Diocese de Santo André

Deus é feliz. Como faço para ser como Ele?

Felicidade… Não há ser humano que não a procure. Ela é a meta principal dos homens. Desde os primeiros lampejos da razão, a todo momento, tal anseio move todos os nossos desejos e operações. A procura da felicidade está enraizada no próprio ser do homem, pois esta aspiração não se extirpa de nossa alma, nem mesmo com a morte. O que é propriamente ser feliz? Quantos o lograram? Onde encontrar a felicidade? Quando a encontramos, será verdadeira? Será perene ou simplesmente transitória?

As respostas a essas perguntas estão contidas na doutrina da Igreja a respeito da felicidade divina. Felicidade infinita da qual somos chamados a participar. Esta felicidade verdadeira e suprema não é passageira, nem falsa, nem oculta; ao contrário, é mais acessível do que se pensa. Da felicidade absoluta, eterna e perfeita goza o próprio Criador: “Deus é feliz” (1Tm 6,15). Nem os montes, nem as profundezas, nem qualquer vastidão podem ser usadas como termo de comparação à felicidade infinita do Criador.

Para entendermos algo desta Beatitude Divina, é necessário, antes, definir com clareza em que consiste a verdadeira felicidade humana. Entendendo nossa própria aspiração, compreender-se-á a beatitude divina.

O que significa ser feliz?

A felicidade é nossa aspiração constante, mola de todas as nossas ações e objetivo último de todos os nossos planos. No entanto, para a obtenção desse fim, as opiniões dos homens divergem. Onde se encontra, pois, a felicidade?

Já na Grécia antiga, alguns diziam estar a felicidade na prática da virtude (estóicos), outros, no prazer dos sentidos (epicuristas), outros ainda, na sabedoria, como Sócrates, Platão e Aristóteles. Todavia, para a Igreja, a felicidade está, no dizer de Boécio, “em um estado perfeito onde se assomam todos os bens”. Santo Agostinho se refere a um tipo de felicidade superior, mais espiritual e que não se resume à felicidade dos prazeres terrenos. O Bispo de Hipona, na obra De Beata Vita, escrita no século V, defende que a felicidade está no conhecimento da verdade.

São Tomás distingue várias formas de ser feliz. Existe a felicidade dos prazeres terrenos, alguns lícitos, como comer um alimento saboroso ou ouvir uma boa música; outros que, embora deem ao homem gozo real, ofendem a Deus e a natureza, como o pecado da gula, da bebedeira e da impureza; existe a felicidade do mando e da riqueza, que, em última análise, mais do que mera sede de prazeres, funda-se no vício do orgulho e consiste no desejo de poder e glória.

Por outro lado, há também a felicidade da admiração e da contemplação. Degustamos dela ao considerar um belo e grandioso panorama, ou ao nos entretermos com o encanto de um animalzinho, ou, ainda, ao meditar em realidades superiores à vida cotidiana.

No entanto, essas variadas formas de felicidade, das quais certamente todos nós já gozamos em certos momentos, em maior ou menor grau, são meramente naturais. Não preenchem a lacuna que sentimos em nosso interior, que nos leva a almejar uma felicidade superior a nossos próprios limites. Esta sede de felicidade, por assim dizer, infinita, pela qual nosso coração palpita em desejos de maneira ininterrupta, consiste em almejar a participação da felicidade da qual o próprio Deus goza. Isto é propriamente ser beato ou bem-aventurado, na linguagem bíblico-teológica: participar da felicidade (ou seja, da beatitude) divina.
A Felicidade de Deus

São Tomás ensina que tudo que é desejável em qualquer bem-aventurança, seja verdadeira ou até mesmo falsa, preexiste total e eminentemente na bem-aventurança divina. Portanto, todo gozo, sabor, maravilha, poder, glória e riqueza possíveis ao homem estão contidos na felicidade de Deus.


