Francesco Chippari (Franco) nascido na Itália em 22 de julho de 1938, primogênito do casal Domênico Chippari e Caterina Lamana Chippari (in Memorian) vieram para o Brasil no ano de 1954, onde a família se radicalizou na Cidade de Santo André.
Família Chippari com grande tradição religiosa sempre encaminharam seus filhos a participarem na Paróquia São José Operário. Foi nessa mesma Paróquia que Francesco conheceu Nilda, na época membro da Pia União das Filhas de Maria, com quem se casou em 30 de janeiro de 1966. Constituiriam uma grande família a exemplo de seus pais e sogros, colocando Deus constantemente à frente de suas vidas. Nessa união, nasceram quatro filhos, três meninas, Luciana, Fabiana e Adriana, e um menino, Alessandro. Depois de alguns anos, receberam a graça de serem pais novamente com a chegada de suas filhas do coração, Mariana e Giovanna. Com o passar dos anos, a família foi crescendo e vieram os seis netos, Felipe, Lucas, Fábio, Julia, Isabela e Gabriela, trazendo mais alegria e felicidade para toda a família.
A família sempre esteve de portas abertas com alegria para acolher a todos, inclusive nos diversos encontros diaconais em nível diocesano, nacional e internacional.
Franco sempre foi muito desenvolto nas atividades da Paróquia, realizava todas as suas funções com muito carinho, amor e dedicação, despertando dentro de si o desejo de servir cada vez mais a igreja. Toda essa dedicação, resultou em seu destaque. No ano de 1960, foi eleito presidente da congregação da Paróquia São José Operário. Em 1964 foi eleito presidente das congregações Marianas da diocese de Santo André, onde passou a visitar e conhecer todas as paróquias e sacerdotes da diocese.
Em 1969 o casal foi convidado pelo Monsenhor Luiz Carlos Ravazio e Pe José Mahon (in memorian) para participar do Primeiro Curso de Diaconato da Diocese de Santo André, com duração de 4 anos de formação. Juntamente com o serviço da igreja, Franco exercia sua profissão como desenhista-projetista na Companhia TRW em Ferrazópolis, promovendo o sustento de sua família.
No decorrer do tempo de formação, os responsáveis sugeriram alguns casais para assumirem o ministério. Porém apenas alguns deles se sentiram preparados para o diaconato, entre eles estavam Franco e Nilda. Após uma reflexão profunda, o casal aceitou o convite para a ordenação, que ocorreu no dia 01 de maio de 1973 na Catedral do Carmo em Santo André, onde Franco foi ordenado como o primeiro Diácono Permanente da Diocese, pelo Bispo Dom Jorge Marcos de Oliveira, na ocasião também realizou seu primeiro trabalho como Diácono, batizando uma de suas filhas.
Após dois meses de ordenado, o Bispo Dom Jorge o confiou à região de Ferrazópolis da cidade de São Bernardo do Campo. Que por ter pouca assistência religiosa, era também uma vasta extensão territorial que aos poucos foi sendo dividida em diversas vilas e bairros. A nomeação para organizar e evangelizar esse povo em comunidades, além de ser um desafio, era uma missão prazerosa, que a igreja lhe entregava.
Em 15 de Agosto de 1973 foi celebrado o primeiro culto dominical na Escola Professora Luiza Colasso Queiroz. Os trabalhos foram iniciados com visitas domiciliares às famílias, onde foram estabelecidos os primeiros contatos com a população, e se discutiam as dificuldades do povo e seus anseios. Assim, se conhecia cada vez melhor a realidade do bairro e se criaram laços de amizade que perduram até hoje. Aos domingos à tarde se reuniam no Colégio para a celebração da Palavra. Sobre o ensinamento da Palavra de Deus, movidos pela força da oração e alimentados pela graça dos sacramentos, foram surgindo as primeiras comunidades. Em 1974, iniciou-se o trabalho com os jovens e criou-se a comissão de moradores com o objetivo de animar a comunidade.
O entusiasmo do povo e a união pela fé, possibilitaram que nestes mais de 35 anos , formassem na região de Ferrazópolis e do grande Alvarenga, vinte comunidades, que deram origem a quatro paróquias .Ferrazópolis se constituiu como uma dessas paróquias, tendo como sua matriz a Igreja Nossa Senhora do Rosário de Fátima e as capelas : Jesus de Nazaré(hoje paróquia), Nossa Senhora das Graças, Nossa Senhora Aparecida e São Sebastião, São Francisco de Assis, São Paulo Apóstolo, Santa Luzia e Santo Expedito (hoje Paróquia), Santa Clara e São Francisco de Assis, São Vicente de Paulo e Nossa Senhora Da Rosa Mística, Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e Santa Edwiges.
Nesses anos as comunidades foram se organizando e se consolidando nos trabalhos pastorais e nos diversos serviços necessários ao atendimento do povo. Muito se construiu, material e espiritualmente.
