HOMILIA DE NATAL/2024
Noite – Lc 2, 1-14 – Catedral – Dom Pedro Carlos Cipollini
Irmãos e irmãs. Nesta noite santa celebramos o Natal de Jesus nosso Senhor. Esta é uma noite repleta de luz. O profeta Isaías anuncia que o povo que estava nas trevas viu uma grande luz (Is 9, 1-6). E o Evangelho nos narra que os pastores de Belém, foram envoltos em luz pelos anjos que os convidavam a ir até a gruta, para verem o menino recém-nascido. É a mesma luz que hoje ilumina para nós esta noite.
A luz de Natal não fere nossos olhos como um holofote e nem é uma luz fria. É uma luz que penetra com doçura os nossos corações e infunde alegria. Por que a luz do Natal traz alegria? Porque nasceu para nós um menino! São Paulo exprime de maneira a nos tornar mais claro o presente que ganhamos nesta noite: “Apareceu a graça de Deus, trazendo a salvação para toda a humanidade” (Tt 2,11), segunda Leitura. Este é o significado profundo do Natal: a salvação chegou até nós, as portas do céu se abriram e apareceu o amor gratuito de Deus que se revela a todos.
A presença do Menino Jesus, o Filho de Deus entre nós nos diz antes de tudo que somos amados por Deus, amados sem merecermos. Deus nos ama como somos, apesar de nossas misérias. Em geral pensamos que devemos primeiro sermos bons para podermos ser amados por Deus. O Natal nos revela que Deus nos ama primeiro, para que possamos nos tornar bons através deste amor. É este amor que nos dá a coragem de ir adiante vencendo os obstáculos.
Nasceu para nós um menino, um filho nos foi dado…Deus amou tanto o mundo que nos deu o seu filho, a fim de que os que crerem Nele se salvem. Ele não veio nesta sua primeira vinda, nem para julgar nem condenar, mas salvar a partir de sua pobreza e simplicidade. Só no final virá para julgar os vivos e mortos…
Por tudo isto, o Natal é a celebração de nossa esperança em Cristo. É nela que todo ano renovamos nossa crença de que o Senhor Jesus é o único Libertador, fonte de paz e fraternidade na sociedade humana. Só Jesus nos conduz para a reconciliação com Deus, com os irmãos, conosco mesmo e com a criação da qual precisamos cuidar melhor.
Não estamos celebrando somente um evento passado, mas algo que está acontecendo no hoje da história: em Jesus e no seu Evangelho temos a garantia de que a justiça e a paz podem avançar mesmo no meio das contradições e contratempos da história humana de pecado e dor. O cântico dos anjos que anuncia paz na terra às pessoas de boa vontade nos alerta e convida a nos engajarmos no empenho, na luta, no trabalho, para que venha o Reino de Deus, Reino de justiça, paz e vida plena para todos.
As circunstâncias históricas do nascimento de Jesus Cristo não são apenas uma crônica, elas nos trazem um ensinamento que não pode ser separado da mensagem de Natal. A forma como Jesus veio ao mundo é parte da mensagem de Natal.
Jesus nasceu pobre, por entre palhas de um estábulo: não havia outro lugar para ele em Belém. Assim a nossa salvação começa revestida de pobreza. A salvação se revela aos pobres. Os pastores são os primeiros convidados a virem ver o menino, eles são símbolo dos pequenos e humildes aos quais se revela o mistério da encarnação, em primeiro lugar.
É assim que Deus subverte a lógica deste mundo, baseada no poder, na fama e na ganância. Deus não precisa da prepotência dos poderosos nem da agitação de líderes egoístas e populistas que enganam o povo e o explora, aprovando leis absurdas como esta que facilita o aborto. Os Herodes de todos os tempos espreitam para matar o menino. Mas o menino vive para sempre!
Hoje no Natal, Deus nos convida a levantar o olhar e ver sua glória que se manifesta na pobreza e humildade deste menino que salva o mundo.
Associemos aos pastores, ao voltarmos da liturgia do Natal para nossas casas e trabalhos do dia a dia. No silêncio de nossas almas contemplemos agradecidos a maravilha que hoje acontece na gruta de Belém: “Voltaram os pastores, (e nós com eles), glorificando e louvando a Deus, por tudo o que tinham ouvido e visto, e que estava de acordo com om que lhes fora dito pelos anjos”.
AMÉM