São Francisco de Assis dizia para sempre evangelizar com testemunho e, se preciso, com palavras. Pe. Antonio Moura da Silva não é um franciscano, mas em seus 50 anos de sacerdócio, comemorados no dia 6 de janeiro, Dia de Reis, comprovam, mais uma vez, que o santo estava certo.
Na celebração da Santa Missa em louvor pelo Jubileu de Ouro, na Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, no Parque Capuava, em Santo André, testemunhos não faltavam para elucidar a história sacerdotal, sempre nessa paróquia (que irá completar 50 anos em 2018), além de atuação fundamental na Diocese de Santo André, com diversas funções, entre elas de administrador apostólico e vigário geral.
O primeiro testemunho veio de Pe. Vanderlei Nunes, filho da Paróquia e afilhado do sacerdote. “Quero dizer ao senhor, meu padrinho, que você é como os reis magos, que encontraram Jesus e entregaram seus dons a Ele. O senhor fez o mesmo. Sei que você tem grande intimidade com a Palavra de Deus e sabe pregar com uma unção, com um amor, inspirando muitos jovens até hoje”, destacou o sacerdote, hoje pároco da Nossa Senhora do Paraíso (Santo André).
Pe. Vanderlei Nunes não é o único que saiu da Paróquia e hoje é sacerdote. Pe. Moura intercedeu por mais dois presbíteros diocesanos, que concelebraram a Missa do Jubileu: Pe. Romeu Leite Izidório e Pe. Camilo Gonçalves de Lima, das Paróquias Santa Teresinha e Nossa Senhora Rosário de Fátima, ambas de São Bernardo. “Ele tem uma simplicidade que nos conquista. Temos nele um homem que acredita em Deus e na intercessão de Nossa Senhora. Não há uma situação difícil que o desanime. E ele nunca me empurrou para o sacerdócio; deu a oportunidade de realizar a escolha por Deus”, disse Pe. Camilo.
Quem também concelebrou foram os sacerdotes Pe. João Luiz Asahi (pároco local), Pe. José Ailton Teixeira (Vigário da São Judas Tadeu – Santo André) e Pe. Nelson Rosselli Filho (pároco da São Jorge – Santo André). “Trabalhei com ele em 1992. Vi um homem que estuda, tem uma forte vida de oração e sabe como organizar uma paróquia. Além do mais, tem muito zelo pelas pessoas. Ele é um amigo de verdade”, elogiou Pe. Nelson.
No entanto, os testemunhos não se limitavam ao clero. Pelo contrário. Pouco antes da bênção final, foi aberto o microfone para quem quisesse falar um pouco do sacerdote e, espontaneamente, fiéis iam contando histórias do pastor do Parque Capuava.
Mesmo em luto, após enterrar o pai dias antes, o jovem Anderson Augusto Bogoni recordou da importância do sacerdote à sua família. “Tenho um agradecimento ao padre. Meu pai (Sr. Carlos Antonio Bogoni) não era de Igreja. Quando mudamos para cá, eu quis me enturmar e conheci o grupo Jupan (Jovens Unidos Pelo Amor de Maria), criado pelo padre e que mudou minha vida. Em seguida, também mudou a vida do meu pai, da minha família. Pedimos a Deus que fortaleça sempre o padre, e nosso amigo, Antonio”, disse o rapaz.
Há histórias de quem iniciou a caminhada com o sacerdote, como a de Osvaldo Garbelin, que saiu de Peruíbe, onde mora atualmente, para felicitar seu eterno amigo. “Quando ele veio para o Parque Capuava, ele dava aulas. E todo o dinheiro que ganhava, colocava na Paróquia. Eu ficava preocupado porque ele poderia precisar, até para questões de saúde, mas a sua fé sempre foi grande”, recordou Garbelin, que cuidava da contabilidade da Paróquia.
O começo não foi fácil, como contou dona Iraci Costa Balasch. “Todas as vezes que precisamos, o senhor estava lá. Recordo das celebrações na garagem, que nem parecia garagem porque não tinha portão nem muro. O senhor comia na casa dos pobres e era muito criticado por isso. Deus o mandou para cá, quando não havia nada. Sou feliz pelo senhor até porque 50 anos não são 50 dias”, agradeceu dona Iraci.
Com poucas palavras, Pe. Moura destacou a importância de todos os amigos, que deixaram a Paróquia bem pequena. “Agradeço a todo o povo de Deus, com quem caminhei nestes 50 anos. Peço perdão pelos erros; rezem por mim e eu rezo por vocês e por todos. Estou muito feliz porque a Paróquia está cheia, em um dia complicado porque é início de ano. Só tenho a agradecer”, disse o sacerdote, que ainda teve fôlego para fotos e cortar o bolo, sob chuva, provavelmente uma chuva de bênçãos sobre ele e todos que estavam presentes.
Texto e Fotos de Thiago Silva