Bermudas, camisetas, carteiras, itens para celulares, doces e outros tantos produtos – e agora, máscaras de proteção contra a Covid-19 – podem ser encontrados em ruas comerciais do Grande ABC, principalmente em pontos movimentados, comercializados por vendedores informais ou ambulantes irregulares. Apesar de a compra ser fácil e o preço ser abaixo do praticado nos negócios formais, a prática é vista como concorrência desleal por lojistas, na medida em que os informais não pagam impostos ou aluguel e, muitas vezes, vendem mercadoria de procedência duvidosa, e geralmente sem garantia.
Embora algumas prefeituras tenham notado a queda no número de ambulantes nas ruas, devido à pandemia, após a flexibilização para abertura dos comércios e, principalmente, com a chegada de dezembro e período que antecede o Natal, é fácil perceber que a quantidade é maior, sobretudo em pontos nas regiões centrais das cidades. Diante disso, as administrações afirmam ter intensificado a fiscalização.
A equipe do Diário percorreu algumas ruas das sete cidades e, em Santo André, encontrou vários vendedores ambulantes nas ruas General Glicério e Bernardino de Campos, apesar da presença de veículos da PM (Polícia Militar). A Operação Natal Seguro teve início segunda-feira a fim de reforçar a segurança nos principais corredores comerciais.
A venda irregular também é encontrada nos centros comerciais de Diadema, como na Avenida Antônio Piranga, onde barracas e produtos pelo chão tomam as calçadas e parte da rua. Um vendedor no local – que comercializa bermudas e camisetas e preferiu não se identificar – disse que pretende regularizar seu negócio em 2021. “A pandemia me pegou de surpresa. Tive que me adaptar, trabalhar de algum jeito. Se der certo, em breve faço meu pedido”, detalha.
A Prefeitura informou que fiscaliza as atividades irregulares, e que também orienta a população no que se refere à aglomeração. Segundo a administração, “houve uma queda (no número de ambulantes) no início, voltando ao normal com a flexibilização”.
Na Avenida Barão de Mauá e ruas próximas à estação de trem, em Mauá, também salta aos olhos a presença de ambulantes. Pelas calçadas, muitos produtos espalhados no chão. Apenas um veículo da PM foi visto, mas sem incomodar os vendedores. Durante a pandemia, os ambulantes não puderam trabalhar.
Ainda na cidade, a vendedora de uma loja de roupas, Joyce Souza, 25 anos, disse que, apesar do aumento nesta época do ano, em 2019 a presença dos vendedores informais era ainda maior. “Com a fiscalização devido à Covid, pode ter inibido um pouco a presença deles. Mas em época de Natal sempre vemos mais”.
São Bernardo informou que a fiscalização também é diária, e quee a maior concentração de ambulantes é no Centro. A fiscalização conta com o apoio da GCM, assim como em São Caetano, sendo que denúncias podem ser feitas pelo SOS Cidadão, nos números 156 ou 0800-7000156.
Ribeirão Pires garantiu que também reforça a fiscalização nesta época do ano, e que orienta com relação aos protocolos sanitários contra a Covid. Rio Grande da Serra não retornou o contato.
No Grande ABC, 2.047 têm licença para trabalhar nas ruas de 5 cidades
Levantamento feito pelo Diário junto às prefeituras do Grande ABC mostra que em cinco das sete cidades – Santo André, Sao Bernardo, São Caetano, Diadema e Mauá – existem 2.047 ambulantes licenciados para trabalhar nas ruas.
Santo André soma 750 vendedores autorizados, mas existem novos pedidos de licença que serão analisados pela Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André), responsável por esse tipo de comércio.
Em São Bernardo são 800 ambulantes licenciados. Para obter a licença é preciso solicitar por meio do site guiadeservicos.saobernardo.sp.gov.br/guia-de-servicos.
Atualmente, em São Caetano são 200 ambulantes cadastrados, porém, no momento, não há previsão para novos cadastros. Assim como em Diadema, que publica editais quando há vagas para atuação como empreendedor popular. Lá, são 168 ambulantes cadastrados, enquanto Mauá tem 129. Em Ribeirão Pires, por enquanto, não há comerciantes autorizados na cidade. A Prefeitura de Rio Grande da Serra não retornou até o fechamento desta edição.
Fonte: Diário do Grande ABC