Diocese de Santo André

Frente ao desemprego, é preciso “turbinar” o currículo, orienta especialista

Especialista em mercado de trabalho elenca causas do desemprego no Brasil e orienta a ser ágil e correr contra o tempo para “turbinar” o currículo

De dezembro do ano passado a fevereiro deste ano, a taxa de desemprego no Brasil atingiu a marca de 13,2%, o equivalente a 13,5 milhões de pessoas desempregadas. Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua) que foi divulgada em março pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Ainda de acordo com o IBGE, essa foi a maior taxa de desocupação da série histórica, iniciada em 2012. Em comparação ao mesmo trimestre de 2016, a taxa de desemprego subiu 2,9 pontos percentuais.

Segundo o administrador e especialista em mercado de trabalho, Fabiano Ribeiro Vilas Boas, o cenário econômico atual não está sozinho na causa do desemprego, há um conjunto de variáveis.

“A crise tem sim sua parcela de culpa, mas não é a única variável. Acrescente: baixa qualificação do trabalhador, substituição de mão de obra por máquinas, a própria crise econômica, custos elevados (impostos e outros encargos) para as empresas contratarem com carteira assinada e até fatores climáticos são agentes causadores do desemprego”, diz.

O administrador explica que as empresas procuram por pessoas que façam a diferença e que estejam preparadas e capacitadas para atender o mercado exigente. “As pessoas precisam entender que estamos passando por mudanças significativas que irão alterar a relação de trabalho e emprego”.

Neste cenário de escassez do emprego com carteira assinada, novas formas de ocupações surgem em todo o país, aumentando as possibilidades no mercado de serviços.

“Algumas áreas já são bem conhecidas. Os carros, motos e bikes de Food truck (como são conhecidos os veículos estilizados e adaptados para produzir e servir refeições nas ruas), tornaram- se uma opção de negócio para quem pensa em investir no mercado da alimentação e gastronomia no Brasil; profissionais home office (trabalho em casa); houve também um crescimento considerável de consultores que perderam o emprego ou por opção deixaram de trabalhar e agora prestam serviço”, acrescenta o especialista.

De comissária de bordo a fotógrafa

Diante do cenário de dificuldade econômica e de emprego, a ex-comissária de bordo, Patrícia Kunzel, precisou migrar para o ramo da fotografia após a falência da empresa aérea onde trabalhava. A fotógrafa conta que ficou desesperada quando foi mandada embora, pois na mesma época seu marido também estava desempregado.

“Bateu um desespero e a gente se perguntava: O que fazer agora? Os dois desempregados e com um filho de dois anos e três meses para criar. Naquele momento percebi que talvez o hobby de fotografar a infância do meu filho pudesse se tornar uma outra profissão, enquanto a aviação não abria as portas para a gente novamente. No mesmo mês que recebi minha carta de demissão me inscrevi em um curso de fotografia na minha cidade”, conta.

Patrícia afirma que não teve ninguém próximo como referência ou que pudesse ajudá-la na nova profissão e por isso precisou pesquisar muito e ser autodidata, errando, acertando e construindo seu próprio caminho na fotografia. “Fiz alguns cursos de fotografia, workshops, participei de congressos, li muito, assisti muitos cursos online e palestras”, acrescenta.

O desespero e a necessidade de obter uma renda fizeram com que Patrícia se especializasse em algo totalmente distinto daquilo que sempre fez. Hoje com dois filhos, a fotógrafa se desdobra para dar conta da casa, família e trabalho. “Minha vida está uma correria. Tive outro filho e hoje meu maior desafio é administrar meu tempo desempenhando várias funções como fotógrafa de segunda a segunda, fazendo ensaios, festas, batizados, bodas, casamentos e o que aparecer, mãe 24hrs, motorista, esposa, dona de casa, filha, irmã… mas estou feliz, pois amo tudo o que eu faço”.

Qualificação e pró-atividade

A atitude da fotógrafa pode ser um exemplo em tempos de alto índice de desemprego. O especialista em mercado de trabalho observa que é preciso ser ágil e correr contra o tempo para turbinar o currículo, sem desanimar.

“As vagas são restritas. Mas mesmo com o cenário adverso, não dá para perder tempo nem se desesperar. É hora dos trabalhadores usarem ‘estratégias de guerra’ na trincheira da crise. Em momento de recessão econômica, quem estiver fora do mercado deve até mesmo recuar nas escolhas para aumentar as oportunidades (…) É preciso continuar acreditando e se qualificando para, quando as oportunidades aparecerem, ter um diferencial para apresentar às empresas. Há um jargão popular que diz: ‘quem não tem cão caça com gato’”, conclui.

Fonte: Canção Nova

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