Realizada no início da tarde desta quarta-feira (14/04), pela plataforma Zoom. terceira Coletiva de Imprensa da 58ª Assembleia Geral (AGCNBB) da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), destacou o balanço de um ano do Pacto pela Vida e pelo Brasil e os objetivos da Campanha da Fraternidade de 2022.
Participaram do bate-papo com os jornalistas das emissoras de televisão, rádio, sites, jornais e revistas católicas e assessores de imprensa das dioceses e arquidioceses, o arcebispo de Montes Claros (MG) e presidente da Comissão para a Cultura e Educação da CNBB, Dom João Justino de Medeiros Silva; o bispo auxiliar de Porto Alegre (RS), Dom Leomar Antônio Brustolin, e o bispo de Lages (SC) e presidente do Grupo de Trabalho do Pacto pela Vida e pelo Brasil, Dom Guilherme Werlang.
Os profissionais foram acolhidos pelo presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da CNBB, Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães, com apoio da assessora de Comunicação da CNBB, Manuela Castro, e do coordenador de Comunicação da Diocese de Santo André e assessor da Comissão Episcopal para a Comunicação da CNBB, Pe. Tiago José Sibula da Silva.
Pacto pela Vida e pelo Brasil
O presidente do Grupo de Trabalho do Pacto pela Vida e pelo Brasil, Dom Guilherme Werlang, enfatizou que o principal objetivo da iniciativa criada no Dia Mundial da Saúde (7 de abril), cujo documento conta com as entidades signatárias CNBB, da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), da Comissão Arns, da Academia Brasileira de Ciências, da Associação Brasileira de Imprensa, da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e adesão de mais de 150 organizações do país é apresentar um conjunto de indicações ao Governo Federal e Poder Legislativo visando a garantia da saúde dos brasileiros e da manutenção da estabilidade econômica do país diante da pandemia da Covid-19.
“O Pacto pela Vida e pelo Brasil implica tanto na defesa da vida humana, mas especialmente também na defesa dos projetos de políticas públicas que estão sendo desmontados. Precisamos defender a vida e lutar pelo Brasil. E não é possível lutar pelo Brasil sem defender a vida e a vida dos mais pobres em primeiríssimo lugar”, salienta Dom Guilherme, que elogia o SUS (Sistema Único de Saúde) como o maior projeto de saúde pública da América Latina e um dos maiores do mundo.
Os desafios de quem está na linha de frente e de quem trabalha diariamente para resgatar e salvar vidas
“Infelizmente nestes últimos anos, as políticas públicas que foram alcançadas com tanta luta popular brasileira estão sendo desmanteladas, desacreditadas e retirados recursos básicos fundamentais para que eles possam cumprir sua função, sua finalidade. Além disso, a pandemia estava começando, assustando todos nós, ameaçando milhares de vidas brasileiras e observamos a calamidade dos incêndios no Pantanal, na Amazônia, no Cerrado, para citar três grandes biomas”, comenta.
O bispo recorre ao conceito do Papa Francisco para elucidar que as nossas vidas estão interligadas com tudo que acontece no planeta e na natureza, tendo influência direta no cotidiano de cada pessoa. Após um ano e as consequências do agravamento da pandemia, o Brasil pode voltar para o Mapa da Fome com o avanço da pobreza “Milhões de brasileiros passam fome todos os dias”, frisa o bispo,
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Segundo Dom Guilherme, o Pacto pela Vida e pelo Brasil deve reforçar, sobretudo, o direito à segurança alimentar. “A prioridade nestes tempos de pandemia deve ser uma política pública eficiente de segurança alimentar. O alimento é direito de todos”, conclui Dom Guilherme.
Fraternidade e Educação
A Campanha da Fraternidade de 2022 terá como tema “Fraternidade e Educação” e o lema “Fala com sabedoria, ensina com amor” (Provérbios 31, 26). A definição aconteceu em agosto do ano passado, durante a reunião ordinária do Consep (Conselho Permanente da CNBB)
“A opção foi pela educação. Já estávamos vivendo o período da pandemia e chamava-se a atenção de todos de que não deveríamos fazer uma abordagem estritamente apenas voltada para as instituições de ensino, mas pensar a educação na sua relação mais ampla com a sociedade. Pensando em todos aqueles que são atores da educação. a começar pela família, sem dúvida as instituições de ensino, as outras entidades da nossa sociedade e a própria sociedade como um todo”, explica o presidente da Comissão para a Cultura e Educação da CNBB, Dom João Justino de Medeiros Silva,
O objetivo geral da Campanha da Fraternidade 2022 é promover um diálogo sobre a realidade educativa no Brasil (a educação numa perspectiva mais ampla) à luz da fé cristã (o discernir) propondo caminhos em favor do humanismo integral e solidário (o resultado da educação).
