Diocese de Santo André

Vocações em tempos de pandemia: a fé e os desafios da vida sacerdotal

Neste Mês Vocacional, a Diocese de Santo André recordará toda semana, sempre uma vocação do serviço à Igreja e da doação ao povo de Deus. Iniciando nesta terça-feira (04/08) com as vocações sacerdotais, no Dia de João Batista Maria Vianney (1786-1859), sacerdote francês e padroeiro dos padres, também conhecido como Santo Cura D’Ars, canonizado em 1925, pelo Papa Pio XI.

E acolher o chamado, o tema que norteia o Ano Vocacional Diocesano, é firmar um compromisso em proclamar a Palavra de Deus e viver o Teu Reino aqui. Os desafios foram acentuados durante o distanciamento social imposto pela Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus. Como vivenciar a vocação em tempos de pandemia? A resposta pode parecer complexa, mas indica alguns caminhos para vencer os obstáculos.
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Tempos de reinvenção

“Vivenciar o sacerdócio nestes tempos de pandemia é um grande desafio, porque ser padre é ser pastor. Exige esse comprometimento, esse contato com as pessoas. E nesse tempo justamente proteger e estar com as pessoas, significa estarmos mais no isolamento”, pondera o assessor da Pastoral Vocacional, Pe. Everton Gonçalves Costa, 31 anos, um dos padres mais jovens da Diocese, e que completou recentemente cinco anos de sua ordenação presbiteral. Ele acredita que as mídias sociais foram fundamentais neste período para se manter próximo da comunidade, mesmo durante a quarentena.

“Sou um padre novo, mas imaginamos os padres mais de idade nessa questão da tecnologia. Todo mundo precisou se reinventar e aprender novos caminhos para fazer a evangelização continuar acontecendo, mesmo em meio à pandemia e nesse tempo complicado que estamos vivendo”, enfatiza o pároco da Paróquia Sagrada Família, em São Bernardo.
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Vitalidade a serviço

Tecnologia essa que fez parte do universo do Frei Diogo Luis Fuitem, já conhecido pela sua familiaridade com a comunicação, por meio de participações em programas de televisão e rádio, além de um apaixonado pelo mundo da leitura, ao escrever e lançar livros. Aos 78 anos de idade, o religioso franciscano conventual esbanja vitalidade. “Na verdade, nesse tempo de pandemia

descobrimos oportunidades diferentes de evangelizar. A internet permitiu de fato que os contatos com as pessoas e as comunidades não fossem interrompidos. Se por um lado, o isolamento nos deixou ilhados, a tecnologia nos permitiu viver virtualmente em comunidade”, analisa o frei, que participou de lives pelas mídias sociais para abordar temas religiosos e histórias de santos, como Santo Antônio e São Padre Pio.

Em seus quase 53 anos de ordenação sacerdotal, que serão celebrados no próximo dia 3 de setembro, Frei Diogo sabe dos muitos obstáculos que viveu e presenciou ao longo das décadas, mas também das superações e união do povo para vencer as dificuldades. Uma delas é a solidariedade, muito praticada neste período para socorrer as famílias necessitadas. “A virtude da fé e da caridade foram praticadas e estão sendo exercitadas. Há esperança também que a virtude teologal nos sustente na travessia para um tempo melhor. Esse é o desafio do momento. Paciência, capacidade de suportação e viver a esperança”, sintetiza o frei da Ordem dos Frades Menores Conventuais na Diocese de Santo André.
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Caminhos da oração

Manter a animação e motivação diante das adversidades. Pe. Silvânio José da Silva, 43 anos, elege esse objetivo para não perder o foco da evangelização durante o isolamento social. “Se para nós é um desafio, imagine para o povo, para as ovelhas que precisam se manter animadas. Vivenciamos algo que nunca imaginávamos viver”, pontua o padre com a experiência de uma década de sacerdócio. “Tenho contato com as pessoas pelas redes sociais e acredito que a força da oração é o caminho para superarmos esse momento difícil”, comenta o pároco da Paróquia Santa Luzia, em São Bernardo, que tem lidado com todos os cuidados necessários a reabertura da igreja para missas presenciais em meados de setembro.
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Pós-pandemia

Os três personagens da reportagem também deixam uma mensagem de como projetam a atuação depois do controle da pandemia e a imunização da população com a chegada da vacina. “Aprendemos que é possível evangelizar pelas mídias sociais. Mas claro que temos de ter o cuidado para que as transmissões online não se tornem uma única prática, porque ser igreja exige o contato físico, exige superar esse distanciamento. Às vezes, as pessoas vão se acomodando em ter tudo dentro da sua casa. E a fé exige o compromisso, o contato”, alerta Pe. Everton.

“Quando distanciamento não ocorrer mais, em função do controle sobre a pandemia do coronavirus, caberá aos líderes e grupos nas comunidades a reatarem o elo que ficou interrompido. Eu mesmo espero estar em contato mais direto por meio da confissão, sacramento cujo atendimento nesse tempo de pandemia ficou difícil de ser realizado”, confidencia Frei Diogo.
“O principal será estarmos juntos. Por isso, o termo comunhão é a igreja toda que se reúne para formar um só corpo, onde Cristo é a cabeça. Então, temos que ter essa consciência de que a presença é importante dentro das igrejas, e não priorizando o universo virtual, que é importante, porém, mais importante ainda é trabalhar essa retomada da vivência em comunidade”, salienta Pe. Silvânio.

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