Estamos celebrando a solenidade litúrgica do Santíssimo Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. Isto nos faz pensar na importância do pão na vida das pessoas. E pão aqui quer dizer “comida”, sustento para o corpo. O pão está relacionado com todos os setores da vida humana: o trabalho, a ciência e a religião. É o pão que mantém a vida física. A fome prolongada é prenúncio da morte. Logo , pão é vida e fome é morte. O pão da vida é o que festejamos no Corpus Christi.
Na Igreja Católica, desde o século 13, esta solenidade, que muitos chamam de festa, é celebrada com cores e brilho especiais, beleza e devoção. Muitas procissões de Corpus Christi se tornaram famosas no Brasil. Em nossa diocese, muitas comunidades se dedicam na confecção de tapetes. É uma variedade: desenhos, alimentos, roupas, cobertores, tudo manifestando a religiosidade e a solidariedade do nosso povo. Para nós, católicos, vale o mandamento de Jesus, que está nos Evangelhos, nos relatos da instituição da Eucaristia.
Mas o relato mais antigo da instituição da Eucaristia está na carta de São Paulo aos Coríntios (1Cor 11, 23-27). É Jesus que manda: fazei isto em memória de mim. É um dado bíblico irrefutável que consta na Nova Aliança. Para aceitar que Deus se tenha feito carne, pão em Jesus Cristo, para alimentar a humanidade, é preciso fé no poder ilimitado do amor de Deus. Somente Deus poderia ter uma ideia tão humana assim, para se fazer próximo de nós sendo nosso alimento.
Neste tempo de desemprego e grandes mudanças na sociedade, em que a fome persiste apesar da abundância de alimentos, façamos uma reflexão sobre a partilha. A fome no mundo é um escândalo, escândalo maior é quando se culpa Deus por isso. Ele que deu se próprio Filho como alimento para nós.
A Eucaristia exige de nós a partilha do pão, a solidariedade. Celebrar a Eucaristia é comprometer-se a viver o amor serviço solidário entre nós como fez Jesus. Desta forma, a Eucaristia é revolucionária, nos aponta para o final da história humana na qual Deus será tudo em todos. Corpus Christi celebra a força vitoriosa do “absurdo” do amor de Deus que se faz pão material para matar a fome de infinito que está no coração humano. Celebremos está festa na alegria de celebrarmos também a nossa unidade, pois há um só Senhor, um só batismo é um só pão que a todos alimenta: Jesus. Celebremos nossa liturgia com fé e devoção, evidenciando a beleza que reside na simplicidade dos ritos e dos cantos. Manifestemos publicamente nossa fé na Eucaristia e na unidade que ela implica.
Nesta solenidade abençoo a todos com a bênção da saúde e da paz que vem de Deus.
Dom Pedro Carlos Cipollini
Bispo de Santo André