Quando o bispo da Diocese de Santo André, Dom Pedro Carlos Cipollini, levou Jesus ao novo sacrário da Capela São Pedro Julião Eymard, da Paróquia Maria Mãe dos Pobres (Diadema), na missa de reinauguração no dia 10 de setembro, era possível enxergar lágrimas que escorriam no rosto de alguns fiéis. Mas desta vez o choro era de alegria de quem acompanhou de perto a “ressurreição desta igreja”, como definiu o próprio pároco, Pe. Júlio Rodrigues Neves Júnior.
Jesus novamente no sacrário representa a luta dos paroquianos e de seu sacerdote, apoiados por Deus, para dar luz à região do Jardim das Nações, que, outrora, esquecera que ali estava também a casa do Senhor. Se hoje é possível ver a bela igreja e cheia de fiéis, há alguns anos a situação era bem diferente.
Era uma igreja invisível aos olhos da população, que evitava o local. Para os que insistiam, havia dificuldade em participar da Missa porque na escada da igreja, bailes funks reuniam jovens, além de promoção de bebedeiras e consumo de drogas. “Era algo que enchia de lágrimas. Como poderiam convidar as pessoas e falar que nossa igreja era viva, sendo que as outras não respeitavam?”, questionou a atual coordenadora da Capela, Raquel Dias.
Era uma pergunta que precisava de resposta, até para o Pe. Júlio, que recordou sua primeira Missa na Capela há quase quatro anos. “Havia seis pessoas na celebração. Quando cheguei, já estava declarado o fechamento da Capela”, lembrou o sacerdote. “Era meia-dúzia de gatos pingados. Quase ninguém frequentava”, corroborou a paroquiana Maria Geralda.
Mas a dificuldade não fez que os fiéis, como a palavra indica, desistissem. Pelo contrário. Os poucos que ali estavam continuaram servindo com amor. “Nossa Capela estava caindo aos pedaços, mas nunca desanimei. Tinha certeza que um dia estaria deste jeito (reformada). Quando amamos de verdade, pelo Senhor, não há desanimo”, disse Cândida Lopes Bento, antiga coordenadora da Capela e atualmente ministra da Eucaristia.
A mudança começou com início do pastoreio de Pe. Júlio, que persistiu na construção de um local de oração para o povo do bairro. “Na primeira reunião, o Pe. Júlio acreditou que nossa igreja valeria a pena. Deus que enviou. Ele disse: ‘estou vendo que vocês têm força, vamos fazer a comunidade valer a pena’. A gente vê que o padre é muito lutador e positivo”, contou Raquel.
E realmente valia a pena. Uma das primeiras ações foi cercar o terreno, o que dispersou as ‘festas’ que aconteciam praticamente na porta da capela. Depois, começou a reforma, que ajudou o próprio bairro. “A Capela valorizou este lugar, a vizinhança. Não acontece mais do modo que acontecia. A igreja se tornou uma luz para as pessoas. Agora todo mundo sabe que aqui é uma igreja, olha para aquele Cristo, o Pão da vida (na fachada). Há uma cruz iluminada, um lugar de Deus. Ser uma luz na sociedade”, frisou o Pe. Júlio.
Ele pediu aos fiéis o amor pela capela e ressaltou que tudo é graça de Deus, que concedeu o presente de reformar a igreja. “Peço que zelem, usem com carinho, responsabilidade. Tem o suor, o sangue de toda a Paróquia. Pertencem a todos. Agradeço a Deus sempre. Celebrar a ressurreição da Capela é prova do amor de Deus. Em uma periferia com toda espécie de desigualdade, desassistida pelo poder público, esquecida pelos homens, pelos governantes, mas não é esquecida por Deus”, disse.
O bispo destacou a importância da reforma da capela. “A Igreja é formada por tijolos humanos. Cada um de nós somos tijolos, feita de gente, mas esta Igreja de gente precisa de um local para se reunir, nossa casa de oração. Esta comunidade refloresceu ao reformar o templo”, frisou o pastor. “Fizemos uma casa para Ele. Jesus mora aqui neste local, abençoado pela Igreja, na pessoa do bispo”, completou.
Agora é possível entender melhor as lágrimas dos fiéis. “Chorei porque não aguentei a emoção por tudo que passamos. Se morresse hoje, morreria feliz. A Capela São Pedro Julião Eymard é minha casa também. Amo muito. Não saio daqui”, disse Cândida Lopes.
Texto de Fotos de Thiago Silva
Confira as fotos: Fotos da Capela São Pedro Julião Eymard
