Setembro amarelo: Prevenção ao suicídio
Há quinze anos envolvida com a Defesa da Vida, especialmente em nossa Diocese de Santo André, julgava-me preparada para algumas urgências deste trabalho, como por exemplo, atender a uma mulher que, diante do desespero de uma gravidez inesperada e indesejada, procurava uma forma de se livrar desta situação abortando o bebê. Normalmente porque se sentia sozinha depois de ter sido abandonada pelo pai da criança em questão.
Quantas vezes revertemos situações assim, oferecendo-lhe colo e ajuda a esta mãe, dando-lhe o braço e o abraço, caminhando com ela, não a deixando sozinha… E como foi gratificante e fortalecedor, receber de uma mãezinha, um recado no dia seguinte ao nosso atendimento, dizendo-nos que se nós não tivéssemos surgido em sua vida naquela dia, na verdade no dia anterior, ela teria matado as crianças (gêmeos de 6 meses de gestação) e depois se matado, tamanho era seu desespero e solidão. E são tantos relatos semelhantes a este…
No início do ano passado, recebi duas ligações em casa, duas situações diferentes, me perguntando se atendia também às situações de tendência ao suicídio… Confesso ter ficado meio sem chão, pois ciente de ser uma defensora da vida desde a concepção até seu declínio natural, não sabia direito o que fazer, o que dizer, a não ser encaminhar para alguém que, mais do que eu, tivesse preparo psicológico e ou psiquiátrico para orientar com propriedade e eficiência a pessoa que, por alguma razão, perdeu todo o sentido de sua existência para pensar em dar cabo a ela. Que dor é esta que leva a pessoa a querer se livrar do sofrimento emocional e não da vida propriamente dita? Como lidar com esta triste realidade, tão comum em nossos dias, quer entre jovens e crianças, quer entre adultos e idosos?
O que nos compete como cristãos é ajudar a pessoa a passar pela tempestade, a perceber que há luz depois do túnel, de que todos nós somos filhos muito amados por Deus, feitos à imagem e semelhança de um Deus trino que habita em nós, o Pai, o Filho e o Espírito Santo – que deve ocupar todos os cantos de nossa casa, de nosso templo espiritual que é nosso próprio corpo, pois se o “Senhor não guarda a casa, em vão trabalham as sentinelas” (Sl 127), nos ensinam as Sagradas Escrituras. Que se não preenchermos os vazios, de nossa casa e de nosso coração, o encardido toma conta, nos rouba tudo, nos destrói. Nós não estamos sozinhos. Fazemos parte do corpo místico de Deus, da grande família em que temos um Pai poderoso e uma mãe maravilhosa que incansavelmente intercede por nós, para que nossas águas sejam transformadas no melhor vinho de nossa existência.
Temos cuidado dos que nos cercam? Oferecemos nossa companhia, nossos ouvidos para que possam falar de seus sentimentos, seus anseios e inquietações? Dedicamos de nosso melhor tempo às pessoas que caminham conosco ou lhes dedicamos o menor e mais cansado tempo de nosso dia a dia? Temos estado com elas? Onde e com quem passam a maior parte do tempo? Como ter convivência de qualidade onde o tempo é menos que necessário para isso? Para quem tem sido dada a melhor fatia de nosso bolo chamado tempo?
E como vivem sozinhas nossas crianças… nossos jovens… nossos idosos… delegados sabe-se lá aos cuidados de quem… à mercê das influências negativas dos meios de comunicação… e muitas vezes, das pessoas, recomendadas aos cuidados destes… Assim como temos que alimentar o amor ao nosso cônjuge, para que tudo não caia na mesmice destruidora de relacionamentos, às crianças, temos que dar-lhes atenção, estar com elas, participar de sua vida escolar, brincar com elas… aos jovens, enaltecer-lhes a beleza própria desta idade, sua importância para nosso futuro… aos idosos, companhia e cuidados para com quem um dia teve tanto zelo por nós… Ninguém se sinta estorvo na vida de ninguém, mas parte fundamental e insubstituível para nossa felicidade plena.
Aprendi que a cor amarela significava desespero, a verde esperança, o branco paz, o vermelho paixão e assim por diante. Depois, começaram as campanhas de conscientização ante a problemas sérios, ora ligados à saúde mental e espiritual do setembro amarelo, à prevenção do câncer feminino do outubro rosa, aos cuidados masculinos no que se refere ao câncer de próstata no novembro azul, e assim por diante. O cuidado precoce salva vidas. Eis nossa responsabilidade do cuidar-se também. Olhar para nossa criatura com zelo maternal, paternal.
