e nem de negatividade, manteve-se silencioso em um primeiro momento, respeitando sempre qualquer decisão, o que sempre importou para ele é nossa felicidade. Minha mãe sempre cuidadosa, demonstrou apoiar-me, porém sem grande euforia evitando qualquer pressão. Minha irmã apesar de ser católica, atuante e assim como meus pais, membros das Equipes de Nossa Senhora (ENS), não aceitou bem em um primeiro momento, fez alguns questionamentos, por preocupação mesmo comigo, por carinho, mas logo isso passou, tanto que na minha missa de envio ela foi a “Animadora”.

Como foi contar para os amigos?

Em geral foi algo muito tranquilo, pois acompanharam toda minha trajetória de vida. Entre meus amigos, a maioria era da Igreja, então o apoio foi imediato. Já para os que não frequentavam a igreja ou eram de outras denominações religiosas, não posso dizer que foi difícil, pois não foi, na verdade foi até tranquilo, mas de forma diferente, pois não entendiam bem, mas diziam “se isso te fizer feliz segue em frente”, manifestando também respeito e apoio, afinal é isso que verdadeiros amigos fazem.

Qual a sua paróquia de origem?

Minha Paróquia de origem é a Joana d’Arc em Santo André.

Qual foi o sacerdote que mais o incentivou?

Na minha vida vocacional tive a presença de diversos padres antes, durante e depois do seminário. Inicialmente Pe. Argemiro e Pe. Décio, posteriormente Pe. Herculano, Pe. Ademir, Pe. Rogério, Pe. Dayvid, Pe. Cassiano, Pe. Francesco, Pe. Mahon, Pe. Márcio, Pe. Jean, Pe. Joel, Pe. Gonise, Pe. Alex, Pe. Leandro, Pe. Tiago, Pe. Felipe e os meus irmãos que hoje já são padres e que tanto me ajudaram no trajeto, Pe. Jackson, Pe. Adriano, Pe. Everton, Pe. Miguel, Pe. William, Pe. Guilherme, Pe. Camilo e Pe. Hamilton. Cada qual a sua forma mostrou-me a face de Cristo, ajudando-me a chegar até aqui.

Teve dúvidas durante a caminhada? Se teve, como trabalhou este momento?

Tive dúvidas sim… Nem sempre tudo foi tão claro na minha caminhada, tive algumas crises, não necessariamente vocacionais, mas que me fizeram parar e refletir, colocar-me diante de Deus em oração para não me perder no decorrer do trajeto.

Tive o auxílio de amigos, pessoas com quem pude partilhar minhas inquietudes, eles foram o “humano amor de Deus” na minha vida. Acredito que nenhum trajeto se faz só, por isso sou grato pelas pessoas que passaram por tantas situações comigo, sou grato a Deus por colocar-nos uns na vida dos outros.

Por fim, o Senhor ao chamar seus discípulos disse: “tome sua cruz e siga-me.” (Mt 16,24), então fui dando sentido em Cristo “as cruzes” que surgiram e abraçando-as com amor (mesmo com dor) que fui seguindo em frente e posso dizer que vale à pena.

Quando e como foi entrar na vida do seminário?

Entrei na casa de formação propedêutica no dia 20 de fevereiro de 2010, para mim era tudo novo, afinal não tinha contatos com os seminaristas, não tinha informações de como era o processo, era momento de viver, de descobrir, de fazer a experiência.

Foi a primeira vez que saí da casa dos meus pais, achei que seria mais difícil a adaptação, porém tudo foi ocorrendo naturalmente, o que não significa que não tenha havido momentos difíceis, mas nada tão significativo.

O propedêutico foi uma fase singular no processo, tenho imensa gratidão ao Padre Herculano, que recebeu um grande dom de Deus de olhar para o mais profundo de nós, não o que nós queremos mostrar, mas aquilo que somos, com nossas luzes e trevas. Um bom reitor, nem sempre entendido, eu também não o compreendi em alguns momentos, que hoje são mais claros e dou razão a ele, me alegro de em breve poder estar no presbitério junto a ele, ambos como presbíteros.

A filosofia foi plural para mim, seja na questão acadêmica, quanto na convivência interna, cada ano foi de uma forma, acredito que tenha sido o período mais difícil para mim em alguns aspectos.

No final da filosofia fechei um ciclo, consegui resignificar muitas questões e lançar luzes em situações de trevas, parei um pouco de olhar ao redor e querer por minhas próprias forças mudar o mundo, passei a trabalhar mais incisivamente em mim, vendo minhas próprias luzes e trevas, mudando como eu vejo e lido com o que me cerca e, acima de tudo, acreditar na ação de Deus, tendo-nos como instrumentos, para mudar estas realidades.

O período da teologia foi em geral foi muito bom, se disser que era tudo perfeito, na mais bela sintonia, seria mentiroso, mas era bom e sinto saudades, principalmente do convívio mais próximo dos irmãos que lá continuam a caminhada.

Posso dizer que o período do seminário foi um momento de busca, de perdas e reencontros, uma estrada com os altos e baixos, onde no final ao olhar para trás vejo que muito cresci, muito aprendi e que tudo, absolutamente tudo, mesmo as coisas que me feriram valeram à pena, pois me fizeram mais forte e mais maduro… OBRIGADO SENHOR!

Quais foram as paróquias que serviu até agora?

Em 2011, tive a graça de servir na Paróquia Nossa Senhora de Fátima do Curuçá (como era chamada), cujo pároco era na época o Pe. Renatinho; em 2012 servi na Paróquia Maria Goretti, com Pe. Herculano; em 2013 na Paróquia Sant’Anna em Ribeirão Pires com o Pe. Alex; nos anos de 2014 e 2015 a Paróquia Santa Maria no Demarchi, em São Bernardo do Campo com o Pe. Gonise; em 2016, na Paróquia Nossa Senhora das Dores com o Pe. Leandro; em 2017, na Paróquia Nossa Senhora das Graças, em Santo André com o Pe. Felipe e fui designado como Diácono para a Catedral do Carmo, onde permaneço até a presente data.

Qual o santo de sua devoção?

Em relação aos títulos de nossa mãezinha, tenho um carinho especial pela Virgem de Guadalupe, mas amo todos os títulos marianos (que conheço), afinal todas são a mesma Maria, Theotokos, Mãe de Deus!

Quanto aos demais santos gosto de São José, São Pio de Pietrelcina, mas meu coração vai de encontro ao de Santa Teresinha do Menino Jesus, a padroeira das missões, a santa do AMOR!

Termine fazendo um convite para que participem da missa de ordenação

Queridos irmãos, sua presença nos alegrará muito, venha rezar por nós e conosco para que sejamos sacerdotes santos, segundo o coração de Nosso Senhor Jesus Cristo. Bem como por todos os demais padres da Diocese, pois no dia 4 além da ordenação, celebraremos São João Maria Vianey, padroeiro dos sacerdotes, portanto, o dia do padre!

Lembre-se do que este grande santo disse: “O padre não é para si. Não dá a si a absolvição. Não administra a si os sacramentos. Ele não é para si, é para vós.”

Que Deus vos abençoe sempre!

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