Diocese de Santo André

Violência de cada dia

Artigo publicado no Diário do Grande ABC na coluna Palavra do Bispo dia 30/11/2015

O que significa progresso econômico e científico diante da perda inútil de tantas vidas, vítimas da violência, na maioria das vezes impune? Muitos até chegam à conclusão quase óbvia: ou acabamos com a violência ou ela acabará conosco. Mais do que nunca é necessário educar para a paz. Na realidade, em geral, somos educados para a desconfiança, acusação e suspeita. Não conseguimos entender o que o outro diz, porque não o ouvimos. Não ouvindo, não há diálogo, em consequência não há entendimento, e assim estouram conflitos que colocam todos contra todos.

A miséria, tanto material como moral, a insegurança, o desamor, a decepção com a vida e consigo mesmo, estão na raiz da violência. A sociedade muitas vezes consegue propor somente o gozo e a posse de bens, isto como valores pelos quais lutar. Assim, a competição pela posse de bens materiais torna a busca do dinheiro o valor supremo. Indica-se, todos os meios são válidos para se conseguir o fim. Os jovens, principalmente, sentindo o vazio existencial e a falta de perspectivas do futuro vão atrás de dinheiro, fama, poder, sexo e drogas, pensando que aí está a felicidade. É quando a decepção torna as pessoas violentas.

O mito de que nós brasileiros somos um povo pacífico, não se sustenta. Morrem mais pessoas, vítimas da violência no Brasil do que no Oriente Médio, que é zona declarada de conflito. E não seria violento um país rico como o nosso, que precisa fazer campanha contra a fome? A fome é uma forma refinada de violência em um país exportador de alimento como o nosso.

Os seres humanos desejam a paz. As pessoas tem um ideal de vida, mesmo que em nível inconsciente, de paz e harmonia. Os seres humanos compartilham valores básicos, universais, entre eles a paz. Poderíamos até dizer que, o instinto de sobrevivência em seres inteligentes, de forma privilegiada os humanos, exige a paz em primeiro lugar. A estratégia da guerra preventiva é própria de animais predadores que vivem da caça. Todas as religiões e sábios, de todos os tempos, atestam que o ser humano foi feito para viver em paz e pode faze-lo.

Em tempos de violência somos mais do que nunca convidados a falar de paz. Falar de paz para podermos compreender o valor de se criar uma cultura de paz. A violência tem parentesco com o medo e não é remédio para nada, ela é o oposto da justiça. Precisamos mobilizar todas as pessoas de boa vontade, para divulgarem a idéia de que a paz é necessária e é fruto da solidariedade que constrói uma sociedade mais justa e fraterna, onde a última palavra é a favor da vida para todos, não da supremacia do dinheiro e do lucro sobre as pessoas.

Assim que sejamos pessoas de paz. Que possamos debelar a violência que se manifesta, às vezes em nossos gestos, em uma frase talvez, e até mesmo no tom da voz. O cristianismo propõe à sociedade no Natal que se aproxima, este momento de reflexão sobre a paz, porque crê que a paz, é possível, e que esta vencerá no final. É muito maior o que nos une como cidadãos da humanidade do que o que nos desune. A paz é possível!

 

Dom Pedro Cipollini

Bispo de Santo André

Matéria veiculada pelo jornal Diário do Grande ABC

Data: Segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Página 3 – Setecidades

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