Em 25 de Abril de 1975 foi criada a Paróquia tendo como padroeira Nossa Senhora do Rosário de Fátima, e no dia 26 de Abril de 1976 foi inaugurada a igreja com a benção do Bispo Dom Cláudio Hummes. Já no ano de 1989 começaram-se as obras da nova Igreja Matriz que em 12 de Maio de 1991 foi abençoada por D. Claudio.
Durante esses 35 anos, a Paróquia teve a presença de abnegados sacerdotes que ajudaram na caminhada. Além das celebrações eucarísticas, eram realizadas, celebrações da Palavra, cursos bíblicos, catequese, formação de ministros, grupo de jovens, apostolado da oração, irmandades, associações, cursos de crisma, pastorais sociais e religiosas.
Na visita pastoral de Dom Cláudio Hummes, realizada dia 30 de Junho de 1991, o Bispo expressou e deixou anotado no livro tombo da Paróquia o seguinte registro:
“Encontrei a paróquia bem organizada e dinamizada. Isto se deve a grande dedicação do Diácono Franco Chippari e aos outros leigos que o auxiliam nas tarefas pastorais. De fato, o envolvimento de muitos leigos, como ministro extraordinário, catequistas e líderes de grupo, é uma das mais importantes e promissoras iniciativas nesta paróquia. Quero aqui registrar meu voto de louvor e de grande admiração pelo trabalho apostólico que se realizava nesta Paróquia”.
Nesse período de 35 anos, foram realizados 11.174 batizados, 2.469 matrimônios, aproximadamente 5.250 primeira eucaristia, aproximadamente 3.150 crismas e com grande êxito e alegria a paróquia contou com o envio de 6 seminaristas às casas de formação.
Em 02 de Janeiro de 2011 o Diácono Franco recebe na Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Fátima um novo Pároco, na época Padre Antônio Luiz de Araújo.
Após a saída da paróquia, o Diácono Franco, continuou com seus trabalhos pastorais na Cáritas Diocesana, e na Casa do Parque Miami que atende a população em situação de rua. Foi nomeado também Capelão Eclesiástico Católico no Cemitério do Jardim da Colina, onde atua até os dias de hoje.
Diácono Franco sempre muito emocionado ao contar sua história, quer deixar uma mensagens a todos que servem ou querem servir como diácono em nossa diocese:
“Servindo como diácono na nossa diocese, gostaria de compartilhar com vocês, as minhas alegrias e experiências pessoais e familiares, vividas durante todos esses anos. Aproveito para deixar uma mensagem para todos os diáconos que já estão em serviço e aos futuros que querem abraçar este ministério de serviço.
O diácono deve ser fiel a sua dupla sacramentalidade: a do matrimônio e a da ordem, para que sua esposa e filhos vivam e participem com ele na diaconia. Deve ser animador dos serviços da igreja, detectando e promovendo líderes, estimulando a corresponsabilidade de todos para uma cultura de reconciliação e solidariedade. A situações e lugares principalmente nas grandes megalópoles densamente povoadas onde só através do diácono se faz a igreja presente, nas indústrias, nos meios de comunicação sociais, nas universidades. O diácono deve servir o Senhor com alegria. Me lembro ainda hoje, o desafio que o nosso Bispo diocesano da época Dom Claudio Hummes fez ao grupo dos cinco diáconos foi: Que o futuro do diaconato da nossa diocese e do nosso Brasil dependia somente de nós, do espaço que éramos capazes de conquistar.
Esse desafio me orientou durante todos esses 49 anos de diaconato. E espero que esse mesmo desafio, possa ajudar os diáconos de hoje e do futuro. Uma mensagem que eu também gosto muito, que foi deixada pelo Bispo Dom Nelson Westrupp na entrega do documento Diretrizes para o diaconato permanente foi: “A razão última do diácono, não deve ser procurada apenas no exercício externo de determinadas funções, mas na participação especial na diaconia de Cristo, pela força do espírito, através do sacramento da ordem.”
Agradeço particularmente a minha família que são os maiores incentivadores desta minha caminhada e a presença dos amigos e amigas, irmãos e irmãs, e principalmente aos meus irmãos do clero desta diocese de Santo André, que tanto tem me ajudado na minha trajetória. Em especial aos cinco Bispos da nossa diocese: Dom Jorge Marcos de Oliveira (in memorian) Dom Claudio Hummes, Dom Décio Pereira in memorian) Dom Nelson Westrupp e a Dom Pedro Carlos Cipollini .
Quando a gente termina de fazer tudo o que devia ter sido feito deve dizer com convicção: Sou um Servo inútil, não fiz mais do que devia ser feito. Agradeço a Deus que me deu a oportunidade de servi-lo nestes 49 anos e a Nossa Senhora que caminhou comigo, me amparou, me ajudou a estar aqui caminhando com o povo de Deus .
E como São Francisco termino dizendo:“ Fiz o necessário, depois o possível e de repente acabei fazendo o impossível”.