08/12/2022 – SOLENIDADE DA IMACULADA CONCEIÇÃO

Dedicação e Elevação a Santuário Diocesano

Santuário Diocesano de Nossa Senhora da Imaculada Conceição – Mauá-SP

Gn 3,9-20; Ef 1,3-6.11-12; Lac 1,26-38

Em 8 de dezembro de 1854, a Igreja proclamou a Imaculada Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria como ponto fundamental e indiscutível da doutrina católica.

Um novo dogma de fé nascia. Pelas palavras da Bula Ineffabilis Deus, o Papa Pio IX sublinhava que a Mãe de Deus foi concebida sem mancha de pecado por um especial privilégio divino: “Nós declaramos, decretamos e definimos que a doutrina segundo a qual, por uma graça e um especial privilégio de Deus Todo Poderoso e em virtude dos méritos de Jesus Cristo, salvador do gênero humano, a bem-aventurada Virgem Maria foi preservada de toda a mancha do pecado original no primeiro instante de sua conceição, foi revelada por Deus e deve, por conseguinte, ser crida firmemente e constantemente por todos os fiéis”.

Vale citar que, como sinal de confirmação à verdade proclamada pelo Papa Pio IX, a Virgem Maria aparece em Lourdes, França. Foi em 25 de março de 1858, na Festa da Anunciação, que a vidente Santa Bernadette ouviu atentamente as palavras de Maria, que dizia: “Eu sou a Imaculada Conceição”.

O Catecismo da Igreja Católica cita no parágrafo 492: “Este esplendor de uma santidade de todo singular com que Maria foi enriquecida, desde o primeiro instante da sua conceição, vem-lhe totalmente de Cristo. Ela foi remida dum modo mais sublime em atenção aos méritos de seu Filho”.

A primeira leitura nos fala das consequências do pecado que separa o homem de Deus e dos outros. Adão tem vergonha de Deus e se esconde por estar nu. Não consegue amar a Deus e pensa que Deus não o ama mais. Adão põe culpa na mulher e esta culpa a serpente pela queda. Assim a falta de solidariedade se torna uma marca da vida humana.

Deus pune a serpente mas anuncia que vai enviar um libertador, nascido de mulher. E esta mulher vai esmagar a cabeça da serpente.

O Evangelho nos apresenta o Arcanjo Gabriel que saúda Maria. No Antigo Testamento eram dirigidas saudações somente aos homens e no templo. Aqui, Deus fala a uma jovem na sua casa. Jesus o Salvador, que tem seu Pai no céu, terá uma mãe na terra.

É o Espírito Santo que age na história e Maria colabora, ouvindo a Palavra da saudação e dizendo seu sim. Concebe na fé antes de conceber no seu ventre. E colabora com o Plano de Deus. Em Maria se encontram duas atitudes fundamentais para colaborarmos com os planos de Deus: Fé e Serviço.

Maria sabe-se amada e responde com amor, um amor humilde e silencioso. Embora sendo imaculada, Maria não se recusa a estar no meio dos pecadores e ajudar a todos, como fez a sua vida toda. Ela estava aberta a ajudar a todos comunicando a graça que recebeu. Sendo puríssima, Maria se coloca à disposição para servir, desde sua prima Isabel até às bodas de Caná… e até a cruz. O “privilégio” não a torna orgulhosa, mas muito mais equilibrada, livre e humilde. Maria foi toda de Deus na fé e no amor, e toda dos irmãos na caridade e no serviço.

Maria Foi preparada por Deus para que pudesse cumprir sua missão. Desde a sua concepção no ventre de sua mãe ela não teve pecado. Está “cheia, repleta de graça” como disse-lhe o Anjo. Ela foi preservada do pecado pelos méritos de Jesus Cristo, por antecipação. Podemos compreender este dogma como sendo a ausência do pecado na vida de Maria. Isto fez de Maria um ser humilde e disponível que aderiu totalmente á vontade de Deus.

Todos fomos criados em Cristo. Estamos marcados por uma “graça original”: “Antes da criação do mundo, Deus nos escolheu em Cristo, para sermos, diante dele, santos e imaculados”(Ef 1,4). Mas existe algo na nossa história que estraga o projeto de Deus: é o pecado, o “mistério do mal ou da iniquidade” que se chama pecado original, do qual Maria foi reservada. Todos sabemos, hoje, que um computador pode ser atacado por um vírus que aparece do nada e estraga tudo, desestabiliza o computador: é o pecado. Maria, a Mãe de Jesus, foi criada por Deus como um computador sem vírus. Deus a preservou e ela correspondeu, desenvolvendo ao máximo esta capacidade de ser boa e fazer o bem.

O Dogma da Imaculada Conceição afirma que o segredo de Maria, a Perfeita Discípula de Jesus, tem sua raiz na graça. Ela nasce mais integrada do que nós, com mais capacidade de ser livre para amar e acolher a vontade de Deus em sua vida: ela é santíssima!

Na segunda leitura, São Paulo escreve aos efésios que todos nós somos chamados a ser imaculados: a ser santos. Esta é nossa vocação batismal. O batismo nos convoca a sermos santos, a exemplo de Maria. O projeto de Deus é comunicar a todos a sua pureza, sua santidade, sua graça redentora.

Mas como vamos viver esta santidade imaculada que Deus deseja comunicar-nos? O que precisamos viver? São Paulo explica que é a vida no amor de Cristo que nos torna imaculados e santos. Tendo os mesmos sentimentos de Jesus Cristo em nossa vida. Nós recebemos em nós o amor de Deus. Se o acolhermos e vivermos, seremos cada dia mais santos e imaculados.

E tudo isto é para o louvor e glória de Deus. Maria Imaculada existe para o louvor e glória de Deus. Nós povo Santo de Deus existimos para sermos a cada dia de nossa conversão sempre melhores imitadores de Jesus Cristo.

Neste tempo de Advento, pensemos a Imaculada Conceição como companheira na esperança. Esperança de que um dia Deus derrotará o mal e a morte e todo pecado será eliminado da Humanidade para que seja santa e imaculada como Maria. Maria que é a imagem de Igreja que ama, espera, sofre e louva a Deus pelas suas maravilhas!

Hoje, esta Igreja Matriz, Dedicada a Deus pela intercessão da Virgem Maria na sua Imaculada Conceição, será elevada a Santuário. Local sagrado de encontro com Deus para louvá-lo, agradecê-lo e pedir graças. Graças que serão distribuídas pelas mãos de Maria de forma abundante.

Nossa Diocese já conta com dois santuários: um em São Bernardo do Campo, na Pauliceia, de Nossa Senhora Aparecida, e outro em Santo André, em Utinga, Senhor do Bonfim. Hoje passa a contar com este belo santuário aqui em Mauá, na parte oeste de nossa Diocese. Foi preparado com carinho e esmero pelo pároco desta paróquia, Padre Cláudio Tafarelo.

Que aqui seja um lugar de bênção! Um lugar habitado por Deus onde o céu se encontre com a terra para fazer irromper nela a justiça e a paz!

Dom Pedro Carlos Cipollini

 

Foto: Pascom do Santuário Diocesano de Nossa Senhora da Imaculada Conceição