Nestes meses que antecederam às eleições, um dos temas recorrentes nos debates de forma explícita ou implícita foi a família. Ser a favor ou contra a família foi uma das interrogações pertinentes. Promover a família é tarefa desafiadora em uma época na qual todas as instituições comunitárias passam por dificuldades, e até mesmo, rejeição. Vivemos sob o signo do individualismo que impregna nossa cultura.
O papa Francisco sinalizando a importância da família, convocou dois sínodos para tratar do tema e escreveu a Exortação Apostólica “Amores Laeticia” (A alegria do amor), sobre a família. Aí ele inicia escrevendo: “Apesar dos numerosos sinais de crise no matrimônio, o desejo de família permanece vivo, especialmente entre os jovens… Porque a família não é um problema, mas uma oportunidade”.
Sabemos pela fé cristã que: a Deus aprouve salvar a todos não isoladamente, mas em comunidade, porque o próprio Deus é comunidade de amor trinitário. Sem união e comunhão não há salvação. Por isso Jesus veio reintegrar-nos na comunhão com o Pai pela força do Espírito Santo. Mais que nunca, portanto, a família, esta célula comunitária que sustenta a vida, deve ser preservada, compreendida e protegida.
É missão da Igreja Católica promover a família, como está concebida na Bíblia Sagrada, fazer com que se queira bem a família e que ela possa ocupar o lugar que Deus, seu autor, lhe reservou na sociedade humana. “A sociedade e a família assemelham-se ao arco de um palácio: se tirares uma única pedra, tudo desabará”, esta frase é do Talmud Babilínico de muitos séculos atrás.
A família está na origem da história da humanidade como projeto de Deus. Deus está comprometido com a execução deste projeto. Podemos dizer que Deus é totalmente a favor da família, porque ele é a favor do ser humano. Este projeto vai seguir em frente em que pesem os muitos desafios que a “cultura de morte” lhe lança. Assim como não há pessoa perfeita, não há família perfeita, o que não invalida sua existência.
Gostava de dizer o Papa João Paulo II: “O futuro da humanidade e o futuro da Igreja passam pelas famílias.” A família é santuário da vida em meio a uma desertificação da sociedade em termos de relacionamentos.
Agradecemos a Deus pelos casais que dentro e fora da Igreja Católica, não têm poupado esforços para incentivar as famílias, pois a sociedade não é senão o desenvolvimento e extensão do que é a família.
Dom Pedro Carlos Cipollini
Bispo Diocesano de Santo André