Diocese de Santo André

OBRIGADO FRANCISCO!

Dizem que a gratidão é a memória do coração, pois quem deve se lembrar dos benefícios não é o benfeitor, mas os beneficiados. Assim, em época como a nossa, na qual tudo passa rapidamente e a tendência é esquecer hoje o que aconteceu ontem. Sem dizer que se grava em placas de bronze os males recebidos e na água os benefícios. Faz-se necessário lembrar e agradecer.

            Proponho fazermos aqui uma memória agradecida do Papa Francisco, falecido em 21 de abril, após um pontificado que durou doze anos. Admiramos no início de seu pontificado o amor por Jesus, o Evangelho e os pobres. Sua Encíclica Evangeliun Gaudium, demonstrou seu desejo de levar a todos a alegria do Evangelho de Jesus Cristo. Assim, ele buscou iluminar os problemas e desafios de nosso tempo, com a sabedoria do Evangelho, como bem recordou seu sucessor, o estimado Papa Leão XIV.

            Estava sofrendo por complicações respiratórias, e a bênção à cidade de Roma e ao Mundo, no dia da Páscoa, foi sua despedida, inclusive seu passeio entre a multidão na Praça São Pedro. Foi um papa alegre e decidido, muitas vezes usando de franqueza sem rodeios. Foi o papa que Deus deu à Igreja em tempos sombrios e vazios. 

            Algo marcante nos discursos e na pregação do Papa Francisco eram as metáforas, usadas para facilitar compreensão e indicar o modo de praticar os ensinamentos de Jesus. Palavra-chave para entender seu magistério é “misericórdia”. Lembrou à Igreja, a centralidade da misericórdia expressa na parábola do Bom Samaritano, que gostava de recordar. A misericórdia, de fato, torna o mundo menos frio, agressivo e mais justo.

            O Papa Francisco iluminou a Igreja, chamando-a para ser uma Igreja “em saída”, menos autorreferencial, que buscasse o contato com os outros indo em direção às periferias sociai e existenciais. Apontou os migrantes e pobres como imagens de Cristo sofredor, aos quais é preciso amparar com solidariedade, mas também aos quais é devida a justiça. Apontou a missão como tarefa urgente da Igreja, dizendo que preferia uma Igreja ferida e enlameada, por sair em busca das ovelhas perdidas e necessitadas, do que uma Igreja doente pelo fechamento em si mesma.

            Algo que chamava a atenção é que o Papa Francisco falava de amor mais por gestos que por palavras, acolhendo os que dele se aproximavam, sem nunca se perguntar sobre a qualidade moral dos que ele abraçava, beijava e abençoava. Praticou de modo concreto e corajoso a busca de identificar-se com Cristo pobre e com os pobres. Exigiu tolerância zero na Igreja diante de abusos de menores e vulneráveis por membros do clero. Aos bispos e padres apontou o caminho do povo, para que fossem pastores com “cheiro de ovelhas”. Foi uma luz, um papa que abriu caminhos, apontou horizontes como o Sínodo sobre a Sinodalidade, que marcará a história da Igreja.

            Enfim, podemos dizer do Papa Francisco o mesmo que disse a filósofa Hannah Arendt sobre João XXIII: “foi um papa verdadeiramente cristão”. Creio que não há maior gratidão que lhe fazer este elogio, simples, mas solene por sua verdade e significância.

            Obrigado Papa Francisco!

+Dom Pedro Carlos Cipollini
Bispo de Santo André

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