Na noite de sexta-feira, (28/09), o bispo diocesano, Dom Pedro Carlos Cipollini, proferiu palestra para os integrantes das Equipes de Nossa Senhora no Auditório da Cúria Diocesana, no Centro de Santo André. O tema definido foi “Cristãos leigos e leigas na Igreja e na Sociedade – Sal da Terra e Luz do Mundo (Mt 5,13-14)”, tendo por base o Documento 105 da CNBB / 2017. Entre os seus ensinamentos destacamos que:
– “Somente guardamos a memória daqueles que escreveram para nós a Tradição e o ensinamento dos Apóstolos e a memória dos próprios apóstolos mais destacados (Pedro e Paulo). Mas os missionários dos primeiros tempos do cristianismo, foram os anônimos. Sem pensar neles é difícil compreender a missão cristã nos primeiros séculos (cf. Rm cap. 16).
– “Gente humilde que se deixava converter pela memória e atualização da prática de Jesus, distribuía seus bens e partia para a missão. Como entender de outra forma a impressionante expansão do cristianismo, sem apoio do Estado, sem financiamentos oficiais, sem amizades com pessoas importantes” (E. Hoornaert, A memória do Povo Cristão, Vozes, Petrópolis, 1986, p. 80).
– “Com o fim das perseguições e a declaração do Cristianismo como “religião oficial” do Império Romano (ano 381), começaram a predominar o clero (e os monges) que assumirão todos os ministérios na Igreja. Os leigos passaram a ser os receptores passivos.
– “Surge no sec. XII a compreensão da Igreja como “Societas perfecta inaequalis” (sociedade perfeita desigual), na qual existe o “populus ductus” (os que são guiados) e o populus ducens (os que guiam), (cf. Decretais de Graciano C. 7, c.XII, q.1) daí pra frente se aprofunda a separação entre clérigos e leigos.
– Com o Concílio Vaticano II recupera-se o verdadeiro papel do Leigo na Igreja. Estudem o Capítulo IV da Lumen Gentium; Decreto Apostolicam Actuositatem – (sobre o apostolado dos leigos).
– “A Igreja não se acha deveras consolidada, não vive plenamente, não é um perfeito sinal de Cristo entre os homens, se aí não existe um laicato de verdadeira expressão que trabalhe com a hierarquia. Porque o Evangelho não pode ser fixado na índole, na vida e no trabalho dum povo, sem a ativa presença dos leigos. Por isso desde a fundação da Igreja, tenha-se o máximo cuidado em construir um laicato cristão maduro” (Ad Gentes n. 21).
– “O laicato como um todo é um “verdadeiro sujeito eclesial”. Cada cristão leigo e leiga é chamado a ser sujeito eclesial para atuar na Igreja e no mundo. Urge abrir espaços de participação, estimular a missão… Para fazer crescer o protagonismo dos leigos na corresponsabilidade e comunhão de todo o povo de Deus.
– Apresento duas citações: “Os leigos são chamados a participar na ação pastoral da Igreja” (DAp 211)… “A imensa maioria do povo de Deus é constituída por leigos. A seu serviço está uma minoria: os ministros ordenados” (EG 102). Assim como o leigo não pode substituir o pastor, o pastor não pode substituir os leigos e leigas no que lhes compete por vocação. A ação laical não é suplência… Nasce do batismo e da confirmação…
– No capítulo “O Cristão leigo, sujeito na Igreja e no mundo: esperanças e angústias”, aprendemos que “A renovação eclesiológica conciliar compreendeu o cristão leigo como “sujeito eclesial”… Deu cidadania ao leigo… e depois veio a Exortação pós-sinodal de Joao Paulo II – Christifideles Laici(1988).
– “Os documentos do episcopado latino-americano sempre abriram caminho para a atuação dos leigos. Santo Domingo os chama de “protagonistas da transformação da sociedade”(n.98). Aparecida pede maior abertura de mentalidade para acolher o ser e o fazer do leigo na Igreja (cf. n.213). A teologia do laicato alcançou grandes avanços e despertou a atenção e o interesse da maioria dos setores da Igreja.