Diocese de Santo André

65 anos de história: Dom Décio Pereira

Durante meus estudos na Faculdade de Teologia “Nossa Senhora da Assunção” (PUC-SP), entre os anos 2012 e 2015, procurei me debruçar na pesquisa, resgatando a memória de Dom Décio Pereira, nosso 3º Bispo Diocesano. Como fruto desta, surgiu meu Trabalho de Conclusão de Curso, sob o título “Décio Pereira: um dom do diálogo do Concílio Vaticano II”, sob a orientação do Prof. Pe. Dr. Ney de Souza. Sendo assim, compartilho com os diocesanos alguns dados biográficos deste homem de Deus, Dom Décio Pereira.

Aos 24 de novembro de 1938, Henrique Pereira e Zilda dos Santos receberam o sacramento do matrimônio na paróquia São José do Belém, Arquidiocese de São Paulo; e, no dia 15 de abril de 1940, nasceu o único filho do casal, chamado Décio Pereira, no bairro Belém, em São Paulo. O pequeno Décio recebeu o Sacramento do Batismo no dia 25 de abril de 1943, pelo pe. Arnaldo de Moraes Arruda, na paróquia São Paulo Apóstolo, no Belenzinho, da Arquidiocese de São Paulo.

Infelizmente, aos 24 de junho de 1944, Zilda dos Santos Pereira, mãe de Décio, foi sepultada, aos 25 anos, no cemitério do Brás, Quarta Parada, em São Paulo, vítima de leucemia. Com o falecimento de Zilda, Décio passou a morar com seus avós maternos, Manoel dos Santos e Piedade dos Santos. Aos 23 de março de 1946, Henrique Pereira, pai de Décio, foi sepultado, aos 32 anos, no mesmo cemitério, vítima de acidente de trabalho. Sendo assim, com apenas 5 anos de idade, Décio era órfão de pai e mãe.

Entre os anos 1948 e 1951, Décio estudou da 1ª a 4ª série do primeiro grau no Grupo Escolar “Dr. Antonio de Queiroz Telles”, no Alto da Mooca. Já em 1949, recebeu o sacramento da Confirmação na paróquia São Paulo Apóstolo, em São Paulo.

Entre os anos 1952 e 1954, Décio estudou no Colégio Marista Nossa Senhora do Carmo, na região Sé, em São Paulo; e, entre 1955 e 1959, estudou no Seminário Menor do Imaculado Coração de Maria, em São Roque, São Paulo.

Entre os anos 1960 e 1962, Décio estudou na faculdade de Filosofia do Seminário Central de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida, São Paulo. Já, entre 1963 e 1966, estudou na faculdade de Teologia da Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma (Itália), morando no Colégio Pio Brasileiro.

Aos 8 de dezembro de 1966, Décio foi ordenado subdiácono; e, aos 15 de dezembro de 1966, foi ordenado diácono, em São Paulo. No dia 22 de janeiro de 1967, foi ordenado presbítero, na paróquia São Paulo Apóstolo, em São Paulo, por Dom Agnelo Cardeal Rossi, arcebispo de São Paulo.

Entre 22 de janeiro de 1967 e 07 de março de 1971, Pe. Décio foi vigário cooperador da paróquia santuário Nossa Senhora da Penha, na Penha, São Paulo. Ali desempenhou trabalhos sociais junto à “Agremiação do Pequeno Trabalhador”, acolhendo crianças em situação de rua.

Entre 07 de março de 1971 e 04 de abril de 1979, Pe. Décio foi pároco da paróquia Coração Imaculado de Maria (Capela da PUC/SP), em Perdizes, São Paulo. Presenciou o episódio da “Invasão da PUC”, na noite de 22 de setembro de 1977, pelos militares. Em março de 1972, Pe. Décio foi nomeado como diretor arquidiocesano para o Ensino Religioso Escolar e responsável pela Catequese na Arquidiocese de São Paulo. Em março de 1975, foi nomeado diretor espiritual da faculdade de teologia do Seminário regional.

Aos 24 de julho de 1975, Pe. Décio fundou a APROCIMA (Associação Promocional do Coração Imaculado de Maria), visando ao atendimento a crianças, adolescentes e famílias carentes. No dia 19 de setembro de 1975, foi nomeado chanceler do arcebispado de São Paulo.

Sobre a sua relação com o Cabido Metropolitano, aos 07 de maio de 1976, Pe. Décio recebeu o título honorífico de cônego catedrático; já aos 26 de julho de 1978, Cônego Décio foi nomeado 2º cerimoniário do Cabido Metropolitano.