São Tomás de Aquino

Da felicidade terrestre, que, no dizer de Boécio, consiste nos prazeres, riquezas, poder, dignidade, glória, o Criador goza a alegria de Si mesmo, de seu próprio ser eminentemente perfeito, sublime e infinito; como riqueza, a perfeita suficiência que elas prometem; como poder, a onipotência; como dignidade, o governo universal da criação; como fama, a admiração de toda criatura. Da felicidade contemplativa – que é a mais elevada e perene de todas as felicidades – Deus tem a perpétua e certíssima contemplação de si mesmo, como de todas as demais criaturas visíveis e invisíveis. Por esta razão, do ponto de vista ontológico, Deus goza de uma felicidade incomensurável.

Em Deus há ainda felicidade superior. Como vimos, São Tomás define a felicidade como “o bem perfeito dos seres intelectuais”. De fato, a felicidade da alma supera a felicidade do corpo. O que seriam todos os deleites terrenos sem a alegria do espírito? Esta definição de felicidade é a mais aplicável à felicidade Divina. Deus possui todo bem, perfeição e conhecimento, portanto a Ele convém a máxima felicidade. Por isso, ensina Santo Agostinho: “Bem aventurado aquele que te conhece, ainda que ignore tudo o mais”. A felicidade de Deus reside em, conhecendo a si mesmo, deleitar-se e amar-se a si mesmo de modo perfeito.

“Deus não necessita dos nossos louvores”. Tal é a felicidade divina que Ele nem mesmo precisa das glórias que podemos lhe atribuir. A glória de seu Ser infinito é o seu máximo louvor. Deus é feliz em si mesmo pelo simples fato de ser e existir.

Deus é a felicidade

Narra o Evangelho que, tendo Jesus deixado a Judeia, voltou à Galileia. Ao passar pela Samaria, região desprezada pelos judeus, dirigiu-se a uma localidade chamada Sicar, junto às terras que Jacó, mais de 1500 anos antes, havia dado a seu filho José.

Naquele evocativo local havia o conhecido poço de Jacó. Os ardores do meio-dia agravavam em Jesus as fadigas da viagem, e por isso sentou-se Ele à beira da cisterna. Como os discípulos foram à cidade para comprar mantimentos, Jesus pediu a uma mulher samaritana que tirava água: “Dá-me de beber” (Jo 4,7).

Não sem perplexidade aquela samaritana considerou um judeu a falar consigo, a respeito de uma misteriosa água: “Se conhecesses o dom de Deus, e quem é que te diz: ‘Dá-me de beber’, certamente lhe pedirias tu mesma, e ele te daria uma água viva”.

Santo Agostinho

Diante da explicação de Jesus a respeito deste líquido que brota de uma fonte eterna, da qual todo aquele que beber jamais terá sede, a samaritana não teve outra ideia senão suplicar: “Senhor, dá-me desta água, para eu já não ter sede nem vir aqui tirá-la!” (Jo 4,15).

A água viva e inextinguível de felicidade humana, para a qual todo homem acorre, está em seu último fim, Deus, por meio de Jesus Cristo. A alma humana quer esta água viva e eterna dada pelo Divino Mestre, fonte inextinguível de felicidade. Deus é a finalidade de todo o Universo e o homem só será feliz quando atingir esta finalidade. Diz Santo Agostinho que “buscar a Deus é ânsia ou amor da felicidade, e sua possessão, a felicidade mesma”. Nesta bem-aventurança encontramos a essência da felicidade: alegria de ser, viver e existir com Deus e para Deus.

Participar desta felicidade divina nos faz generosos e alegres. Daí se originam novas forças para adquirir ainda maiores parcelas de verdadeira felicidade, mediante a prática de atos e virtudes moralmente boas. E, com isso, assemelhar-se mais ao Criador.

Fonte: Guardian Press

Compartilhe:

nomeacoes

Decreto e Provisão – 18/12/2024

Mensagem Pastoral sobre o Ano Santo Jubilar de 2025

Confraternização do Conselho Diocesano de Pastoral Ampliado celebra unidade, missão e gratidão

Natal na era do vazio

nomeacoes

Provisões e Decretos

Seminaristas celebram final do ano letivo em missa presidida por Dom Pedro

Primeiras turmas da Escola Diocesana de Formação conclui módulo com missa na catedral diocesana

Manhã de formação com o clero reflete sobre o Sínodo dos Bispos

nomeacoes

Nomeações, provisões e decretos

Diocese de Santo André inicia a celebração do Jubileu Ordinário 2025: “Peregrinos da Esperança”