No dia 24 de setembro, a Igreja Católica em todo o mundo celebrou o 109ª Dia Mundial do Migrante e Refugiado, uma data que ressalta a importância da solidariedade, compaixão e acolhimento diante de um dos desafios humanitários mais prementes da atualidade. A celebração deste dia não apenas reforçou o compromisso da Igreja com aqueles que buscam refúgio e melhores condições de vida longe de suas terras natais, mas também nos convida a uma profunda reflexão sobre a complexidade das questões migratórias em um mundo cada vez mais interconectado.
Na Diocese de Santo André, em preparação para esta data significativa, a Pastoral do Migrante, sob a assessoria Padre Pierre Dieucel, CS, e agora com o novo coordenador diocesano Osmar da Silva Amorim, paroquiano da Basílica Menor Nossa Senhora da Boa Viagem, em São Bernardo do Campo, que dedica-se a pastoral desde 2016, organizou uma manhã de formação no sábado, 23 de setembro.
O encontro contou com a presença dos agentes e do Diácono Luciano José Dias, que abordou o tema central: “Bíblia e Migração, experiência humana e salvífica”.
O diácono destacou a relevância do fenômeno migratório e sua intrínseca relação com as escrituras bíblicas, enfatizando que a migração está inextricavelmente ligada à condição daqueles que são desprovidos de direitos e ressaltou o apoio divino aos migrantes. Ele também observou que a migração é influenciada por uma multiplicidade de fatores, incluindo melhores oportunidades econômicas, perseguição, mudanças ambientais e a busca por liberdade.
Também sublinhou que a migração deixou uma marca indelével na identidade do antigo Israel, mencionando figuras bíblicas notáveis, como Abraão e Moisés, que enfrentaram desafios significativos durante suas caminhadas migratórias. Ele enfatizou a importância do amor e do respeito pelos migrantes, fundamentados nos princípios bíblicos.
A Catedral Nossa Senhora do Carmo, acolheu na manhã de domingo, 24 de setembro, os membros da Pastoral do Migrante e o assessor diocesano, durante a celebração da Santa Missa, presidida pelo Vigário Geral e pároco da catedral, Padre Joel Nery.
Na sua homilia, o vigário geral enfatizou a importância do acolhimento e da igualdade na comunidade:
“O primeiro alimento é o Pão da Palavra, que se distribui na mesa da Palavra. Hoje, concluindo este último domingo do mês da Bíblia, lembramos o valor de cada celebração. Atentos à Palavra, permitimos que o Senhor fale conosco, pessoalmente e como comunidade, para continuarmos unidos no Seu amor e na Sua missão.”
Padre Joel também abordou a lógica de Deus em relação à salvação, destacando que ela se estende a todos os povos, sem distinção:
“O Deus que Jesus veio revelar quer e oferece a salvação para todos, não para um ou outro, nem para este ou aquele povo, mas para todos os povos. No dia em que lembramos a realidade dos migrantes, a palavra proclamada nos ajuda a compreender que a lógica de Deus é de salvação e dignidade para todos.”
Por fim, o padre incentivou a comunidade a praticar a igualdade e o acolhimento, salientando que a lógica de Deus valoriza aqueles que mais necessitam:
“Deus, em Jesus, mostra a Sua predileção por ir ao encontro de quem precisa daquilo que o profeta dizia.”
Ele ressaltou a importância de enxergar cada indivíduo como igual perante Deus, independentemente de sua trajetória na fé, e concluiu sua reflexão lembrando que a salvação eterna é um dom para todos, não importando o momento em que alguém se volta para Deus.
No final da celebração, Padre Pierre leu a mensagem do bispo diocesano, Dom Pedro Carlos Cipollini, que não pôde estar presente devido a um compromisso já agendado:
“Prezados irmãos e irmãs migrantes e imigrantes,
Prezados irmãos e irmãs participantes desta Eucaristia,
Prezado Padre Pierre e demais padres e diáconos,
A paz de Deus, que supera todo entendimento, esteja com vocês.
Venho unir-me a vocês nesta celebração para animá-los e abençoá-los. Deus é bom e caminha conosco nas estradas da vida. Por mais desafiadora que seja a jornada que enfrentamos, Ele está ao nosso lado.
O trabalho da Pastoral do Migrante torna-se cada dia mais importante e necessário. À luz da palavra de Jesus Cristo, o migrante deve ser acolhido e amparado. Que nossos corações se abram para acolher a todos.
O próprio Jesus está pedindo acolhimento na pessoa do migrante.
Façamos o bem, todo o bem possível, e Deus fará o impossível.
Sejam abençoados os agentes desta pastoral e todos os colaboradores. Em especial, os padres Scalabrinianos/Carlistas.
Prossigam, com coragem e fé!”
O assessor diocesano convidou todos os agentes para serem abençoados e enviados à missão e falou sobre o trabalho pastoral e o Centro de Apoio ao Migrante, localizado em Utinga, que atende com cestas básicas mais de cem famílias migrantes.