No dia 09 de agosto de 1978, Cônego Décio foi nomeado Vigário Episcopal Substituto para a região Centro/Sé da Arquidiocese de São Paulo. Aos 04 de abril de 1979, foi nomeado, pelo papa João Paulo II, bispo titular de Martirano e auxiliar para a Arquidiocese de São Paulo, região Centro/Sé.

No dia 27 de maio de 1979, Mons. Décio recebeu a ordenação episcopal na Basílica de São Pedro, no Vaticano, tendo como sagrante principal, o papa João Paulo II. Três cardeais brasileiros (D. Agnelo Rossi, D. Aloísio Lorscheider, ofm e D. Eugênio Sales) participaram da cerimônia.

Entre 17 de junho de 1979 e 13 de março de 1989, Dom Décio exerceu o ministério episcopal como bispo auxiliar da região Centro/Sé, da Arquidiocese de São Paulo. Em maio de 1981, foi nomeado, pela CNBB, membro da CONAC (Comissão Nacional Anglicano-Católica Romana), em função do diálogo católico romano com os anglicanos.

Entre 13 de março de 1989 e 21 de maio de 1997, Dom Décio exerceu o ministério episcopal como bispo auxiliar da região Belém, da Arquidiocese de São Paulo; e, aos 21 de maio de 1997, foi nomeado, pelo papa João Paulo II, como bispo da Diocese de Santo André, tomando posse aos 29 de junho de 1997.

Na Diocese de Santo André, pode-se destacar a continuidade no trabalho pastoral que já estava sendo realizado, incentivando, sobretudo, o “Ano Missionário”; as “Visitas Pastorais”; as “Comemorações do Jubileu do Ano 2000”; “Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso”; “Catequese”; “Nomeações de dois membros do clero para o episcopado: Dom Manuel e Dom Airton”; “Preparação para a abertura do Jubileu de Ouro da Diocese”.

Aos 05 de fevereiro de 2003, Dom Décio faleceu, na residência episcopal, vítima de infarto do miocárdio. No dia seguinte, seu corpo foi sepultado no interior da Catedral Diocesana Nossa Senhora do Carmo.

Por ocasião do falecimento de Dom Décio Pereira, assim testemunhou Dom Paulo Evaristo Arns, na época, Cardeal Arcebispo emérito de São Paulo (Jornal “O São Paulo”, Ano 48, nº 2428, 12 de fevereiro de 2003, página 12):

Quando, como arcebispo de São Paulo, comuniquei ao Papa que não dava conta dos meus deveres pastorais na Região Centro de São Paulo, sugeriu-me ele, de imediato: “Peça um novo bispo auxiliar, bem aceito pelos padres, pelos religiosos e pelo povo”.

            Semanas depois, eu pregava retiro aos padres da cidade e lhes transmitia a proposta do Papa, com o pedido de me indicarem o nome por eles preferido. Quase por unanimidade, a escolha recaiu sobre o nome do cônego Décio Pereira. É modelo de padre, será também modelo de bispo, diziam todos. Só ele mesmo poderia satisfazer tanto aos nove bispos auxiliares como também aos demais colaboradores, concluía eu.

            Alguns anos mais tarde, dom Décio Pereira foi trabalhar na região Belém, até o momento de ser transferido para a diocese famosa de Santo André, sempre com empenho de “ser tudo para todos”.

            Quem teve a ventura de conhecer de perto o notável bispo dom Décio concordará, na certa, com todos os confrades e cristãos de São Paulo:

  • O rosto de Cristo se revelava nas feições e na ternura de dom Décio.
  • Sua generosa acolhida nos trazia à mente a figura de Cristo, pastor incansável.
  • Seu modo de causar alegria e confiança iluminava todos os ambientes.
  • Sua simplicidade, unida à fineza, transformava os encontros em festas de verdadeira fraternidade.
  • Seu estilo fraterno e sua comunicação saborosa uniam os corações em constante amizade.

Às vezes eu tinha a impressão de que somente ele sabia oferecer-nos tantas surpresas agradáveis em nossa convivência.

Ao ser informado de que dom Décio foi chamado a unir-se para sempre no céu ao amor de Deus e de todos os que protegeu e amou na Terra, pedi ao Senhor da História, a quem ele tanto amou e tão bem serviu, que nos tornemos semelhantes a ele no amor ao Cristo, nosso bom pastor.


*Artigo escrito por Pe. Willian Mariotto Torres

 

 

 

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