Diocese de Santo André

Coleta da Evangelização é gesto concreto que corta a raiz profunda da violência

A Campanha pela Evangelização, criada pela Assembleia Geral da CNBB em 1997, inicia na Solenidade de Cristo Rei do Universo, término do Ano Litúrgico, e se conclui com a Coleta pela Evangelização, que acontece no terceiro domingo do Advento, neste ano em 16 de dezembro. A Campanha pela Evangelização favorece a vivência da espiritualidade do tempo do litúrgico do Advento e mobiliza os cristãos católicos para o gesto concreto de solidariedade e gratuidade de uma Coleta Nacional, que deve ser aplicada na sustentação dos trabalhos de evangelização da Igreja no Brasil e na ajuda material às dioceses em regiões carentes e menos assistidas. Esta Coleta pela Evangelização desperta os cristãos para o compromisso evangelizador e para a responsabilidade pela ação pastoral da Igreja.

A Coleta e a Campanha pela Evangelização são inspiradas no exemplo das primeiras comunidades cristãs que, convidadas pelo apóstolo Paulo, organizaram uma generosa e solidária ajuda econômica em favor dos cristãos de Jerusalém, vítimas de uma grande escassez nas colheitas do ano precedente (cfr. 1Cor 16,1-4; 2Cor 8,1-24). Paulo aconselhou as suas comunidades a fazerem uma coleta solidária, salientando que esta ajuda material é graça de Deus para quem a recebe; ele também se preocupou que administração desses recursos fosse feita por pessoas de confiança. No gesto gratuito e solidário de partilha dos bens materiais, os cristãos enxergam além do seu próprio mundo e percebem as necessidades das comunidades mais carentes e se mobilizam em vista da evangelização e do anúncio do Reino de Deus. No mistério da encarnação, é o próprio Deus quem partilha solidário e generoso com a humanidade inteira o precioso dom do seu Filho Jesus.

O serviço das comunidades cristãs, especialmente aos últimos comprova a autenticidade da sua celebração e vivência eucarística e sua prática da fé. O cristão está no mundo para transformá-lo e não para adaptar-se a ele, acomodado, mesquinho no seu próprio bem-estar e indiferente aos desafios, injustiças e violências. Pode até acontecer que o mundo não seja todo transformado, mas o cristão deve tomar consciência que viveu a sua vida e trabalhou para transformá-lo e para fazer irromper nele a novidade do Reino de Deus. O mundo vai se tornando um lugar melhor, mais justo e fraterno quando adotamos o sério compromisso com a solidariedade e trabalhamos com perseverança para promove-la. A solidariedade deve caminhar sempre de mãos dadas com a consciência crítica.

As comunidades cristãs são chamadas a levar a vida onde se produz a morte. Esta é uma luta constante que deve ser firme e coerente em todas as frentes da evangelização. O campo é amplo e a messe é grande. Quantas mortes são provocadas pela violência, pela ignorância, pela truculência, pelo diabólico processo de lenta destruição da dignidade humana através da fome e da miséria, do aborto, da eutanásia, da destruição da natureza e das drogas. O Deus da vida se interessa por nós, pela nossa vida, pela nossa liberdade, nossa salvação e nossa felicidade. A tarefa das comunidades cristãs é, e será sempre, contribuir para uma vida humana mais digna e mais feliz para todos, solidária com os que sofrem e lutando contra as injustiças que produzem as vítimas. Evangelizar é uma ação profética e corajosa, porque denuncia todo tipo de injustiça e violência, especialmente contra as minorias e propõe o caminho da vida, anunciando o projeto de Deus que é de justiça para todos e radical oposição à violência.

A Conferência de Aparecida nos lembrou que na generosidade dos missionários e missionárias se manifesta a generosidade de Deus, na gratuidade dos apóstolos aparece a gratuidade do evangelho (Cfr. DAp 31). A gratuidade corta a raiz mais profunda da violência, da exclusão, da exploração e da discórdia. É a vitória sobre a ambição e o acúmulo, num mundo dominado por lucros e mercados desvairados e por vinganças e ressentimentos mesquinhos que afetam especialmente os mais pobres. A acolhida gratuita do outro e o respeito pelo diferente significam despojamento e perdão. A gratuidade impulsiona a Igreja para a simplicidade institucional, para a sobriedade e a transparência que a ajudam a caminhar desarmada e despojada.

Artigo desenvolvido por Pe. Clemilson Teodoro

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