Queridos irmãos e irmãs! Hoje celebramos a Eucaristia. Ele que nos ama. No livro de Apocalipse quando se pergunta quem é Jesus? Jesus é aquele que nos ama. E porque nos ama e nos diz a palavra para nos salvar. E a palavra de hoje nos fala do grande amor que Deus tem por nós. A primeira leitura mostra, lá no jardim do paraíso, quando Deus criou o ser humano. E o ser humano tanto amado por Deus responde a Deus com o pecado. O que é o pecado? É não ouvir a palavra de Deus. Não levar em conta o próprio Deus. Decidir a sua vida sem Deus.
Deus tinha dito a Adão e Eva para não comer da árvore do bem e do mal, ou seja, Deus sabe o que é bom para nós. Não somos nós que nos governamos pela nossa vontade própria, mas na vontade de Deus que nos leva a felicidade. Também observando ali no paraíso não ouviu. Não quis ouvir. Ouviu a serpente, mas não quis ouvir Deus. Assim muitas vezes nós caímos na tentação de ouvir a serpente, que nos induz ao pecado, a maldade, deixando de lado a palavra de Deus. Não levando em conta Deus em nossa vida. Não levando em conta os mandamentos de Deus. Primeiro fazer aquilo que não é da vontade Deus para fazer a nossa vontade. A vontade de Deus cumprida em nossa vida, após ouvir a sua palavra, nos leva a plenitude da nossa realização humana e espiritual, a santidade.
Ouvindo a nossa própria vontade, a nossa própria palavra, nós caminhamos para o vazio. Porque só Deus preenche o coração humano. E Jesus é a palavra que se fez carne. Nós somos um povo consagrado para ouvir a palavra de Deus, como estamos fazendo aqui.
O que é o cristão? É aquele que pertence ao caminho de Jesus. Quem é a família de Deus? Quem ouve e pratica a palavra de Deus. Certa vez disseram a Jesus: ‘Bem aventurados os seios que te amamentaram’. Alguém entusiasmado com a pregação quer louvar a mãe de Jesus, mas Jesus diz: ‘Quem é a minha mãe? Quem são meus irmãos? Quem são meus parentes? Aqueles que ouvem e praticam a palavra de Deus’.
Ao ouvir a palavra de Deus e praticá-la, nos tornamos membros da família de Deus. Na sua família é unido aos irmãos pelo sangue do pai e da mãe. Mas na Igreja, na família de Jesus, estamos todos unidos pelo sangue de Cristo que nos redime. E essa união torna essa família capaz de ouvir a palavra de Deus e anunciá-la ao mundo. Por isso Jesus também cura o mudo. Não cura somente a surdez. Ele era mudo e Jesus o cura. A força curativa sai de Jesus. Assim também a força curativa para nós cristãos sai da palavra de Deus, que tem força de dar a vida onde não tem vida, de recriar aquilo que está destruído.
Então, nós devemos ser o povo da palavra. O Papa João Paulo II diz: ‘ A Igreja é a casa da palavra’. Porque nós queremos ouvir a palavra de Deus. Ela é luz para nossos passos. Ela que nos conduz. Porque ela nos ensina o que é vontade de Deus em nossa vida. Ela nos ensina a perceber o que Deus pede de nós. E seguindo o roteiro, o chamado da vocação que Deus nos dá, chegamos em nosso destino.
Queridos irmãos e irmãs, hoje aqui nesta comunidade acontece algo muito maravilhoso. Nós agradecemos a Deus pelo ministério do Padre Everton e recebemos um novo pastor que vem acompanhar vocês. É a fé que nos faz perceber no momento presente de nossa vida, a vontade de Deus, que está no momento presente, no Kairós. Deus envia o Padre Clemilson. Ele é jovem, tem nove anos de padre e pela primeira vez está assumindo uma paróquia.
Assim como a paróquia marcou a vida do Padre Everton para sempre. A primeira paróquia sempre marca o padre. A minha primeira foi a Paróquia São Sebastião, em Franca. O pároco aprende a ser administrador com a primeira paróquia que está sob responsabilidade dele. Assim também vocês vão marcar a vida do Padre Clemilson. Ele trabalhou ajudando outros padres em São Bernardo e Rio Grande da Serra.
Então, vocês vão ajudá-lo e acolhê-lo como fizeram com o Padre Everton. Todas as vezes que vim aqui pude ver a boa vontade, o amor, a união de vocês em torno do padre. Porque o que faz uma paróquia não é somente o padre. Não é somente ele ser bom e capacitado, mas a união com o povo. A união do povo com o padre. Porque é essa união que Jesus quer de nós em sua palavra. ‘Se vos amardes, todos saberão que são meus discípulos. Quem os recebe, a mim recebe’.
