Diocese de Santo André

Deixar-se moldar pelos caminhos da vida

O que é preciso para se formar um homem de caráter, um ser humano responsável, honesto e bom?

Quando alguém faz esta pergunta, logo vem à mente a família, o berço em que a pessoa foi criada, a presença da mãe, a postura do pai, o convívio da família.

Esta introdução é apenas para indicar que vamos falar de alguém, cuja têmpera foi construída sobre os alicerces de uma família serena, simples, verdadeira. Uma família numerosa que mantinha seus valores pautados na boa convivência, na harmonia, nos critérios de uma robusta fé cristã e católica.

Nelson Westrupp, prestes a comemorar 80 anos de vida, desde menino, deixou-se formar pela firmeza de uma educação disciplinada e sóbria, porém, cheia de muito amor, bom convívio e equilíbrio saudável.

Chegar aos 80 anos de existência com saúde, boa memória e vida ativa é presente que moeda alguma é capaz de pagar. Esse é o caso de Dom Nelson Westrupp. Fruto de uma vida vivida com serenidade e harmonia, desde a mais tenra idade.

Quando a gente olha algumas poucas fotos da infância de Nelson, observa um galeguinho sereno, alegre, introspectivo e simpático. O pequeno Nelson, porém, como todo menino, foi travesso, arteiro e gostava de criar suas brincadeiras, suas traquinagens e proezas, junto com os meninos de sua idade e de sua terra natal, a pequena São Luís, no município de Imaruí – SC.

O catarinense, de origem alemã e dinamarquesa, era muito bem enturmado e passava horas e horas armando arapucas, inventando engenhocas de rodas (carretilha para descer morro abaixo com os coleguinhas) e, claro, a maior parte do tempo era para jogar bola, seu esporte preferido até hoje.

Nelson, com a calma que lhe é peculiar, tecia gaiolas e arapucas para caçar passarinho. Uma verdadeira invenção. A gaiola era construída com um alçapão falso. Isso acontecia quando ainda não havia nenhum tipo de restrição para se caçar passarinhos e animais silvestres.

Conta nosso menino desenvolto que, certa vez, na casa da querida Vovó Carolina Steiner, armou uma gaiola, colocando um pedaço de laranja no alçapão e ficou à espreita, torcendo pela chegada das presas. Não demorou muito, surgiu um bando de saíras, sete das quais, uma a uma, caíram no alçapão. Viva!!! Foi uma festa que o garoto comemorou com satisfação e com aquela genuína alegria de menino faceiro por ter conseguido mais esse grandioso feito.

O ajuizado menino, porém, não faltava às obrigações de casa, ajudando o pai nas lidas da roça e no trato dos animais. O tempo era tão bem distribuído que conseguia realizar tudo o que desejasse e fosse necessário.

O pequeno “barriga verde” gostava de estudar, era aplicado e dava bom exemplo na escola e na catequese, até porque, seu pai era seu professor e seu catequista e, filho de professor, tinha que andar na linha e dar bom exemplo…

Nelson também enfrentava os perigos da natureza e sabia como lidar com cobras venenosas. Naquelas grotas de São Luís, era muito comum os meninos, quando iam colher trato para o gado ou buscar folhas de Caeté para assar broas, depararem com jararacas e outros ofídios, à beira de alguma nascente de água.

Nosso homenageado gosta de recordar que, certa vez, junto com seus manos Nestor e Celso, foi cortar cana de açúcar para o gado num canavial, no meio do mato.

Naquela fria manhã de inverno, os primeiros raios do sol, radiantes e belos, tocavam as folhas verdes das canas e refletiam seu brilho nas copas das árvores. O céu se descortinava num azul sem igual. O cheiro da relva e o frescor do orvalho gelado fazia congelar até mesmo o nariz e as orelhas dos pequenos trabalhadores. Nossos destemidos garotos não se intimidavam com o frio. Andavam descalço e estavam acostumados com o rigor da vida colona.

De facão em punho, Nelson dá início ao corte da cana. Nestor, atrás do maninho, vai recolhendo os pés de cana ceifados.

De repente, enquanto Nelson, concentrado no que estava fazendo, se abaixa para mais um golpe de facão, Nestor avista uma cobra “deitada” sobre as folhas da moita de cana, apanhando um solzinho gostoso em manhã de inverno. A orelha de Nelson estava a um palmo da boca da serpente. Percebendo o perigo, Nestor grita: – “Não se mexa!” Sem saber do que se tratava, Nelson ficou paradinho, imóvel. Com rapidez incrível, Nestor pega um fueiro do carro de boi destinado para o transporte da ceifa, dá uma “fueirada” no dorso da jararaca, deixando-a escadeirada.

Os três acabaram de matar a venenosa e a penduraram numa vara para levá-la até um pasto bem próximo do canavial. Celso, menino curioso, questiona: – “o que será que tem na barriga desta cobra? Está tão grossa! Vamos abri-la?” E os três marotos resolvem abrir a cobra para ver o que tinha dentro dela. Pra que! Mal começaram a cortar a barriga da víbora, eis que começam a pular desesperadamente uma, duas, três…, nada mais nada menos do que dezoito cobrinhas. A morte da jararaca virou um evento. E os “guris”, rápidos e ligeiros, não deixaram escapar uma só jararaquinha.

Vale registrar que, além de matar tantas cobras por aqueles sertões catarinenses, o professor Apolônio orientava seus filhos e seus alunos que, quando possível, capturassem as cobras para encaminhá-las para o Butantã, a fim de colaborar com a fabricação de vacinas e soros e a preservação da natureza. Muitas vezes, Apolônio encaminhou algumas pelo correio para o referido Instituto de Pesquisa.

Nelson conta que nos anos de seminário, sobretudo, no tempo do Noviciado, em Barra do Rio Cerro, Jaraguá do Sul – SC, matou muitas cobras, pois ali, os noviços eram verdadeiros desbravadores da terra.

Pois bem, a gente logo vê que nosso menino, quase octogenário, colecionou   experiências marcantes.

Voltando à ideia inicial de nosso texto, destacamos que Nelson Westrupp soube desfrutar das mais variadas etapas de sua vida, influindo positivamente na sua formação e amadurecimento.

A vida de Nelson Westrupp, partilhada e repartida, é uma dádiva preciosa de Deus em nosso meio.

Parabéns Dom Nelson! Obrigado por sua vida ser um livro aberto a nos ensinar os valores humanos, cristãos e eclesiais. Somos felizes por conhecê-lo e tê-lo bem perto de nós.

* Artigo por Maurinéa A. Santos, Secretária Episcopal  

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