Catedral Nossa Senhora do Carmo, 22 julho 2019
Prezados irmãos e irmãs aqui presentes. Todos vocês que nos acompanham de outros lugares, participando da imensa alegria e ação de graças, que neste momento solene celebramos. A todos, minha acolhida e saudação de pai e pastor.
Uma acolhida e saudação especial a Dom Nelson Westrupp aqui presente, a quem cumprimentamos pelo transcurso de seus 55 anos de ordenação sacerdotal (dia 28 junho) e 28 anos de ordenação episcopal (dia 18 de julho).
Estamos louvando a Deus pelo imenso dom da nossa Igreja Diocesana de Santo André, criada pelo Papa Pio XII em 22 de julho de 1954, pela Bula Archidiocoesis Sancti Pauli, exatamente a 65 anos: Deus seja louvado! Eram então três municípios (S. André, S. Bernardo e S. Caetano) e 16 paróquias. Hoje, 7 municípios e 105 paróquias.
Como nos ensina o Concílio Vaticano II, e a ele nossa Igreja quer ser sempre fiel: “A Diocese é a porção do Povo de Deus, que se confia a um Bispo para que a apascente com a colaboração do presbitério, de tal modo que, unida ao seu pastor e reunida por ele no Espírito Santo, por meio do Evangelho e da Eucaristia, constitui uma Igreja particular, na qual está e opera a Igreja de Cristo, uma, santa, católica e apostólica” (CD 11).
Neste contexto, somos convidados a meditar a Palavra que acaba de ser proclamada. A primeira leitura do livro do profeta Isaías (cf. IS 56,1.6-7), nos recorda a promessa de Deus de conduzir a um lugar sagrado os que mantém a aliança com Ele, ali Ele aceitará suas oferendas. Este povo que mantém a aliança restaurada em Jesus Cristo é a sua Igreja, a nossa Igreja de Santo André. Ela, dia após dia busca ser fiel à aliança na alegria e na tristeza, nas conquistas para o Evangelho, mas também nas suas fraquezas. Fidelidade sempre, este é o apelo da Palavra de Deus à nossa Igreja. Na segunda leitura (1Cor 3,9c – 11.16 – 17), São Paulo chama a Igreja de Construção de Deus, Santuário, cujo alicerce é Cristo e adverte: “Cada qual veja bem como está construindo” (1Cor 3,10).
Uma Igreja está sempre se fazendo e se refazendo no seu caminhar na história, na sucessão dos dias, das épocas e das etapas da vida, “semper reformanda” (cf. LG 8). Ao comemorar esta sucessão de datas, é necessário que a Igreja se pergunte: O que é essencial na caminhada? E a resposta é sempre aquela à qual o Evangelho aqui proclamado nos induz: “Jesus Cristo o Filho de Deus vivo” (Mt 16,13-19). Ele é o Senhor da Igreja, é a Ele que a Igreja deve ser fiel, mantendo a aliança e construindo sobre o fundamento que é Ele mesmo (cf. 1Cor 3,11).
Deste modo, é bom percebermos que todos os 5 bispos desta Igreja Andreense, tem seus lemas episcopais acentuadamente cristológicos: “Tudo em Cristo”, “Em Cristo sois todos irmãos”, “Que todos tenham vida”, “Sem mim nada podeis”, “Em nome de Jesus”. Ao comemorarmos este jubileu, nossa Igreja é chamada a discernir, para distinguir o que é essencial e o que é assessório. O essencial é aquilo que está na raiz e n seiva da árvore da vida que é a Igreja, aquilo que nos constitui e pelo qual se vive. E nosso viver é Cristo (cf. Fl 1,21), Ele é a realidade última (cf. Cl 2,17), Ele é nossa paz (cf. Ef. 2,14), Ele é nosso horizonte escatológico: a vida eterna plenamente realizada na sua ressurreição (cf. 2 Cor 5,17; Cl 1,18).
Agindo em favor do Reino de Deus, a partir de Cristo vamos percebendo que tudo neste mundo são eventos penúltimos, mas que o último acontecimento é a vida eterna. Somente a partir de Jesus Cristo se pode abrir o horizonte para a vida eterna, pode-se ver corretamente a história, os acontecimentos, e assim, distinguir o que é transitório, secundário, do que é essencial e necessário.
A humanidade precisa do progresso e do desenvolvimento tecnológico, para tornar possível a convivência e a sobrevivência, mas sem reservas espirituais tudo isto não trará a paz, e sim destruição. É em Cristo Jesus que a humanidade encontra sua alma e seu sentido último, sua realização. Assim, a missão nossa é oferecer Jesus e seu Evangelho ao mundo, dando testemunho Dele.
Ao celebrar os seus 65 anos de criação, nossa Igreja diocesana de Santo André quer prometer fidelidade a Jesus Cristo, fundamento único sobre o qual deseja continuar construindo sua vida, sua história, seus esforços evangelizadores em favor do Reino de Deus. Estamos convictos mais que nunca, de que é Jesus o Caminho, a Verdade e a Vida! Jesus Cristo é o vencedor da morte e doador da Vida além da morte: “Jesus Cristo ontem, hoje e sempre”. Queremos ouvir sua voz que diz: “Coragem, sou eu, não tenham medo” (Mt 14, 27). O medo não é prudência, ele nos paralisa, acomoda em nossa área de conforto e impede a missão.
Nosso Sínodo Diocesano pretendeu resgatar aquilo que é essencial na vivência eclesial, e o Espírito Santo nos indicou o caminho da Acolhida e Missão, o Vicariato da Caridade Social e outras iniciativas pastorais, às quais nos ajudarão a focar no essencial. Com muita coragem vamos redobrar nosso amor-serviço na Igreja Diocesana de Santo André, em especial aos pobres que são o verdadeiro “ostensório” de Jesus Cristo.
Um agradecimento, uma lembrança especial a todos aqueles que ao longo destes anos participaram, lutaram e amaram nossa Igreja. Se envolveram na missão evangelizadora com promoção humana. São milhares! Impossível dizer seus nomes, mas eles estão inscritos no coração de Deus e de nossa Diocese. Aos que já partiram Deus os acolha na glória, aos que estamos aqui, que o Senhor nos conduza para ela.
Que a Palavra de Deus e nossos propósitos diante dela nos deem alegria pois é triste quando os cristãos são tão solitários como os incrédulos. Continuemos a ser a Igreja da solidariedade e da união, Igreja do amor e da fraternidade, caminhando juntos, servindo-nos uns aos outros e todos juntos servindo a Deus.
Peço que orem por mim que, apesar de minha pequenez fui colocado a quatro anos, a completar-se no próximo dia 26, como Bispo Desta Igreja que aprendi a amar e servir, ajudado pelo valoroso clero que temos.
Parabéns à Igreja de Santo André, sintamo-nos todos, bispos, presbíteros, diáconos, religiosos e religiosas, membros da vida consagrada, ministros, agentes de pastorais, coordenadores e coordenadoras, todos os que estamos unidos pelo santo batismo, sintamo-nos abraçados pelo amor de Deus.
AMÉM