Diocese de Santo André

Nota de Repúdio às declarações do Vereador Luiz Henrique Watanabe

A Diocese de Santo André expressa seu profundo repúdio às declarações proferidas pelo vereador Luiz Henrique Watanabe, de São Bernardo do Campo, que associou o sacerdócio católico à prática de pedofilia. Tais afirmações infundadas e desrespeitosas ferem a honra dos milhares de sacerdotes que dedicam suas vidas ao serviço do próximo e à fé de milhões de católicos.

As declarações ocorreram durante a sessão da Câmara Municipal em 19 de março de 2025, data em que a Igreja celebra a Solenidade de São José, esposo da Virgem Maria e pai adotivo de Jesus. São José é exemplo de fé, justiça e dedicação à família, valores que devem nortear nossa sociedade. Neste contexto, é lamentável que, em um dia tão significativo para a comunidade católica, tenham sido proferidas palavras que disseminam preconceito e desinformação.

A fala do vereador ocorreu durante a discussão de uma moção de apoio ao Papa Francisco, apresentada por outros vereadores. Enquanto alguns parlamentares expressavam solidariedade ao Santo Padre, o vereador Watanabe utilizou o momento para fazer acusações infundadas contra a Igreja, desviando-se do propósito da moção e desrespeitando a fé de inúmeros cidadãos.

O vereador, ao citar o Relatório John Jay para justificar suas afirmações, distorceu gravemente os fatos e disseminou desinformação. O estudo, encomendado pela própria Igreja Católica nos Estados Unidos, não aponta qualquer relação entre o recrutamento de sacerdotes e tendências pedófilas, tampouco menciona psicólogos responsáveis por essa suposta prática. O relatório, na verdade, atribui os casos de abuso a falhas institucionais do passado, como a transferência indevida de clérigos acusados e a omissão de denúncias às autoridades civis, sem qualquer indício de que a Igreja tenha deliberadamente selecionado abusadores.

Dessa forma, é falaciosa e irresponsável a tentativa do vereador de usar esse estudo para justificar suas acusações. A tentativa de manipulação dos dados revela não apenas uma falta de compromisso com a verdade, mas também um grave desserviço à sociedade, alimentando discursos infundados e desviando o foco do real propósito do relatório: fortalecer a proteção dos vulneráveis e garantir maior transparência na Igreja. Repudiamos veementemente esse tipo de distorção, que apenas contribui para a desinformação e o enfraquecimento de debates sérios sobre a prevenção de abusos.

Além disso, os dados do próprio Relatório John Jay demonstram que, embora qualquer caso de abuso seja lamentável, o problema não é estrutural ou institucional, mas resultado de falhas individuais e administrativas de décadas passadas. O estudo identificou que, entre 1950 e 2002, aproximadamente 4% dos clérigos foram acusados de abuso sexual infantil, mas menos de 0,25% foram reconhecidos e condenados. Esses números reforçam que o relatório foi elaborado para entender a real dimensão do problema e não para sustentar qualquer tese de recrutamento direcionado de abusadores. Reforçando a intenção da Igreja em proteger os mais vulneráveis e compreender suas próprias lacunas, visando estabelecer meios e formas para extinguir as potenciais circunstâncias correlatas no futuro.

A Igreja Católica reconhece os erros cometidos no passado e tem implementado medidas rigorosas para prevenir e combater qualquer forma de abuso. No âmbito da Diocese de Santo André, foi instituída a Comissão Diocesana para a Tutela dos Menores e Pessoas em Situação de Vulnerabilidade, que atua de forma séria e comprometida na orientação, prevenção e acolhimento de denúncias. A criação desta comissão está em plena sintonia com as diretrizes da Santa Sé e da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), reforçando o compromisso da Igreja com a transparência e a justiça.

Generalizações como as feitas pelo vereador não contribuem para o diálogo construtivo e a justiça, mas alimentam preconceitos e desinformação, pois conforme discriminado em matéria publicada pelo Instituto Humanitas Unisinos o estudo citado:

“O relatório de 300 páginas, formalmente intitulado As Causas e o Contexto do Abuso Sexual de Menores por Padres Católicos nos Estados Unidos, 1950-2010, derruba uma série de equívocos populares. Enquanto alguns contestarão a metodologia do relatório – e notar que os bispos dos EUA pagaram metade do preço de tabela estimado em 1,8 milhão de dólares –, o estudo Causas e Contexto é claramente um marco na investigação dos abusos sexuais de crianças.

Os mitos:

O primeiro mito contestado pelo estudo é que os padres tendem a ser pedófilos. Dos cerca de 6 mil padres acusados de abuso ao longo da metade do século passado (cerca de 5% do número total de padres que que serviram durante esse período), menos de 4% podem ser considerados pedófilos, assinala o relatório – isto é, homens que se aproveitaram de crianças.

“Os padres abusadores não eram padres pedófilos”, afirmam os pesquisadores categoricamente”

Disponível em: https://ihu.unisinos.br/noticias/43418-novo-relatorio-dos-eua-indica-os-culpados-dos-abusos-sexuais-na-igreja-catolica ao aprofundar-se

Conforme publicado pela Agência Brasil em 2019 disponível no link “Dados do Disque 100 mostram que, só no ano passado (2018), foram registradas um total de 17.093 denúncias de violência sexual contra menores de idade. A maior parte delas é de abuso sexual (13.418 casos), mas há denúncias também de exploração sexual (3.675). Só nos primeiros meses deste ano, o governo federal registrou 4,7 mil novas denúncias. Os números mostram que mais de 70% dos casos de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes são praticados por pais, mães, padrastos ou outros parentes das vítimas. Em mais de 70% dos registros, a violência foi cometida na casa do abusador ou da vítima.”

Reiteramos nosso compromisso com a verdade, a justiça e a dignidade humana, valores centrais da nossa fé. Convidamos todos os fiéis e pessoas de boa vontade a se unirem em oração e ação pela construção de uma sociedade mais justa e respeitosa.

Que possamos, juntos, promover a paz e o entendimento mútuo, rejeitando qualquer forma de discriminação ou acusação infundada.

Dom Pedro Carlos Cipollini
Bispo de Santo André

Padre José Aparecido Cassiano
Coordenador da Pastoral Presbiteral

Padre Marcos Wanderlei Vinicius
Coordenador do Departamento de Comunicação

Compartilhe:

Dom Pedro celebra Missa na Capela Santo Inácio, na FEI em São Bernardo

Altar da catedral diocesana é dedicada a Deus

Homilia da Missa de dedicação do Altar da Catedral Nossa Senhora do Carmo

Nota de Repúdio às declarações do Vereador Luiz Henrique Watanabe

Comissão de Justiça e Paz promove roda de conversa sobre preservação das águas e ecologia integral

Unidade na Caridade: Encontro reúne entidades católicas para fortalecer ação social na Diocese

nomeacoes

Decretos e provisões – 12/03/2025

SAV Diocesano participa da Assembleia do Regional Sul 1

Paróquia São Maximiliano Maria Kolbe celebra 16 anos de criação

Lideranças da Sub-região Pastoral São Paulo aprofundam sinodalidade e ecologia integral em encontro na PUC-SP