“Nesse momento que passamos por tribulações e dificuldades, que São José possa ser uma presença animadora na nossa Igreja dizendo-nos: “Eu venci! Vocês vencerão, também!”, que aliás foram as palavras que Jesus disse: “Coragem, eu venci o mundo!” (Jo 16,33).”
Destacando a caminhada no Ano de São José e inaugurando o Ano da Família Amoris Laetitia na Diocese de Santo André, o bispo diocesano Dom Pedro Carlos Cipollini presidiu na noite de sexta-feira (19/03), a Solenidade Diocesana de São José no formato online, na Paróquia São José do Bairro Baeta Neves (Região São Bernardo – Centro), sem a presença de fiéis, em razão das medidas da fase emergencial implementadas pelo governo do estado de São Paulo no combate à pandemia da Covid-19 e do comunicado diocesano que suspende as atividades e celebrações presenciais (entre 15 e 30 de março). Em sua homilia, Dom Pedro recordou que em 2015 esteve nesta igreja, participando de vigília que marcou o início de seu episcopado na Diocese de Santo André, e ressaltou todas as dificuldades vivenciadas pela sociedade diante do aumento do números de casos e óbitos provocados pelo coronavírus que já vitimou 294.115 pessoas e pediu que todos rezem para que o patrono da Igreja universal interceda junto a Deus superação dessa situação grave.
“A exemplo de Jesus, São José também enfrentou muitas dificuldades, mas venceu todas as tribulações com sua grande fé, operosa, perseverante e repleta de amor, porque é o amor a pedra de toque de tudo neste mundo de Deus. O amor que ele dirigia a sua esposa Maria e ao seu filho Jesus; mesmo no meio das contradições da vida, Maria era esposa, mas não era sua; Jesus era seu filho, mas não era seu; e José na vida, na entrega, soube viver esse desafio de uma forma espetacular. A única palavra de elogio que se diz a respeito dele é suficiente para saber quem ele era: o justo! O que se aplica a Jesus que morria na cruz e o bom ladrão dizia: “Esse é um homem justo. Nós somos os pecadores”. José recebe esse elogio que a bíblia reserva ao Filho de Deus”, salienta o bispo.
Ano de São José
Convocado pelo Papa Francisco por meio da Carta Apostólica “Patris Corde”, o Ano de São José será celebrado por toda a Igreja no mundo, de 8 de dezembro de 2020 a 8 de dezembro de 2021, para comemorar os 150 anos da promulgação do decreto da Sagrada Congregação dos Ritos do Quaemadmodum Deus, com o qual o Beato Pio IX, em 1870, declarou São José como santo padroeiro da Igreja universal.
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Ano da Família
O Ano da Família Amoris Laetitia foi anunciado pelo Papa Francisco na Festa da Sagrada Família, no dia 27 de dezembro de 2020, cujo início aconteceu no dia 19 de março de 2021, cinco anos após a publicação da Exortação Apostólica; a conclusão está marcada para o dia 26 de junho de 2022, por ocasião do X Encontro Mundial das Famílias, em Roma.
E na Diocese de Santo André, uma primeira atividade ocorreu meia hora antes da celebração do padroeiro da Igreja universal e da Sagrada Família, quando o Setor Família rezou um terço diocesano em Louvor a São José transmitido pelas mídias diocesanas.
Respostas para Deus
Dirigindo-se aos fiéis que acompanhavam a transmissão pela internet, Dom Pedro iniciou a reflexão do Evangelho (Mt 1,16.18-21.24a) dizendo que São José, durante a sua existência, foi instado pela Palavra de Deus a dar uma resposta. “E a resposta que Deus quer não são palavras. É a nossa vida. Existem momentos que devemos ouvir a advertência daquele santo famoso, que dizia: “cessem as palavras, falem as obras” (Santo Antônio de Pádua), que se aplica muito a São José. Ele respondeu aos apelos que a Palavra de Deus fez em sua vida”, comenta. O bispo diocesano traçou um paralelo com o cenário atual que vivenciamos no mundo, de dramas e tragédias, e também nós somos interpelados pela Palavra de Deus a darmos respostas. “Que respostas estamos dando? Que resposta deu São José? Vejam bem! Ele só encontrou dificuldades durante toda a sua vida, tremendos desafios do ponto de vista pessoal, familiar e social”, sintetiza.
