Assessor do grupo de jovens missionários de São Carlos ressalta importância da formação do carisma, espiritualidade e encontro com os mais excluídos e vulneráveis da sociedade
Com o tema “Juventude Scalabriniana…Mais de 20 anos caminhando com os Migrantes”, grupo dos missionários discípulos de Jesus Cristo comemorou mais de duas décadas de atuação e evangelização, desde o primeiro encontro realizado em 1995, na cidade de Santo André.
A celebração especial aconteceu no fim de semana dos dias 30 de setembro (sábado) e 1º de outubro (domingo), com a realização de mais um Encontrão da JUVES-SP (atualmente, denominado JUVES em Missão), na Igreja Matriz de São Bernardo do Campo (Basílica Menor da Paróquia Matriz Nossa Senhora da Boa Viagem), na cidade do Grande ABC.
Cerca de 110 jovens de Vicente Carvalho (Guarujá) – Baixada Santista (Paróquia Nossa Senhora das Graças), da anfitriã São Bernardo – ABC (Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem), da capital São Paulo (Paróquia Nossa Senhora da Paz) e de Santa Bárbara d’Oeste – Interior (Comunidade Nossa Senhora das Graças) marcaram presença nas atividades, que tiveram início no sábado, com a visita à Missão Belém (Pastoral de Rua – Servos da Misericórdia), em Rio Grande da Serra; peregrinação pelos bairros centrais de SBC, na evangelização de famílias, e o encerramento com a missa, no domingo à tarde, sempre intercalando momentos de oração, música e reflexões da palavra de Deus.
A reportagem da Diocese de Santo André conversou com o teólogo religioso e assessor da Juves (Juventude Scalabriniana), Rafael Adriano da Silva, um dos concelebrantes da missa do Encontrão, sobre a organização do encontro e o papel dos jovens na sociedade moderna. Confira:
1) Como foi a experiência de organização do encontro de 2017 e a escolha das temáticas da Missão Juves?
Em linhas gerais, podemos dizer que a Juves (Juventude Scalabriniana) é a vivência do carisma scalabriniano entre os grupos de jovens que fazem parte das paróquias scalabrinianas.
Surgida em 1995, a partir da iniciativa de alguns padres, missionárias e leigos scalabrinianos jovens até 2013, a Juves realizava por ano um dia de encontro (encontrão da Juves), partilha e reflexão entre os diferentes grupos de jovens espalhados nas paróquias da antiga Província São Paulo.
No entanto, a partir de 2014 esse encontro anual ganha nova configuração, passando a ser realizado em forma de missão. E a fim de sensibilizar e mobilizar os jovens à escuta, ao encontro e à missão entre os excluídos e mais vulneráveis de nossa sociedade, realizamos todo ano uma missão que, de certo modo, está dividida em três etapas:
- a) formação sobre o carisma e espiritualidade scalabriniana;
- b) retiro espiritual;
- c) missão.
A missão desse ano, motivada sobretudo pelos 22 anos de caminhada da Juves (1995 – 2017) e pelos 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora nas águas do Rio Paraíba, teve como tema “Juves, há mais de 22 anos caminhando com os migrantes”.
A exemplo de Maria, a mãe dos migrantes e da juventude, procuramos como Juves caminhar ao lado daqueles que, por diferentes motivos, são obrigados a deixar suas cidades, estados e até países, em busca de melhores condições de vida. Nesse ano a Juves, que teve como paróquia acolhedora a Basílica Menor Nossa Senhora da Boa Viagem – SBC, visitou a Missão Belém na cidade de Rio Grande da Serra, obra católica destinada ao cuidado espiritual dos irmãos que, vivendo nas ruas, tornam-se, muitas vezes, dependentes químicos.
Ao falarmos então da organização da Missão, destaco o protagonismo e a criatividade dos nossos jovens assessores, pertencentes à Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem (SBC), Paróquia Nossa Senhora das Graças (Vicente de Carvalho – Guarujá), Paróquia Nossa Senhora da Paz (São Paulo – Capital) e comunidade Nossa Senhora das Graças – Santa Bárbara d’Oeste).
De fato, a Missão Juves é organizada, promovida e destinada para os jovens. Assim sendo, tanto o local quanto o tema deste ano surgiram da necessidade dos jovens de nossas comunidades, motivados pela proteção materna de Maria, em conhecer e vivenciar, ainda que por algumas horas, a triste realidade dos moradores de rua e dependentes químicos.
É o jovem querendo mostrar ao mundo seu compromisso cristão de ser “fermento na massa” (Lc 13,20-21), isto é, ser “sal na terra e luz do mundo” (Mt 5,13-16).
2) Como aliar as novas tecnologias e o diálogo no processo de evangelização protagonizado pelos jovens scalabrinianos?
Nós, assessores da Juves, criamos no aplicativo “WhatsApp” um grupo onde apresentamos propostas, ideias e reflexões sobre a caminhada da Juves. De fato, é um espaço destinado somente para assuntos relacionados aos nossos encontros e missões.
No entanto, essa tecnologia não exclui a necessidade e a importância de nos encontrarmos pessoalmente, isto é, de nos vermos e sentirmos a importância dessa presença física do irmão ou da irmã.
Nesse sentido, acredito que aliar as novas tecnologias e o diálogo no processo de evangelização juvenil consiste, sobretudo, no “equilibrar” o mundo virtual com o mundo físico, ou seja, valorizar a importância das tecnologias sem excluir o encontro físico com nosso próximo.
Assim sendo, o grande risco que corremos ao nos fecharmos somente nas tecnologias é o deixar de perceber a juventude, os pobres e os migrantes como pessoas dotadas de emoções, sentimentos, desejos e necessidades.
O ser humano é, por assim dizer, um ser de relações, que necessita do outro para desenvolver-se, caminhar e assim, construir um mundo equilibrado e mais justo. E o jovem, a partir de seu protagonismo, seu entusiasmo e carisma, deve mostrar ao mundo que a esperança, apesar de tantas dificuldades e desafios, continua viva no coração de cada ser humano.
Leia também a reportagem sobre os 22 anos da Juves:
Reportagem e fotos: Fábio Sales
