DOMINGO DE RAMOS E DA PAIXÃO DO SENHOR
Mt 26,14-27,66 – 5/4/2020 – HOMILIA
Pedro C. Cipollini – Bispo de Santo André
Caros irmãos e irmãs de nossa querida Diocese de Santo André. Como vosso Bispo uno-me a todos vocês para iniciarmos esta semana santa. Não como gostaríamos, mas como o Senhor nos permite, segundo sua providência misteriosa. Vamos neste momento diante de Jesus Cristo refletir sua Palavra que nos ilumina e guia. Com este Domingo de Ramos e da Paixão, abrimos a Semana Santa. Ela finaliza nossa preparação para celebrarmos a Páscoa, mistério central da nossa fé. Na celebração de hoje misturam-se dois aspectos paradoxais: a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém e sua paixão e morte na Cruz.
Jesus entra montado em um jumentinho, montaria dos reis pacíficos. Ele veio anunciar a Paz, Jesus é nossa paz. Mas foi rejeitado, traído e morto. É espantos a fidelidade de Jesus ao projeto do Pai e seu reinado de justiça e paz. Tudo isto Jesus fez por nós, para que todos tenham vida e vida em abundância.
Jesus nos serve dando-nos sua própria vida. Ele é o Servo de Deus (Servo de Javé), figura misteriosa e atraente que se ergue diante de nós com uma grandeza espantosa na sua fragilidade e bondade. Manso Cordeiro de Deus que julgará vivos e mortos no fim dos tempos. De fato no entardecer de nossas vidas e da vida deste mundo que passa, seremos julgados pelo amor.
Hoje somos convidados a entrar com Jesus em Jerusalém, cidade sagrada na qual está o templo, morada de Deus. Porém Jerusalém é o lugar do martírio de Jesus, o Messias que foi prometido, o Rei verdadeiro que hoje aclamam. Qual é este Reino? É o reino de Deus no qual domina a lei do Amor/Serviço.
O que move Jesus nesta sua entrada em Jerusalém? É o seu grande amor ao Pai e a todos nós, o ser humano amado pelo Pai que deseja a salvação de todos. Jesus na sua Paixão é movido pelo amor: “Não há maior amor que dar a vida pelos que se ama”. Ele ensinou!
Passamos a vida pensando em servir a Deus, mas na verdade é Ele que nos serve em Jesus seu Filho dando-nos sua vida, perdoando nossas infidelidades, aceitando a fragilidade de nossos propósitos de imitar seu Filho no caminho da cruz que é o caminho do amor serviço.
Disse o Papa Francisco em sua homilia hoje: tudo vai passar, esta pandemia também vai passar, mas o amor de Cristo não passa, este amor que se torna serviço ao próximo em especial os mais fragilizados. E amar é uma escolha, sair do deserto do egoísmo e entrar na terra prometida do amor, é uma decisão nossa pois a graça de Deus já está garantida pela entrega de Jesus na Cruz: “Nós te adoramos Cristo e te bendizemos porque por sua santa cruz remistes o mundo”
Com os ramos nas mãos nós hoje escolhemos Jesus e o aclamamos como nosso Rei e Senhor. Senhor de nossa vida. Queremos segui-lo praticando o Evangelho. Compreendemos na fé, o significado do que Ele disse: “Eu sou a ressurreição e a vida”.
Jesus caminha para Jerusalém onde entrega sua vida por nós, vai passando e nos convida a sair da indiferença que é o contrário do amor fraterno. Jesus convida a escolher a não violência ativa. Atitude que consiste em entender a fundo, partilhar o sofrimento dos irmãos e irmãs, a partir do sofrimento Dele mesmo. Ele é nosso modelo. Seu triunfo é o triunfo do amor, vivido, sofrido e bem luminoso no final. Este será também o nosso triunfo, porque o amor é a morte da morte! Esta é a nossa fé.
E quando alguém crê verdadeiramente e profundamente, pode infundir em todos aqueles que encontra, a esperança que ajuda a enfrentar todas as dificuldades, também esta pandemia que que atravessamos, porque sabe que a vitória final será da vida e não da morte.
Estejamos unidos, a união na fé é nossa força, é a força de nosso clero, dos ministros das diversas pastorais, de todos os batizados, enfim da Igreja toda Igreja. A fé que age através do amor é a vitória que vence o mundo, é o fundamento de nossa esperança derramada em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado (cf. Rm 5,5).
Coragem, sem medo, portanto! Jesus caminha conosco. AMÉM