Desafios pessoais
Do ponto de vista pessoal, José era um homem jovem, trabalhador, com seu ideal, querendo viver a sua vida tranquila, mas Deus o chama para uma missão única que, segundo Dom Pedro, ninguém mais precisaria exercer neste mundo. “Representar o próprio Deus diante do Filho de Deus que se fez homem. Isso não é pouco. Certamente, quando Jesus nos ensinava a chamar Deus de “Aba”, paizinho, humanamente falando Ele se recordava da experiência com seu pai adotivo José. Para que Jesus pudesse auferir a bondade infinita do Pai é lógico que bastaria uma revelação íntima e a sua união trinitária que nunca deixou de existir, mas ele não era só Deus. Ele era homem, e na sua parte humana, psicológica, a figura de José se ergue como imagem do pai. Esse desafio tremendo que José teve que enfrentar. Um desafio de ordem pessoal e espiritual, mas ele assumiu esse compromisso com Deus”, elucida.
Desafios familiares
De ordem familiar, as dificuldades também apareciam na vida de José. Ele era noivo de Maria, comprometido em matrimônio, que precisaria ser oficializado apenas com uma cerimônia familiar. E Maria aparece grávida por obra do Espírito Santo. “José contempla isso no silêncio. Conheceu sua noiva, sabe que é honesta. Não queria denunciar porque isso provocaria até mesmo uma sentença de morte. Ele quer deixá-la em segredo. Imaginemos o sofrimento desse homem, que ama a sua esposa, mas Deus lhe esclarece, e ele aceita receber Maria como sua esposa, a paternidade diante da sociedade, embora sua família certamente não aprovasse seu gesto”, explica Dom Pedro. O bispo diocesano prossegue: “Quando vemos narrativa evangélica de Maria grávida que vai com ele até Belém, quando não era necessário, bastaria que ele fosse para fazer o alistamento, podemos deduzir que o clima na família não estava fácil. Ela preferiu fazer essa viagem longa e difícil com José do que ficar sozinha com os familiares, em Nazaré”, complementa.
Desafios na sociedade
José também enfrentou muitas dificuldades na sociedade. Quando nasceu o menino Jesus, teve que fugir para o Egito, pois Herodes queria matar a criança. “Assim como hoje tantos migrantes e imigrantes são rejeitados e morrem afogados nas travessias marítimas, José enfrentou tudo isso”, relata Dom Pedro. E qual a resposta de José? “É a resposta da fé. No meio da escuridão, José tem dentro dele, a luz da fé que o ilumina a partir de dentro. A fé foi o distintivo de todos os patriarcas. Pela fé venceram desafios impossíveis, mas José não teve somente a fé, porque só a fé não basta, diz São Tiago que “a fé sem obras é morta”. José juntou a sua fé, uma perseverança a toda prova, que hoje se usa chamar de resiliência, capacidade de sofrer, capacidade aguentar os reveses, capacidade de perseverar e mesmo quando todos os ventos são contrários, e José respondeu a Palavra de Deus com grande silêncio, mas um silêncio operoso, ativo, que não é covardia, o silêncio dos egoístas que existe neste mundo que movidos pelo medo, protegem-se um silêncio hierático e bonito, mas que diante de Deus é o vazio. Esse não era o silêncio de José. O silêncio de José era o silêncio do homem de ação, do contemplativo que vive a sua fé, de forma operosa, agindo para manter Deus presente no mundo, como José o fez na vida com Maria e Jesus”, destaca.
“Assim como todo mundo, José recebe a missão e a graça divina para exercê-la no meio dos contratempos, e desafios, e José foi um vencedor. Por isso, nós recordamos dele hoje (sexta) com gratidão, como exclama o povo fiel: Valei-me São José!”