Queridos irmãos, sabemos que Deus, “no seu imenso amor, fala aos homens como a amigos e conversa com eles, para convidá-los e admitir a participarem da sua comunhão” (Dei Verbum, n.2). Nesta comunhão, formamos uma Igreja, que é entendida também como “Povo de Deus”, comunidade unida pelo Batismo, que se traduz no modo de celebrar esta comunhão com Deus e a unidade fraterna.
Pela liturgia, continuação da obra salvadora de Cristo no “hoje” da nossa vida, a assembleia celebrante participa consciente, piedosa e ativamente do mistério celebrado. Nesse sentido, a dimensão dialogal da liturgia é fundamental. Vários são os diálogos que estabelecemos quando celebramos. O principal deles é o diálogo com Deus, ilustrado sobretudo pelas “preces dos irmãos”, nas quais dirigimos a Deus nosso clamor pela Igreja, pelos poderes, pelas necessidades gerais das comunidades (cf. Sacrosanctum Concilium, n.53), pelas orações em geral e pelas intervenções na oração eucarística, por exemplo, próprias do Brasil.
Há, também, e não menos importantes, os diálogos com o presidente da celebração, que tem a função de celebrar “em favor do povo e com o povo e não apenas diante” dele (Dir. Dioc. de Liturgia, n.36). Além de se dirigir ao Pai, o presidente da celebração se dirige à assembleia. Vejamos alguns exemplos: na saudação inicial, quando se “expressa à comunidade reunida na presença do Senhor” (IGMR, n.50). Baseados nas palavras dos Apóstolos, respondemos ao presidente que Deus é bendito, pois nos reúne pelo amor de Cristo. Para bem celebrarmos, o Senhor precisa estar conosco.
Por isso, o sacerdote diz ao povo: “O Senhor esteja convosco”. O povo responde: “Ele está no meio de nós”, no sentido de que é preciso que o Senhor esteja não apenas com a assembleia, mas também com aquele que preside (no latim: “et cum spiritu tuo” – e com teu espírito). Quando levamos ao altar os dons do nosso trabalho e da nossa terra, expressos no pão e no vinho, o sacerdote convida a comunidade a rezar, para que o sacrifício a ser oferecido seja aceito.
O sacerdote conclama: “Orai, irmãos e irmãs”. O povo responde ao padre, e não ao Pai, que o Senhor receba, pelas mãos do padre, o sacrifício, para a glória do nome de Deus, para o nosso bem e o bem da Igreja. Por isso se diz: “Receba o Senhor, por tuas mãos, [padre,] este sacrifício”; e não como se faz, pensando ser esta uma fala a Deus: “receba, ó Senhor”. Vale lembrar que as orações dirigidas ao Pai estão, por formalidade, compostas na segunda pessoa do plural (vós). Que estes diálogos, próprios do nosso jeito de celebrar, nos façam estender a todos os momentos a fraternidade e a unidade, próprios do nosso agir cristão!
Aprofunde-se, estudando o diretório diocesano de liturgia! Informe-se em sua comunidade ou no centro de pastoral diocesano!
Pe. Guilherme Franco Octaviano
Coordenador da Comissão Diocesana de Liturgia