Se não nos amarmos antes de tudo, toda relação com o outro e com Deus fica comprometida. Como amar, se não nos amamos? Que amor dedicamos aos que caminham conosco se somos ácidos, mal humorados, mal amados por nós mesmos? Precisamos entender em que tripé está o amor quando Jesus responde ao ser interpelado de qual seria o maior de todos os mandamentos: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo” (Mt 22, 34-40)
Que sejamos a lenha na fogueira da vida de nossos irmãos… aquele graveto que anima e mantem o fogo aceso… jamais a brasa que se distancia da fogueira e devagarinho se apaga… Sal da terra e luz do mundo, eis o que devemos ser. (Mt 5, 13-14)
Que nossas pastorais e nossas famílias possam ser verdadeiramente um “hospital de campanha” como nos sugere a Encíclica Pós-Sinodal Amoris Laetitia, sobre a alegria do amor na família. […] compreender, perdoar, acompanhar, esperar e, sobretudo, integrar. Esta é a lógica que deve prevalecer na Igreja para fazer a experiência de abrir o coração àqueles que vivem nas mais variadas periferias existenciais. (n.312)
Recentemente, em nosso primeiro Simpósio da Família, tivemos a excelente palestra sobre Depressão e Suicídio, tema exigente sobre o qual temos que nos formar, formar e continuar formando; informar, informar e continuar informando. É uma crescente para a qual não podemos fechar nossos olhos. Não é manha; não é frescura; nem fraqueza. É doença e precisa de cuidados. É o que aprendemos nesta e em outras tantas palestras a respeito que tivemos a oportunidade de ouvir.
Que Jesus, luz do mundo, a verdadeira luz, que tudo ilumina e aquece, nos ajude a sermos luz na vida daqueles que por alguma razão não mais a sentem nem a percebem; concedendo-nos a graça e os dons do Espírito Santo, especialmente o dom da Sabedoria e do Entendimento, para lidarmos com tantas situações em que o mais importante a levar é o nosso amor. Amor que nos capacita para a missão. Que nos ensina a estender as mãos. Amém.
Artigo desenvolvido por Osmarina Pazin Baldon
Depressão e Suicídio
Por Tereza Pitarello Shoshima – Terapeuta familiar e individual
Estamos vivendo dois grandes problemas da vida moderna; a depressão e o suicídio. A depressão não escolhe raça, posição social, cultura ou religião. Ela atinge pessoas de todas as idades e sexos. Hoje temos crianças depressivas e com mais frequência a partir da adolescência, na vida adulta e o idoso atualmente tem lutado muito para não cair em um estado depressivo.
A depressão é uma doença psiquiátrica que produz alteração de humor, levando a pessoa a um estado de desânimo e tristeza profunda, em muitos casos levando ao suicídio, tal o grau de sofrimento que a pessoa se encontra. O deprimido não vê luz no fim do túnel. Os principais sintomas da depressão são: Irritabilidade, ansiedade e angústia, tristeza excessiva, choro frequente, desânimo constante, desinteresse, apatia, sentimento de vazio e outros. A depressão é muito mais comum do que imaginamos.
A depressão é coisa séria e deve ser encarada com respeito, a pessoa deprimida perde completamente o sentido pela vida e um dos maiores risco da depressão é o suicídio. A pessoa perde totalmente a vontade de viver, perde a esperança, entra em crise existencial e a única solução é a morte. A depressão geralmente tira toda espiritualidade da pessoa, diferente do que muita gente pensa, não é falta de fé. A fé ajuda a pessoa a dar sentido de pertença a que ela precisa, e a religião pode sim ajudar muito no tratamento, mas é preciso buscar ajuda do profissional qualificado para obter um diagnóstico. O tratamento é sempre uma combinação de dois profissionais: o psiquiatra e o psicólogo
Se você conhece alguém que esteja em estado depressivo, incentive a pessoa a procurar ajuda, pois o preconceito ainda é grande, e as pessoas não aceitam ser tratadas quando a doença é psicológica, determinam falta de vontade, falta de esforço e não é sinal de fraqueza. As pessoas em estado depressivo precisam de ajuda de um profissional e muita compreensão.
A depressão tem tratamento. Se você acreditar que tem depressão, busque ajuda! Se conhece alguém que tem depressão e está sem acompanhamento ajude essa pessoa a buscar ajuda de um profissional qualificado.