Diocese de Santo André

Missa do 1º de Maio clama por justiça social e direitos dos trabalhadores

Tradicional celebração anual, que ocorre há quatro décadas, também relembrou a festa de São José Operário e foi presidida por Dom Pedro, na Matriz de São Bernardo

“É urgente assegurar o direito ao trabalho e reafirmar a dignidade dos trabalhadores e trabalhadoras, de modo a garantir seu justo sustento e de suas famílias, combatendo o desemprego, o trabalho escravo, a precarização das relações de trabalho e a perda de direitos trabalhistas, dentre outros que têm causado tanto sofrimento ao povo brasileiro”.

Em sintonia com o lema da Campanha da Fraternidade “Serás libertado pelo direito e pela justiça” (Is 1, 27) e com a mensagem da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) para o Dia do Trabalhador, a relevante homilia do bispo da Diocese de Santo André, Dom Pedro Carlos Cipollini, deu o tom na tradicional Missa dos Trabalhadores do 1º de Maio, realizada na manhã de quarta-feira, com a presença de mais de duas mil pessoas que lotaram a Basílica Menor Nossa Senhora da Boa Viagem, na região central de São Bernardo.

Neste dia, a Igreja também celebra a festa de São José Operário, o padroeiro dos trabalhadores.

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A celebração

Diante da presença de pastorais como a Operária, da Sobriedade, Afro-Brasileira, CEBs (Comunidades Eclesiais de Base) e movimentos sociais que também integraram a procissão que antecedeu a missa, Dom Pedro, ao lado de diversos padres presentes, manifestou estima, solidariedade e gratidão aos trabalhadores e as trabalhadoras, ao citar que a Santa Missa tinha como centro Jesus Cristo, “o filho do carpinteiro” (Mt 13,55), um trabalhador como tantos de sua época, que lutavam para ganhar o pão em uma sociedade agrária e exploradora.

“Deus amou tanto o mundo que enviou seu Filho para salvá-lo” (Jo 3,16). O bispo prosseguiu dizendo que o trabalho digno, para além de cumprir a necessária tarefa de prover as necessidades materiais, “constitui uma dimensão fundamental da existência do ser humano sobre a terra” e de sua participação na obra do Criador (cf. João Paulo II in Laboren Exercens, 4).

A celebração foi repleta de simbologias, como a procissão de entrada com a Folia de Reis e a imagem de São José Operário, a chegada da Bíblia Sagrada ao altar, além do momento do ofertório com as representações dos movimentos e pastorais percorrendo o corredor central da Igreja Matriz, inclusive, com um banner gigante divulgando mensagem do 8° Plano para “Trabalhadores em uma Igreja em Ação”.

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Mensagem da CNBB

Dom Pedro recordou a carta da CNBB escrita especialmente para o Dia do Trabalho neste ano de 2019, em que cita o seguinte trecho: “Manifestamos, de modo especial, a nossa preocupação com o grave problema do desemprego. A flexibilização de direitos dos trabalhadores, institucionalizada pela lei 13.467 de 2017, como solução para superar a crise, mostrou-se ineficiente. Além de suscitar questionamentos éticos, o desemprego aumentou e já são mais de treze milhões de desempregados. O Estado não pode abrir mão do seu papel de mediador das relações trabalhistas, numa sociedade democrática”.

“A participação dos trabalhadores e dos sindicatos, na discussão da Previdência social, é fundamental para a preservação da dignidade dos trabalhadores e de sua justa e digna aposentadoria, especialmente dos que se encontram mais fragilizados na sociedade. Reconhecer a necessidade de avaliar o sistema não permite desistir da lógica da solidariedade e da proteção social através da capitalização, como propõe a PEC 06/2019. Também não é ético desconstitucionalizar regras da Previdência, inseridas na Constituição de 1988”.

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Fé e esperança

O aposentado José Antonio Moreira, 62 anos, fez a Prece dos Irmãos durante a missa e reiterou que o momento celebrativo, na pessoa de São José Operário que inspira os trabalhadores, é muito importante para celebrar a fé e a esperança numa sociedade mais justa e fraterna.

“Porque sem sonhar e sem ter esperança, a vida não vale a pena. É preciso buscar o sustento para sua família, com muita fé em Deus, para continuar nesta árdua luta pelos direitos e dignidade de cada trabalhador”, avalia o integrante da Pastoral da Sobriedade e do Movimento Fé e Política, na Paróquia Santa Luzia, em São Bernardo.

A autônoma Maria de Lurdes da Silva, 62 anos, faz questão de estar todos os anos na celebração anual do Dia do Trabalho. “Venho todo ano desde quando começou essa missa, lá nos anos 80”, revela. Ela participa do Movimento da Legião de Maria, na Paróquia Maria Mãe dos Pobres, em Diadema.

“Não é propriamente um dia de festa, mas um dia de reflexão e luta por mais empregos, salário digno e condições dignas para os trabalhadores”, ressalta.

A Missa dos Trabalhadores é realizada desde 1980 na Basílica Menor Nossa Senhora da Boa Viagem em São Bernardo.

 

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