Padre Walfrides José Praxedes completa 60 anos de ordenação sacerdotal nesta sexta-feira (27/11). Recebeu a visita de Dom Pedro Carlos Cipollini, Bispo Diocesano, para cumprimentá-lo em nome da Diocese de Santo André. Vamos recordar parte da trajetória do presbítero através de uma entrevista concedida ao até então seminarista Felipe Cosme Damião Sobrinho (atualmente, sacerdote e pároco da Paróquia Nossa Senhora da Candelária, em São Caetano), realizada no dia 3 de abril de 2008, na Paróquia São Geraldo Magella, em São Bernardo do Campo, e do arquivo da Cúria Diocesana de Santo André.
Padre Walfrides José Praxedes ou Praxedes, como é conhecido na Diocese de Santo André, nasceu no dia 4 de fevereiro de 1935 (85 anos) em Carlópolis, interior do Estado do Paraná, porém foi criado em Porto Feliz, no Estado de São Paulo.
Entrou no Seminário Menor São Carlos Borromeu em Sorocaba, onde fez o curso ginasial e clássico. Cursou os estudos filosóficos e teológicos no Seminário Central da Imaculada Conceição do Ipiranga.
Em 1957, durante o curso de Teologia, pediu transferência da então Diocese de Sorocaba, sendo aceito por Dom Jorge Marcos de Oliveira, em Santo André. Foi ordenado presbítero em 27 de novembro de 1960 por Dom Almir Ferreira, bispo auxiliar de Sorocaba, em sua terra natal.
As motivações que fizeram com que o clérigo Walfrides Praxedes se incardinasse na nova diocese do ABC surgiram da realidade sócio-eclesial. Oriundo da região sorocabana, que era conhecida na época como Manchester Paulista devido a sua identidade industrial, o jovem quis unir os conhecimentos adquiridos no seu processo de formação ao estilo de pastoral do bispo de Santo André, conhecida pela sua abertura aos problemas sociais.
Ordenado presbítero, foi enviado para a cidade de Mauá como vigário coadjutor do então Cônego Alexandre Venâncio Árminas. Em 1963 foi nomeado por Dom Jorge Marcos primeiro reitor do Seminário Menor Diocesano, situado na Vila de Paranapiacaba. Com a criação da paróquia São Jorge no Jardim Zaíra no mesmo município em 1963 foi constituído seu primeiro vigário ecônomo.
O trabalho paroquial no Jardim Zaíra foi vinculado à Ação Popular. Logo após sua posse, o padre Praxedes começou a se aproximar da população, de maioria operária cuja renda era de dois a três salários mínimos.
Com sua experiência na Juventude Operária Católica ele conseguiu criar um bom relacionamento e indicar aos jovens para a AP. Estava preocupado com o ambiente de exploração dos trabalhadores, homens e mulheres vindos do Nordeste e recebiam um salário que não provia seus direitos básicos.
Essa conscientização fez com que as pessoas organizassem a cooperativa de consumo e a Sociedade de Amigos de Bairro, onde discutiam as condições de vida do trabalhador e as necessidades do local. Essas pessoas passaram a ocupar lideranças nessas organizações sociais, que influenciavam diretamente a evangelização.
No entanto, perseguido durante a ditadura militar, padre Praxedes pediu afastamento da diocese em 1969 para tratar-se de saúde e exercer trabalhos pastorais no interior. Foi para a Diocese de São João da Boa Vista trabalhar na paróquia de Mococa. Seguiu para Ribeirão Preto, indo para a paróquia de Altinópolis e, por último, para a Arquidiocese de Campinas com intenso trabalho nas Comunidades Eclesiais de Base e na Pastoral Operária.
De volta a Santo André, padre Praxedes trabalhou na Paróquia Cristo Operário de Santo André e como diretor espiritual dos seminaristas de teologia, na pregação de retiros espirituais para comunidades religiosas e à Paróquia São Geraldo Magella, na Região São Bernardo – Centro. Atualmente exerce o uso de ordem como padre emérito na Paróquia Jesus de Nazaré, na mesma região.
Fonte: Entre fé e liberdade: Catolicismo, operariado e ditadura no ABC Paulista (1964-1985). Mestrado em Teologia do Pe. Felipe Cosme Damião Sobrinho. PUC -SP. Ano: 2015