Comemorar é recordar com gratidão os dons que Deus nos dá a cada dia, a cada etapa de nossa história. Comemorar, para nós cristãos, não é somente recordar, mas fazer presente o que se comemora. Nesta semana, comemoramos os 70 anos da criação de nossa Diocese, a Igreja Particular de Santo André, ocorrida em 22 de julho de 1954, com uma celebração Eucarística no Poliesportivo Municipal de São Bernardo do Campo no dia 21 de julho, domingo próximo.
Nossa gratidão e alegria faz a festa! Temos muito o que celebrar pois, Deus tem sido generoso para conosco permitindo que cumpramos nossa missão evangelizadora em comunhão e participação. Ao longo destes anos, em cada etapa e conjuntura social, nossa Igreja foi sal, fermento e luz, como pediu Jesus! A Igreja no Grande ABC tem sido nestes anos todos, presença marcante de Jesus Cristo, na continuidade de sua missão.
Sendo divina e humana, a Igreja é “povo santo e pecador”, sinal de salvação e esperança para todos. Por múltiplos meios o Evangelho foi anunciado, formando, instruindo, celebrando os sacramentos e, sobretudo, fazendo acontecer os sinais da vinda do Reino de Deus que “é justiça, paz e alegria no Espírito Santo” (Rm 14,17). Por tudo isto bendizemos a Deus.
Nascida em tempos difíceis, no qual os problemas sociais eram extremamente desafiadores, nossa Igreja soube responder à altura. Foi a ação caritativa e conscientizadora do primeiro Bispo diocesano, Dom Jorge, que lançou as sementes de uma Igreja solidária, voltada para a evangelização com promoção humana, marca fundamental na gênese de nossa Igreja, que procuramos manter.
Foi constatando esta realidade que nosso Primeiro Sínodo Diocesano, convocado por mim em novembro de 2017, viu a necessidade de se criar o Vicariato Episcopal da Caridade Social, que tem alavancado as inúmeras e múltiplas ações de nossa Igreja no sentido de olhar para os pobres com misericórdia. Procurei também reavivar a Comissão Justiça e Paz e iniciar o Conselho Feminino Diocesano.
O processo de industrialização e a chegada de inúmeros migrantes triplicou a população do grande ABC na década de 1970/1980. O segundo bispo, Dom Cláudio, guiou nossa Igreja para atravessar os tempos turbulentos da ditadura militar, sem abandonar a opção pelos pobres e a atenção às periferias. Assim nossa Igreja herdou a marca da atenção às periferias não só geográficas, mas existenciais.
Seguindo nesta linha de continuidade, em minha ação pastoral, procurei honrar esta herança começando por visitar cada canto de nossa Diocese através das Visitas Pastorais Missionárias. Com alegria pude estar em comunidades que nunca tinham recebido a visita de um bispo. Foi um momento lindo não só de nossa Igreja, mas de meu episcopado. O contato com os fiéis, o estar no meio do povo de Deus, ouvir e celebrar. Foi e tem sido maravilhoso.
Nosso Primeiro Sínodo Diocesano escolheu como uma das prioridades a Acolhida, como urgência sempre presente na nossa realidade. Nossa Igreja nestes anos foi uma Igreja da Acolhida fraterna para anunciar que somos todos irmãos. Isto apareceu de forma significativa durante a pandemia da Covid-19. Unidos, pudemos vencer a pandemia sem perder o foco, sem deixar de evangelizar. Demos um grande testemunho de união e partilha! Deus seja louvado.
Se tiver oportunidade continuarei aqui este pequeno retrospecto da caminhada de nossa Diocese. Por enquanto, agradeço a participação de todos os membros de nossa Igreja. Também a todos os que apoiaram sua caminhada, mesmo não fazendo parte dela, mas compreendendo sua missão em favor da justiça do Reino de Deus e da paz.
+Dom Pedro Carlos Cipollini
Bispo de Santo André