O que celebramos no Natal? Natal, do latim nativitas = nascimento é a festa na qual os cristãos celebram o nascimento de Jesus de Nazaré, o Filho de Deus, que se fez homem, nascendo em Belém, conforme os relatos dos Evangelhos.
A celebração do Natal se dá em 25 de dezembro e remonta o ano 336. Não se sabe o dia exato em que nasceu Jesus. Na sua época não era costume comemorar data de nascimento, por isso não se guardavam estas datas. O Natal começou a ser celebrado neste dia, para indicar que Jesus é o Sol, a luz do mundo que vence as trevas e traz a vida. Isto porque nesta data se comemorava o deus Sol. Era festa pagã, do solstício de inverno no hemisfério norte, ou seja, o dia em que o sol fica mais “fraco” para começar a ficar mais “forte” em seguida. Esta festa pagã da cultura romana foi substituída pela festa cristã do Natal, à medida em que a sociedade se cristianizava.
Ao comemorar o nascimento de Jesus nesta data, os cristãos queriam fazer uma analogia. Com Jesus surgiu para a humanidade, a verdadeira luz, mais brilhante que o sol, o qual vence a noite e ressurge glorioso no céu com mais força.
E hoje em nossa cultura tecnológica altamente desenvolvida e secularizada, na qual o homem se coloca no lugar de Deus, prescindindo dele, qual o sentido de comemorar o nascimento de Jesus? O Natal neste contexto deixou de lado seu significado profundo e altamente positivo, de constatar que Deus, o criador vem e se torna criatura, um de nós, para nos comunicar seu amor.
Esta festa que era um grande momento de confraternização entre as pessoas e famílias, trazendo um misto de alegria e doce esperança para a humanidade, está hoje em extinção. Ao menos no que diz respeito à sua motivação inicial. A festa de Natal não é mais o que foi durante séculos, mudou de sentido e de rumo. Se tornou uma festa folclórica, impulsionada pelo mercado, no qual se compram e se vendem presentes.
Mais que celebrar um acontecimento no qual “Deus nasce no meio dos pobres para enriquecer-nos com sua pobreza”, conferindo uma dignidade ímpar ao ser humano, Natal hoje é comércio. Se esquece do aniversariante: Jesus! Nem mais é a festa do Papai Noel, um ancião, desprezado também, porque estamos em tempos de cultura da eterna juventude. Até os enfeites de Natal se reduziram à árvore de Natal…
Porém, há sentido sim em comemorar o Natal, quando se admite o significado da pessoa e da mensagem de Jesus na história passada, presente e futura da humanidade. A mensagem de amor, fraternidade e tolerância que permeia o Natal, é e será sempre atual.
Diante das inúmeras guerras em curso, que chegam a configurar, uma terceira guerra mundial aos pedaços ou a prestações, falar de Natal como mensagem de Paz e Amor, que Deus envia através de Jesus, tem muito sentido. Indica a solução para acabar com os conflitos: diálogo, fraternidade, partilha de dons. Isto ilumina!
Hoje, sobretudo, o Natal tem sentido, em uma realidade social chamada por alguns filósofos de “era do vazio”, na qual as pessoas, não obstante as muitas facilidades tecnológicas, sentem dificuldades de se comunicarem no aspecto pessoal e humano. Cresce o número de suicídios, mágoas e desencontros. No gesto do soldado que atira uma pessoa de uma ponte, podemos ver o símbolo emblemático do desespero que atinge as pessoas hoje.
Celebrar o nascimento de Jesus é celebrar a esperança no sentido da vida. É trazer Deus de volta para habitar a humanidade, para que ela se encontre e se salve de si mesma, abrindo-se para o infinito.
Feliz Natal a todos, desejo de coração!
+Dom Pedro Carlos Cipollini
Bispo de Santo André