O bispo da Diocese de Santo André, Dom Pedro Carlos Cipollini, protagonizou um momento especial para alunos do Instituto de Filosofia e Teologia da Faculdade Paulo VI, em Mogi das Cruzes, na Região Metropolitana de São Paulo. Ele foi convidado para ser o palestrante do início do ano letivo do curso, na manhã de segunda-feira (03/02), apresentando a Aula Magna “Mudanças de época do pontificado do Papa Francisco”. “Para o Papa Francisco, a teologia deve estar enraizada na sagrada escritura e na tradição, mais precisamente acompanhar os processos culturais e sociais e seus conflitos. Com o método da oração e do discernimento, que é muito próprio dos jesuítas, Papa Francisco propõe a Igreja itinerário a partir do evangelho como o sonho missionário de chegar a todos”, bispo diocesano, ao destacar que o sumo pontífice defende uma Igreja corresponsável, ministerial, servidora dos pobres, promotora da justiça e da paz necessitando colocar-se em saída e missionária.
Antes da palestra, o presidente do Regional Sul 1 da CNBB e bispo da Diocese de Mogi as Cruzes, Dom Pedro Luiz Stringhini, celebrou a missa de abertura da atividade, que contou com vários padres da região e com o bispo emérito da Diocese de Mogi das Cruzes, Paulo Mascarenhas Roxo.
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Pontos fundamentais
Dom Pedro destacou quatro tópicos fundamentais para melhor compreensão do pontificado de Francisco, iniciado em março de 2013. Ele comentou sobre o carisma do papa, de uma teologia pastoral emergente, numa mudança de época diante da realidade socioeconômica e política e os reflexos dentro da própria Igreja. São eles: o fim do Ethos Judaico-Cristão, que significa não vivemos num mundo perfeito, mas vivemos no melhor que já existiu (conjunto de traços, princípios e modos de comportamento que conformam o caráter ou a identidade de uma coletividade) em meio a perda de valores; a Era do Vazio e da apatia (o iluminismo gerou ciência e humanismo. É preciso ousar, refletir e pensar. Razão e progresso têm como efeito a criação do mundo moderno); a Globalização sem Solidariedade e o Paradigma Tecnológico (a técnica resolvendo tudo; há uma ruptura entre valores humanísticos e a ciência moderna); e por último, a Crise Antropológica (Papa Francisco descreve que “a crise financeira que atravessamos faz nos esquecer que na sua origem há uma crise antropológica profunda que consiste na negação da primazia do ser humano”), presente na Exortação Apostólica Evangelii Gaudim, nº 55, de 2013. “Uma reflexão muito rica que Dom Pedro trouxe para nós, que chegue aos corações de toda a juventude e poderão refletir e absorver esse aprendizado durante os cursos de Teologia e Filosofia”, agradeceu o bispo anfitrião de Mogi das Cruzes, Dom Pedro Luiz Stringhini.
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Igreja missionária
Para o aluno do 1º ano de Filosofia, Eduardo Lino Santos Souza, 30 anos, um dos aspectos mais interessantes apresentados na palestra de Dom Pedro foi a explicação a respeito da mudança de paradigma no pontificado do Papa Francisco. “O foco na evangelização dos povos. Se a Igreja não vai até o povo, não o conquista, vem os “lobos”, outras religiões, ideologias, que pregam um amor exacerbado ao dinheiro, ao mundo material, e esquece que o ser humano é também espiritual”, avalia o estudante, ao citar a transparência das investigações com transparência e o rigor necessário.
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Homem de Pastoral
Aspirante da Ordem dos Clérigos Regulares Teatinos, Leonardo Dias Laughton Filho, 20 anos, também está no 1° semestre do 1°ano de filosofia. “Algo que me marcou na conferência realizada por Dom Pedro foi quando o mesmo comentou que o Papa Francisco é um homem de pastoral e em seu pontificado se baseia principalmente nos documentos e constituições do Concílio Vaticano II referentes a pastoral e por isso se torna um homem complicado e incompreensível além de outros adjetivos citados.Leonardo também comentou que por ser um homem de pastoral, Papa Francisco acaba por causar uma certa incompreensão em ambos os lados da Igreja, tanto a ala de direita quanto a de esquerda, por querer salvar almas através da caridade e misericórdia.