Quem recebe o padre por causa de Jesus, está recebendo Jesus. Ele é aquele que vem em nome de Jesus. E ele na comunidade vai exercer uma função importante. Fazer com que Jesus cumpra a sua promessa. Jesus disse: ‘Eu estarei convosco todos os dias até o fim dos tempos’. Jesus está na palavra, está na eucaristia, está no amor vivido entre nós e está na pessoa do padre.
Precisa fé para acreditar na palavra. Precisa fé para acreditar na eucaristia. Precisa fé para acreditar que o amor vale a pena. E precisa fé para receber o padre e acreditar que Jesus escolheu ele. A escolha é feita com o chamado e a aceitação do chamado. Então, nós temos que acolher. Essa paróquia é generosa, acolhedora, unida e isso é muito bom!
Quero concluir dizendo uma palavra ao Padre Clemilson: Ao assumir a paróquia você fará a renovação das promessas sacerdotais. Cada posse que tenho ido tenho dito uma palavra sobre o ministério do padre na paróquia. Quero dizer uma palavra sobre o padre como profeta.
As promessas sacerdotais tem validade por toda a vida. Nossa época se assusta com os compromissos definitivos que devem durar para sempre. Mas o sacerdote confia na graça de Deus para cumprir essas promessas. Recorde-se do que o Senhor disse a Paulo: ‘O espírito vem no socorro da nossa fraqueza e intercede por nós’. Por isso, coragem!
A primeira pergunta a qual o padre respondeu afirmativamente foi sobre o ministério da palavra. Amar a palavra de Deus e meditá-la continuamente é tarefa primordial do bispo, do padre, para que eles possam dizer assim como São Pedro: ‘Em atenção à sua palavra lançarei as redes’. Ser o homem da palavra, o mistagogo da comunidade, o que sabe introduzir a comunidade nos mistérios da revelação, eis a nova missão do pastor.
Nele, meditar continuamente a palavra de Deus junto com o povo para transformar essa palavra em fé viva. Ensinar o que crê, dia após dia, com paciência. O padre é o homem da palavra e da profecia. A palavra de Deus sustenta o profeta. Faz dele um profeta do Reino. Não o profeta de uma instituição ou de uma causa, ou de uma ideologia.
Que o Padre Clemilson,que assume essa função de administrar essa paróquia de Santa Luzia possa falar a vocês de coração a coração. Conhecer vocês, visitar, estar em contato. Como bom pastor que conhece as ovelhas. O presbítero é consagrado para consagrar. Santificado para santificar. Através das celebrações dos sacramentos, o padre em Cristo e por Cristo santifica o povo de Deus. E é também santificado pelo povo. A celebração dos sacramentos, em especial a confissão e a eucaristia, devem ser ponto alto do seu ministério. Palavra e sacramentos. Profecia e santidade. É necessário presidir a eucaristia e não descuidar dessa feliz obrigação. Não se pode perder o entusiasmo para celebrar a eucaristia. O peso da solidão do padre está sempre ligado à falta de entusiasmo por celebrar a eucaristia. Deve-se cumprir os horários de missa da comunidade. Não substituir a celebração eucarística por celebração da palavra por qualquer motivo.
Celebre o santo sacrifício da eucaristia. Não poupe sacrifício para celebrar com a comunidade. Faça companhia para Jesus e Ele fará companhia para você. O Papa São João Paulo II cita o nosso padroeiro Cura d’Ars. ‘Ele tinha coragem de denunciar o mal sob todas as suas formas, sem contemporizações. Porque estava em jogo a salvação eterna de seus fiéis. Se um pastor fica calado ao ver que Deus é ultrajado e as almas se desencaminhem, ele fica infeliz’. Diz o Papa São João Paulo, na carta aos sacerdotes de 1986.
O profetismo faz parte da missão sacerdotal. A opção preferencial pelos pobres é um caminho de conversão ao Reino de Deus. O padre é chamado a dar testemunho de solidariedade aos pobres que vivem em sua paróquia. Isso exige dele um testemunho de simplicidade e coerência com o Evangelho. Essa é a sua primeira pregação.
Que Deus abençoe o ministério do Padre Clemilson que se inicia hoje e que todos vocês possam levar o Padre Everton para a paróquia onde ele vai ficar, num gesto de fé e de quem acredita que Deus governa a nossa vida. Infeliz de nós se não deixarmos Deus governar a nossa vida e quisermos governar nós mesmos. Para nós, padres, o projeto de sacerdócio, a nossa vocação não é um projeto pessoal, mas é um projeto de Deus para nós.
LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO!