O Festival Vocacional começou antes mesmo de os portões se abrirem. No sábado, 23 de agosto, o Complexo Ayrton Senna já respirava preparação. Os seminaristas, com alegria e disposição, carregavam cadeiras, montavam barracas, erguiam banners e organizavam cada detalhe. Era o serviço escondido que se tornaria luz no domingo, quando os jovens atravessaram os portões com o coração acelerado.
Às 7h do dia 24, a entrada foi aberta. O sol nascia em meio ao frio e nuvens, enquanto mais de 4 mil jovens chegavam com suas caravanas, trazendo bandeiras, camisetas, tambores e a esperança de um dia inesquecível. A imagem de Nossa Senhora das Divinas Vocações foi conduzida ao palco principal pelos Jovens do Rosário, vencedor do Festival Vocacional de 2024, lembrando a todos que é Dela que brota o primeiro chamado à vocação. E, no compasso da juventude, a diocese inteira se uniu em torno de um mesmo propósito: encontrar-se com Cristo.
Às 8h, o coração do festival bateu forte na celebração da Santa Missa, presidida por Dom Pedro Carlos Cipollini. A homilia do bispo foi dirigida especialmente aos jovens e tocou profundamente a assembleia. Ele começou refletindo sobre a pergunta feita a Jesus no Evangelho: quantos se salvarão? E respondeu com clareza: “Não basta viver a fé como tradição ou costume, é preciso fazer dela uma escolha pessoal, um compromisso de vida”. Explicou que, muitas vezes, a fé é herdada como um costume familiar, mas que ser cristão é mais do que isso, é um sim consciente e livre a Cristo.
Depois, o bispo falou da exigência do seguimento de Jesus. “Entrar pela porta estreita não é perder a alegria da vida, mas deixar de ser escravo do comodismo e escolher a liberdade que Cristo nos oferece, a lei do amor”. Ele lembrou que a verdadeira liberdade não está em fazer o que dá na cabeça, mas em viver segundo a consciência iluminada pela Palavra de Deus. “A consciência é a voz de Deus no coração de cada um de nós. É ela que nos orienta no caminho certo”, afirmou.
Por fim, Dom Pedro recordou que a força do cristão está na certeza do amor de Deus, mesmo em meio às quedas e dificuldades. “Mesmo quando pecamos, o Senhor não nos abandona. O inimigo ri da nossa queda, mas Deus nos abraça, nos cura e nos levanta, porque Ele é Pai amoroso que deseja a todos a vida eterna”. Convidou os jovens a não desanimarem diante das provações, mas a firmarem mãos e corações na esperança, confiando que Deus transforma cada vida com sua graça.
Ao final da celebração, o Padre Cauê Fogaça, assessor eclesiástico do Serviço de Animação Vocacional, acolheu os jovens e agradeceu ao bispo, aos padres, seminaristas, congregações e pastorais. Recordou também o empenho do diácono transitório Maurício Borges e dos coordenadores diocesanos Gislene e Claudinei, que junto aos forâneos prepararam cada detalhe do dia. Foi então que Dom Pedro concedeu a bênção apostólica, gesto raro e cheio de graça, que neste Jubileu da Esperança trouxe consigo a indulgência plenária. Era como se o céu se abrisse sobre a juventude, derramando um oceano de misericórdia.
A manhã seguiu com música, feira vocacional, praça de alimentação e confissões acontecendo sem parar. Ao meio-dia, o palco principal se encheu de cor e oração com o show da cantora Paulinha, que levantou os jovens em louvor e fez da música um caminho de encontro com Deus.
Durante toda a tarde, a programação seguiu intensa. A gincana vocacional, as brincadeiras, as catequeses e os momentos de partilha mostraram que a fé pode ser vivida com entusiasmo e proximidade. E, às 16h, veio um dos momentos mais marcantes: a Adoração ao Santíssimo Sacramento. O silêncio se espalhou pelo complexo, milhares de jovens se ajoelharam, e entre lágrimas e cânticos, a presença de Cristo na Eucaristia encheu de paz cada coração.
A noite começou com a expectativa do último show. Às 17h30, os Missionários Shalom tomou conta do palco e fez a juventude vibrar com louvor e alegria, encerrando o Festival em clima de festa no Espírito. Foi também o momento de revelar os vencedores da gincana: em primeiro lugar, os Soldados de Maria, do Santuário Nossa Senhora Aparecida, de São Bernardo do Campo, que levaram mais de 300 jovens e conquistaram 180 pontos. Em segundo lugar, a Sagrada Juventude, da Paróquia Sagrada Família (SBC), com 173 pontos. E, em terceiro, os Vocacionados de Guadalupe, da Paróquia Nossa Senhora de Guadalupe (SBC), com 172 pontos.
Mas a vitória maior foi a da solidariedade. As provas prévias arrecadaram 42.268,540 quilos de alimentos, destinados às famílias em vulnerabilidade, e realizadas 505 doações de sangue. Foi a prova de que a juventude vocacional não apenas canta e reza, mas também serve e se doa.
O 7º Festival Vocacional foi mais do que uma festa da juventude: foi uma experiência de fé, esperança e caridade. Fruto de preparação, dedicação e oração, ele mostrou ao mundo que a juventude da Diocese de Santo André tem coragem de dizer sim a Deus e que a esperança não decepciona quando nasce do amor de Cristo. Tudo isso só foi possível graças à entrega de 370 voluntários e ao empenho de 210 expositores, que ajudaram a dar forma e vida a cada detalhe desse grande encontro.
E, de modo especial, é preciso recordar o testemunho dos seminaristas das três casas de formação da diocese, que desde a véspera trabalharam com dedicação e, durante o festival, assumiram responsabilidades em diferentes áreas, servindo com alegria e simplicidade. O brilho do encontro também passou pelo serviço silencioso desses jovens que já oferecem sua vida a Deus e à Igreja.

















