Vivemos uma hora dramática, flagelada por ventos de guerra e fogo de violência. Daqui de Roma, o problema das guerras é mais sentido, mesmo porque, o número de imigrantes pelas ruas e significativo.
Estou participando da segunda sessão do Sínodo dos Bispos. Sínodo é uma palavra que significa caminhar juntos. Objeto de discussão é tornar a Igreja mais fraterna imprimindo das relações das pessoas a nível interno o espírito da comunhão, missão, serviço e fraternidade.
Na Igreja todos devem se sentir bem, se sentir em casa. E também a nível externo, a Igreja missionária deve testemunhar o Evangelho do Reino de Deus.
Parece simples, mas não é. Tudo que envolve pessoas deve ser dialogado e combinado. Isso acontece até mesmo com um time de futebol, quanto mais em uma comunidade cristã.
O Sínodo que estamos vivendo, em primeiro lugar, propõe a escuta. Devemos escutar uns aos outros. A escuta é seguida de discernimento (escolha) feita na oração. Intercalando as discussões, estudos e explanações, são feitas pregações para fazer refletir no que Deus está pedindo hoje a sua Igreja.
O bom deste encontro sinodal é a seriedade dos representantes vindos de toda a parte. A convivência é boa e todos estão abertos a ajudar e acolher os outros. São em média 420 participantes, dentre as quais muitas mulheres que ajudam a refletir, muitas delas são professoras em universidades e muito bem preparadas.
O papa segue com atenção, chegando a ficar escutando as propostas durante o dia todo, isto na segunda-feira passada. Os participantes do Sínodo deverão preparar o documento final, recolhendo a contribuição de todos. Depois de entregue ao papa, ele vai dar a palavra final.
Não estão sendo dados grandes passos revolucionários, mas passos que, ao longo e médio prazo, vão preparando mudanças no sentido de tornar a Igreja uma família de irmãos e irmãs, na qual todos têm voz e vez.
Para nós isso parece um sonho impossível, mas Jesus e o Espírito Santo estão na Igreja para levar avante o projeto que é de Deus Pai: não só uma Igreja fraterna, mas uma humanidade permeada por relações com base na justiça e na fraternidade.
O chamado a caminhar junto é muito forte e vai ao encontro das aspirações do coração humano.
Daqui de onde estou, envio um abraço e uma bênção a todos os leitores do querido Diário do Grande ABC.
+Dom Pedro Carlos Cipollini
Bispo de Santo André