Cada uma das partes do objetivo geral (escutar, discernir e propor) se desdobra em objetivos específicos, como analisar o contexto da educação e seus desafios potencializados pela pandemia.
“Temos uma bonita tradição de educação no Brasil com muitos ganhos, mas também temos muitas lacunas. E a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil produziu nos últimos anos, um texto interessante da Coleção Pensando o Brasil sobre Educação, onde ali, como subsídio, os bispos também já apresentavam algumas preocupações nesse contexto”, relembra Dom João Justino.
Diante da atual realidade, a tarefa é verificar o impacto das políticas públicas na educação e como o Estado brasileiro cuida e contribui para o processo de educação, num processo de diálogo e escuta para melhorias na área educacional.
Neste sentido, o papel da Igreja é fundamental no aspecto do discernimento. “identificando valores e referências da Palavra de Deus, da tradição cristã, em vista de uma educação humanizadora. E refletir sobre o papel da família, da comunidade de fé e da sociedade no processo educativo, em colaboração com as instituições de ensino” destaca Dom João Justino.
Por fim, a Campanha da Fraternidade de 2022 propõe o incentivo de ações educativas que enraizadas no evangelho promovam a dignidade humana, a experiência do transcendente, a cultura do encontro e o cuidado com a Casa Comum.
“Estimular a organização do serviço pastoral junto às escolas, universidades, centros comunitários e outros espaços educativos. Temos uma bonita experiência da Pastoral da Educação que pode ser incrementada neste ano, com a ajuda da Campanha da Fraternidade. E promover uma educação comprometida com novas formas de economia ,de política e de progresso verdadeiramente a serviço da vida humana, em especial dos mais pobres”, complementa o bispo.
A pedagogia do Papa Francisco
O bispo auxiliar de Porto Alegre (RS), Dom Leomar Antônio Brustolin, ressalta que a Campanha da Fraternidade de 2022 com o tema direcionado para a educação possui transversalidade em três aspectos:
Primeiro ponto
“Primeiro, a pandemia vai aparecer nessa realidade em todas as três dimensões do escutar, do discernir e do propor, porque se calcula que cerca de 20 milhões brasileiros ficaram sem escola em 2020. Sem justiça social e sem consciência ambiental. como vamos pensar em um mundo melhor numa educação que não considere isso?”, questiona.
Recorde um artigo de Dom Pedro Carlos Cipollini sobre o tema da Educação no Brasil
Segundo ponto
“Um outro aspecto é o pensamento do Papa Francisco no que poderíamos chamar de pedagogias de Francisco, a pedagogia da escuta, a pedagogia do diálogo, a pedagogia da proximidade, da acolhida e do encontro. Temas importantes, mas que parece que em tempos de polarizações precisamos fortalecer a Igreja na sua tradução profética de acentuar a tinta sobre a verdade. Está faltando muita caridade. Onde não há caridade, não há verdade”, constata.
Terceiro ponto
“Um terceiro ponto é o Pacto Educativo Global que parte do ponto da (Encíclica) Laudato Sí, em 2015, quando o Papa Francisco escreve no número 215, que a educação será ineficaz e os seus esforços estéreis, se não se preocupar também por difundir um novo modelo relativo ao ser humano, à vida, à sociedade e à relação com a natureza. Por isso, a Campanha da Fraternidade de 2022 não vai trabalhar apenas a educação, mas a questão da cultura, como a cultura e a civilização que estamos construindo neste momento de pandemia, onde até usar a máscara se torna um motivo de polêmica. Que educação estamos promovendo?”, reflete.
De acordo com Dom Leomar, o conjunto desses três pontos convergem num objetivo despertar para uma nova solidariedade universal e uma sociedade mais acolhedora e, portanto, promover uma educação mais aberta e inclusiva, capaz da escuta paciente e do diálogo construtivo.
Fonte: Assessoria de Comunicação Diocese de Santo André
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