A Palavra de Deus é luz para os nossos caminhos. É lâmpada para os nossos pés. É refúgio para nossa alma. É tesouro precioso que encontramos em nossa vida. É restauro, vida nova. Leia os testemunhos a seguir:
Era escuro e debaixo do viaduto, deitado no chão, se encontrava Alexandre da Silva. Ele esperava por nós; ao nos ver se alegrou e disse: “Pode sentar, está limpinho”. E assim começa o nosso diálogo sobre a Palavra de Deus em sua vida.
Alexandre vive na rua há oito anos e é pai de dois jovens, que vive com a mãe. Antes de ser morador de rua, era jogador de futebol e professor de capoeira. Sempre viveu na cidade de São Bernardo e sua família é de tradição católica.
Quando criança recebeu os sacramentos e lia a Bíblia. “Agora não leio mais o livro, ele já está dentro de mim”. Sua técnica é a da repetição, sabe a memória vários versículos; como por exemplo: “Eu me deitei e dormi; acordei, porque o Senhor me sustentou” (Salmo 3). Essa palavra é “o pivô da minha vida, enquanto eu estiver aqui”.
Para Alexandre, “a Palavra de Deus é semelhante a uma flor, que nasce nos nossos corações. É ela que nos dá a vida. Foi pela Palavra que Ele criou o mundo e é por ela que nós existimos”.
Na conclusão da nossa conversa, ele nos pede se podia rezar por nós e por aquele encontro, respondemos que sim. Todos de mãos dadas, em círculo, debaixo do viaduto, rezamos a oração simples, que brotava do coração de um morador de rua.
A Palavra de Deus foi luz também para uma outra pessoa, que na escuridão de um cárcere percebe a força da fé. Preso, tinha nas mãos o seu único tesouro: o livro sagrado. “Foi uma das experiências mais fortes que tive; só tenho o Senhor que pode me ajudar aqui”.
Dependente químico, permanece 20 dias preso, e, diariamente, na cela dos evangélicos, orava com a palavra de Deus. Mas, escondido, com um outro jovem, rezava, bem baixinho, a oração da ave maria: “Foi assim, que recebi a notícia do alvará de soltura”.
Depois que saiu da cadeia, passou pela Fazenda Esperança, em São Paulo, onde recebeu o sacramento do crisma e começou a ter o contanto diário com a Palavra de Deus, de forma diferente e profunda. O essencial não era somente lê-la, mas meditá-la e colocá-la em prática.
Atualmente, em seu trabalho e com sua família, através dos meios de comunicação social, principalmente o facebook e whatsapp, lê e medita a palavra todos os dias: “Aprendi que é um estilo de vida. Procuro fazer um ato durante o dia, para não ser igual a antes, mas sempre melhor”.
Recomeçar sempre e “Amar o próximo como a ti mesmo” (Mateus 22,39) é o lema que escolheu para a sua nova vida em Cristo Jesus.
Outro jovem que foi “tocado” pela Palavra de Deus é Guilherme Demarchi, de São Bernardo do Campo. Ao escrever sua tese de doutorado, se depara com um versículo já conhecido, mas que naquele dia ressoa de uma forma nova: “Coragem, eu venci o mundo” (Jo 16,33).
Ele fecha o computador, afasta o caderno e chora: “Toda a dificuldade de escrever uma tese, dificuldades familiares, nada mais tinha sentido”. Outra passagem significativa é o prólogo de São João: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”.
Guilherme é membro da Comunidade de Vida Cristã (CVX), que vive a espiritualidade inaciana. Ele busca diariamente meditar ou contemplar a palavra de Deus pelo método de Santo Inácio de Loyola, a leitura orante: “Somos chamados a ter uma hora de oração diária, junto com o exame de consciência”.
Com a leitura orante, ele afirma que confia mais em Deus: “Aprendi a lidar com as surpresas que a vida traz, que o afastamento de Deus é só aparente, não é real. E isso traz muita confiança”.
Ressalta que é possível ser feliz, apesar das dificuldades, inclusive sociais, pois o “futuro é sempre a ressurreição”. Comenta também que aprendeu “a ser mais cristão”, pois este “tem direito a tudo, só não tem o direito de desistir”.
Heloísa Martins e Fernando Ortiz se conheceram em um encontro de jovens promovido pela Diocese de Bauru, em São Paulo. Heloísa fazia parte do Movimento dos Focolares e Fernando do grupo de jovens de sua paróquia. Ambos buscavam uma experiência com Deus.
“Vivendo a espiritualidade da unidade e fazendo essa escolha de Deus na minha vida, fui entendo o que Ele pedia para mim. Senti que deveria deixar tudo e me lançar nessa vida e nessa vida com o Fernando. Vi que com ele poderíamos colocar a nossa vida para Deus”, conta Heloísa.
Em 1975, eles se casam: “Foi um período de nos dedicarmos a família, mas sem deixar essa escolha de Deus em primeiro lugar, de fazer tudo por Ele, de fazer essa experiência de Jesus entre nós, de ver a presença de Jesus também no outro”, explica Heloísa.
Para Fernando, “o Evangelho é um código de vida, ou você pratica ou não produz efeito”. E conclui: “Se você quer se colocar em relação com Deus, viva a Palavra. Para mim, essa é a maneira mais direta de se colocar em comunhão com Deus”.
O importante mesmo, como diz a Heloísa, é saber e experimentar que Deus nos ama, que Ele tem um plano para nós e que sua Palavra “permeia toda a nossa vida”.