A Igreja celebrou em 8 de outubro o Dia do Nascituro (data fixa do calendário da CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), que significa o que há de nascer, ou seja, o direito à proteção da vida e saúde, desde o nascimento sadio até os primeiros passos com dignidade.
Neste sentido, a Diocese de Santo André, por meio da Comissão Diocesana em Defesa da Vida, promoveu na manhã de domingo (08/10), a missa do Nascituro, com o objetivo de alertar a consciência das famílias e da sociedade sobre a importância da vida e a valorização do ser humano.
Realizada na Catedral Nossa Senhora do Carmo, a celebração presidida pelo vigário geral diocesano e assessor do Setor Juventude, padre Ademir Santos de Oliveira (Paróquia São Judas Tadeu – Santo André), e concelebrada pelo assessor da Pastoral da Criança, padre Márcio Pontes (Paróquia Santa Cruz – Santo André), reuniu centenas de fiéis, com destaques para as participações das crianças e gestantes, simbolizando com a entrada de peças de enxoval a necessidade de lutarmos pelo bem mais precioso concedido por Deus à humanidade.
“É quase um absurdo dizermos que é preciso estabelecer um dia para fazer todo esse trabalho de mobilização e conscientização para falar algo que deveria ser óbvio. A vida é dom de Deus. A vida deve ser acolhida e agradecida. Contemplada, gratuitamente. Essa é a dinâmica do verdadeiro amor”, reflete padre Ademir.
Crítica social
O sacerdote também destacou que é preciso mais empenho dos governantes, ao proferir uma crítica aos governantes e formadores de opinião sobre a condução da cultura atual, o pensamento sobre a estrutura da vida e concepção do homem e da mulher da sociedade, que tende a culminar numa desagregação social e humanidade desumanizada.
“Quanto aqueles que nos governam deveriam investir nisso? Dar suporte e apoio para que a vida viesse em primeiro lugar? Como diz o nosso Papa Francisco: ‘a atual cultura mergulha num contexto, aonde o dinheiro é quem manda e governa’, e a vida se torna banalizada. Por isso é preciso de uma Comissão em Defesa da Vida e que nós, cristãos e de outras denominações religiosas, e mesmo os que não professam uma religião, saibam o quão sagrada é a vida de um ser humano”, pronuncia o vigário diocesano.
Instituída pela CNBB em 2005, a Semana Nacional da Vida é realizada entre os dias 1º e 7 de outubro em todo o país.
Missão na sociedade
Preocupada com os cuidados da vida desde a gestação até o acompanhamento de uma infância respeitada e valorizada, a coordenadora da Pastoral da Criança da Diocese de Santo André, Maria Gomes Coelho e Silva, 43 anos, ressaltou a importância da celebração e da missão na sociedade em promover a defesa da dádiva divina.
“A relevância desse dia (do nascituro) nos leva a refletir um pouco dessa missão. Sempre gerar mais vida e cada um de nós é responsável, tanto as pastorais em Defesa da Vida, da Criança ou a sociedade em si, por essa geração de vida. De estar buscando e conscientizando a vida desde a gestação”, avalia a professora.
Vencendo os desafios
Para os representantes da Região Pastoral Centro – Santo André, o casal Gilberto Vieira Monteiro e Márcia Aparecida Monteiro (Paróquia Matriz de Santo André), a mobilização, diálogo e conscientização se tornam fundamentais para combater a violência contra a vida.
“O dia 8 de outubro foi marcado para ativar tudo em favor da vida. Então, tudo que pudermos fazer a favor das nossas crianças, nossos adolescentes, nossas mulheres grávidas, se torna importante que se lute sempre por isso, pela vida o tempo todo. Existe um movimento na sociedade contra a vida. Chegamos neste ponto. Temos que orientar as pessoas a defenderem a vida em todos os momentos, na família, na Igreja e nas comunidades”, salienta Gilberto.
A esposa Márcia deixa uma mensagem de esperança e otimismo para toda a sociedade do Grande ABC.
“O Dia do Nascituro, assim como a Campanha da Fraternidade, Novena de Natal, são todos subsídios que nos fortalecem na fé. Quiçá um dia não precisemos de subsídios e, sim, que tudo seja óbvio. A luta pela vida, a comemoração do nascimento de Jesus Cristo, a Páscoa, que não tenha roteiros, e sim todo mundo professe a sua fé”.
Estatuto do Nascituro
Nota oficial da CNBB “Pela vida, contra o aborto” divulgada em abril deste ano reforça o posicionamento da Igreja pelo direito de viver:
Os bispos afirmam: “Neste tempo de grave crise política e econômica, a CNBB tem se empenhado na defesa dos mais vulneráveis da sociedade, particularmente dos empobrecidos. A vida do nascituro está entre as mais indefesas e necessitadas de proteção. Com o mesmo ímpeto e compromisso ético-cristão, repudiamos atitudes antidemocráticas que, atropelando o Congresso Nacional, exigem do Supremo Tribunal Federal-STF uma função que não lhe cabe, que é legislar”.
A CNBB pede: “O Projeto de Lei 478/2007 – “Estatuto do Nascituro”, em tramitação no Congresso Nacional, que garante o direito à vida desde a concepção, deve ser urgentemente apreciado, aprovado e aplicado”. E conclama: as “comunidades a unirem-se em oração e a se mobilizarem, promovendo atividades pelo respeito da dignidade integral da vida humana”.
O Projeto de Lei avança na Câmara dos Deputados e já foi aprovado em duas comissões (Seguridade Social e Família; Finanças e Tributação). Agora, será apreciado pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher.
Reportagem e fotos: Fábio Sales