62 ANOS DA DEDICAÇÃO DA CATEDRAL DE SANTO ANDRÉ
Dia de Nossa Senhora Rainha-22.08.2020
Leituras: Ez. 47,1-2.8-12; 1Cor 3,9.16-17; Jo 2,13-22
Prezados irmãos e irmãs, Padre Joel pároco da catedral e vigário Episcopal para a Pastoral, Pe. Camilo Secretário Episcopal, cerimoniário desta celebração, todos os diocesanos e pessoas que nos acompanham pela internet. Queremos mais uma vez, louvar e agradecer a bondade de Deus sinalizada na existência desta Catedral Diocesana. Ela é local de manifestação das maravilhas da graça e amor de Deus por nós. São 62 anos da dedicação deste templo. Dedicado a Deus pelas mãos de Maria sob a invocação de Nossa Senhora do Monte Carmelo, ou do Carmo.
A Diocese de Santo André foi criada em 22 de julho de 1954. Seu primeiro bispo Dom Jorge Marcos de Oliveira, preocupou-se em providenciar a dedicação desta catedral. Para isso convidou o Cardeal do Rio de Janeiro, D. Jaime de Barros Câmara que aqui veio para presidir a liturgia da dedicação. Escolheu esta data significativa da memória de Nossa Senhora Rainha. A dois anos atrás tive a satisfação nesta mesma data de coroar solenemente a Imagem da padroeira desta Catedral, sinalizando a solenidade litúrgica da dedicação deste templo e pedindo a Maria que seja a rainha de nossa Igreja Particular, ela que é a primeira na fé e nossa intercessora.
A dedicação das igrejas é um costume antigo. Temos o testemunho em um escrito do ano 400 escrito por Etéria, uma mulher que peregrinou a Jerusalém, lá participou da festa da dedicação da igreja do Santo Sepulcro. Este costume do oriente chegou a Roma e passou para outras dioceses, já no século V. A dedicação da Catedral tem importância ímpar na Diocese. Em todas as Dioceses esta festa da dedicação da catedral é celebrada como festa própria da Diocese e na própria catedral, é uma solenidade.
A Palavra de Deus fundamenta tudo o que estamos celebrando. Na primeira leitura nós ouvimos: “Vi jorrar água do Templo” (Ez 47,1). Aqui é o templo onde jorra a água da graça de Deus para toda nossa Igreja Particular, esta graça que é o próprio Jesus agindo na força do seu Espírito, para louvor e glória do Pai. Jesus purifica o Templo conforme ouvimos no relato evangélico (cf. Jo 2,13-22). Com a Palavra do Evangelho aqui proclamada e com a celebração dos sacramentos, Ele purifica a sua Igreja, templo vivo de Deus, purifica-a de todo pecado com suas muitas faces de egoísmo, injustiça, maldade, falta de perdão corrupção, etc, para que ela possa dar testemunho da vida nova em favor do Reino de Deus. Igreja que é sinal levantado entre as nações (LG 1), para anunciar a Boa Nova aos pobres, a libertação dos cativos e a cura dos enfermos (cf. Lc 4,18). Este local é dedicado, este local é sagrado, é santificado para nós.
A partir desta Igreja Catedral toda nossa Igreja Diocesana é consagrada e dedicada a Deus, vivenciando o nosso Sínodo Diocesano a cada dia, seguindo as inspirações do Espírito que falou em nossas assembleias pastorais, onde pudemos ouvir e discernir, escutar e falar sobre os caminhos de Deus para nossa ação pastoral: Igreja acolhedora e missionária.
O que define uma consagração, uma dedicação é estar voltado para cumprir a vontade de Deus. Dedicar uma Igreja é sinalizar a consagração do Povo da fé e, vocacioná-lo para cumprir a vontade de Deus, assim como Jesus o fez após o seu batismo no rio Jordão, do qual Ele saiu ungido, dedicado totalmente ao Pai, que proclamou: “Este é meu filho amado, em ti me comprazo” (Mc 1, 11). Que nossa Igreja diocesana, assim como esta Catedral, seja dedicada totalmente a fazer a vontade do Pai, unindo-se a Jesus a fim de fazer que o Reino se torne cada vez mais presente na força do Espírito Santo.
Nossa Senhora orago desta igreja catedral é modelo de fé para toda a Igreja. A festa de Maria Rainha completa a solenidade litúrgica da sua Assunção ao céu em corpo e alma, celebrada dia 15/08 p.p. O concílio Vaticano II exalta Maria que no final de sua peregrinação terrena foi “elevada ao céu em corpo e alma e exaltada por Deus como Rainha do Universo, para ser conformada mais plenamente a seu Filho…” (LG 59).
Já no século VII Maria é invocada como Rainha, na ladainha lauretana instituída por São Gregório Magno. Rainha dos profetas porque onde ela vai desperta-se a profecia. Ela apoiou e orientou os apóstolos no Cenáculo quando irrompe a missão da Igreja. Que ela nos ajude a ser Igreja apostólica, missionária e profética.
Maria é rainha porque mãe de Jesus, rei do universo e salvador de todas as pessoas. Ela se inclinou humildemente ao ouvir a saudação do anjo que a convidou a fazer a vontade de Deus em sua vida (Lc 1, 38). Na sua humildade ela se tornou serva e por isso Deus a exaltou e a fez rainha do céu e da terra.
Rainha por sua grande humildade. A humildade não é rebaixamento sem sentido nem renúncia à dignidade do ser humano, mas é o renegar-se a si mesmo, tomar a cruz e seguir o Mestre Jesus, humilde de coração como ele mesmo se apresenta. A glória de Maria é uma glória humilde, assim, ela continua a servir-nos com sua intercessão. É servidora de seus filhos.
Ela é rainha para libertar-nos de toda injustiça, angústia e dificuldade. Ela nos ajuda a libertar-nos de toda escravidão, para nos dar a alegria e a doçura do amor de Deus. Nos ajuda a acolher Jesus, ouvir e praticar sua Palavra. Maria participa da glorificação de seu Filho sendo também glorificada. Seu trabalho é interceder para que sejamos cada vez mais santuário do Espírito Santo que renova todas as coisas.
“Queremos hoje dizer-lhe: “Oh! Maria, ao pecador auxilia, ao triste, o fraco e ao pobre, com teu manto a todos cobre”
Neste tempo de pandemia, intercedei por nós para que tenhamos a sabedoria e a paciência para superarmos os desafios diários, e ajudai-nos a vencer.
Dom Pedro Carlos Cipollini – Bispo Diocesano de Santo André