Diocese de Santo André

Série Dia dos Pais: a Paternidade Espiritual dos Padres

A Diocese de Santo André apresenta neste sábado (08/08), o segundo capítulo da série especial sobre o Dia dos Pais, dessa vez com abordagem sobre a Paternidade Espiritual dos Padres.

Sacerdotes, seminarista e leigo comentam sobre as particularidades dessa vocação como pai das comunidades e de seus filhos. Acompanhe:

Primeira missão

Com a experiência de 43 anos de sacerdócio, Pe. José Ailton Teixeira, 73 anos, que atualmente é vigário paroquial da Igreja Matriz – Paróquia Imaculada Conceição de Mauá, considera que a missão de um padre antes de tudo é ser pai.

O presbítero recorda exemplos de padres que marcaram época na Diocese de Santo André ao longo dos 66 anos de história, como José Mahon e Alfredinho, ambos da Congregação dos Filhos da Caridade, Rubens Chasseraux, Cônego Belisário Elias de Souza, no exercício da ação pastoral e social.

“A importância de um padre como pai de uma comunidade, dos pobres em nosso caminho de fé é saber que todo padre, por determinação do próprio Cristo é pai. Padre quer dizer pai, aquele que se responsabiliza, aquele que se compromete com aquilo que está fazendo. Pai comum de toda a comunidade como fora o próprio Jesus Cristo”, salienta.

Segundo Pe. José Ailton, apesar dos padres não serem pais biológicos, são pais espirituais que cuidam não somente da parte da espiritualidade, mas também da parte humana, solidária e fraterna.

“Todo padre na comunidade é o pai, é aquele que cuida com amor, com carinho e com afeto levando a mensagem de Jesus Cristo: ‘Vois sois todos irmãos’, porque o pai único de todos nós é Deus, o Pai por excelência”, pontua.

Importância nas vocações  

Instituído pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) em sua 19ª Assembleia Geral, no ano de 1981, o Mês Vocacional foi escolhido no calendário anual para ser celebrado em agosto, em todo o país, com o objetivo de conscientizar as comunidades da responsabilidade que compartilham no processo vocacional, além de ser um tempo especial de reflexão e oração pelas vocações e ministérios.

Nas duas primeiras semanas celebramos duas vocações que estão totalmente interligadas. Na primeira semana, a vocação sacerdotal, e na segunda, a vocação familiar.

De acordo com o seminarista de Filosofia, Jhonatan Kauê Fernandes, 22 anos, explica que o significado da palavra padre pode ser entendida como pai, ou seja, o padre é aquele responsável por gerar filhos para Deus, cuja função numa comunidade se assemelha muito a função de um pai numa comunidade familiar.

“O padre tem a reponsabilidade de alimentar os filhos espirituais com a sagrada eucaristia. Tem a responsabilidade de ensinar os filhos na doutrina social da igreja. Tem a responsabilidade de corrigir, se necessário, e nós sabemos que na vida da família todas essas funções também são responsabilidades dos pais”, reflete.

Na caminhada ao sacerdócio, Jhonatan valoriza a importância da figura do sacerdote para que novas vocações floresçam na Igreja e relembra o papel do Pe. Paulo Afonso, atualmente pároco da Paróquia São João Batista, no Rudge Ramos, em São Bernardo, em seu discernimento vocacional.

“A presença de um padre na vida de uma comunidade é algo fundamental. Agradeço por ter tido a oportunidade de ter em minha comunidade de origem (Paróquia Sagrada Família, em São Bernardo), a presença do Pe. Paulo Afonso da Silva que durante muitos anos conduziu o rebanho em São Bernardo e que nos mostrou a importância de responder sim ao chamado de Deus, de forma muito gratuita, frisando sempre a questão da caridade pastoral”, confidencia.

Testemunho vocacional

Padre mais jovem da Diocese de Santo André, Pe. Guilherme Franco Octaviano, 28 anos, completou em 2020 o primeiro ano como sacerdote. E uma pessoa foi fundamental na sua acolhida ao chamado de Deus, como conta em seu testemunho.

“Minha paróquia de origem é a São José do Baeta Neves, em São Bernardo, e o Pe. Carlito (Dall’Agnese, 84 anos) foi pároco entre 1985 e 2015. Então, desde que nasci conheço o padre e sem saber porque sempre tive uma estima muito grande, desde pequeno, uma admiração muito grande por ele”, afirma o administrador paroquial da Paróquia São Jorge, em Santo André.

“Cresci na paróquia e depois quando jovem, comecei a sentir o chamado à vocação sacerdotal, foi nele (Pe. Carlito) que me espelhei. Então, apesar da sua idade, das suas limitações físicas, sempre observava uma alegria muito grande em servir, uma disponibilidade, atendia a todos, visitava a todos os que o procuravam, independente de dia e horário. Essa alegria e disponibilidade que me marcaram desde o começo”, relata Pe. Guilherme, ao expressar enorme gratidão ao falar sobre o responsável por inspirar sua trajetória como presbítero.

“Devo muito o que vejo como a vida de um sacerdote ao testemunho do Pe. Carlito. Sou muito grato a ele e peço a Deus a graça de poder ajudar as pessoas na caminhada da vida”, agradece.

Legado para toda a vida

“Na verdade, não se portava apenas como um sacerdote. Era pai. Gostava dos filhos. Se preocupava. Queria saber como como você estava. Se faltasse numa missa, ele sabia. Aconselhava e orientava. Aquela preocupação do pai para com o filho, mesmo”. O aposentado José Aparecido, conhecido por Pelé, 64 anos, se refere ao Pe. Rubens Chasseraux (falecido aos 80 anos, em 2019), que deixou um grande legado nos aspectos espiritual e social, principalmente na Vila Palmares, em Santo André, onde foi pároco por mais de quatro décadas da Paróquia Nossa Senhora das Dores.

“Tinha um grande zelo por nós. Digo, por mim, pois tive fases muito difíceis. Perdi meu pai cedo e fiquei arrimo de família. Depois quem fez esse papel foi o Pe. Rubens, assim como para tantas pessoas que ele adotava como filhas”, recorda Pelé, ao destacar o carisma do sacerdote em unir a ajuda psicológica e solidária para melhorar a vida da comunidade.

“Esse aspecto de se preocupar com a vida de cada um, de as pessoas aprenderem uma profissão, condições de moradia e de emprego. Ele cobrava também, era tido por muitos como rebelde, mas no fundo sempre foi uma pessoa abençoada que queria o melhor para todos”, analisa.

Pelé relembra uma frase do bispo diocesano Dom Pedro Carlos Cipollini, quando este chegou à Diocese e conheceu a história de Pe. Rubens. “É uma lenda viva”. E essa lenda ficará marcada para sempre nos corações da comunidade que ele plantou as sementes que germinaram e geraram belos frutos.

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