Às vésperas da celebração do Dia das Mães (comemorado em 9 de maio neste ano de 2021), a Diocese de Santo André preparou uma série especial “Alegria da Maternidade” para exaltar a importância da figura e presença materna em nossas vidas. Serão quatro capítulos (quarta, quinta, sexta e sábado), cada um destacando aspectos da espiritualidade, por meio de documentos da Igreja e devoções históricas, e depoimentos de mamães que participam de pastorais, movimentos e grupos nas comunidades católicas, fundamentais no processo de evangelização das famílias e no cuidado com os seres humanos.
E o primeiro capítulo da série “Alegria da Maternidade”, que começa nesta quarta (05/05), aborda o capítulo V da Exortação Apostólica Amoris Laetitia. “O Amor que se Torna Fecundo” é uma oportunidade importante para refletirmos o quanto somos abertos à vida ou, o quanto somos fechados a ela, nos esquecendo sempre que o próprio Criador nos amou antes mesmo de nascermos.
Osmarina Pazin Baldon, que coordena ao lado do marido Benedito Antônio Baldon (Toninho), a Pastoral Familiar no Regional Sul 1 da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), nos ajudará a entender como a família deveria ser sempre o lugar privilegiado onde a vida é gerada e acolhida.
“Mas infelizmente em muitas situações, é o lugar onde a vida é negada, negligenciada, eliminada quer no seu início, especialmente na concepção, bem como no entardecer da existência, em que idosos são tratados com indiferença e até mesmo descartados do convívio familiar”, alerta. Segundo Osmarina, com isso, perde-se o tesouro do amor dos avós pelos netos, na transmissão dos valores humanos e cristãos. “Uma família que não respeita nem cuida de seus avós, que são a sua memória viva, é uma família desintegrada; mas uma família que recorda é uma família com futuro” (n.192 do capítulo V da Amoris Laetitia)
Não é possível uma família sem o sonho
“Toda a mãe e todo o pai sonharam o seu filho durante nove meses. (…) Não é possível uma família sem o sonho. Em uma família quando se perde a capacidade de sonhar, os filhos não crescem, o amor não cresce; a vida debilita-se e apaga-se” (n 169 do capítulo V da Amoris Laetitia). De acordo com Osmarina, mais triste ainda é a quantidade de casais de noivos que não querem ter filhos… fecharam-se à vida, à graça, ao amor imensurável de nosso Deus Pai. “Não querem ser continuadores, nem ter participação no projeto de amor querido e sonhado por nosso Criador. Em que ambiente estéril estão fadados a caminhar? O que os atrai a um espaço tão sem vida?”, indaga.
Uma sociedade sem mães seria uma sociedade desumana
“Porque as mães sabem testemunhar sempre, mesmo nos piores momentos, a ternura, a dedicação, a força moral. As mães transmitem, muitas vezes, também o sentido mais profundo da prática religiosa nas primeiras orações, nos primeiros gestos de devoção que uma criança aprende. Sem as mães, não somente não haveria novos fiéis, mas a fé perderia boa parte do seu valor simples e profundo”, explica Osmarina. Em sua reflexão deste capítulo da exortação apostólica, Osmarina destaca que uma paz nos invade quando reconhecemos que aquela herança recebida de nossos pais, especialmente da fé cristã, da devoção a Maria, uma vez repassada aos nossos filhos, já é experimentada por nossos netos. “Eis um tesouro que desejo que chegue a todos. Ter uma família transmissora da fé. Uma Igreja doméstica”, salienta.
Instrumentos de Deus para trazer uma nova vida à vida
Osmarina complementa o raciocínio: “Que possamos ser instrumentos de Deus para trazer uma nova vida à vida. Que possamos cantar como Maria: “A minha alma engrandece o Senhor, e meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque ele olhou para a humildade de sua serva” (Lc 1,46-48). E nosso querido Papa Francisco, ao final do parágrafo 174, saúda a todas as mães: “Queridas mães, obrigado, obrigado por aquilo que sois na família e pelo que dais à Igreja e ao mundo.” “Maria, a mãe de Deus, nos ajude a sermos mães e pais dos filhos de Deus confiados a nós”.
A inspiração no modelo da Sagrada Família de Nazaré
Da Paróquia Nossa Senhora do Rosário (Região Santo André – Leste), Simone da Costa Santana, 38 anos, que coordena ao lado do esposo Fábio de Santana, 40 anos, o ECC (Encontro de Casais com Cristo) na Diocese de Santo André, destaca que no capítulo V da Amoris Laetitia, o Papa Francisco nos lembra que a família é a célula vital da sociedade, sendo que a figura do pai e da mãe são chamados por Deus a seguirem o modelo da família de Nazaré. “O trecho “fecundidade alargada” vem nos falar sobre a família alargada, ou seja uma família inserida na sociedade (como a Sagrada Família de Nazaré) e não uma família criada numa bolha, que não tem contato com o externo, pois a família deve ser um lugar de integração dos membros (inclusive dos filhos) com a sociedade, através de amigos e parentes, assim se cumpre o projeto do reino de Deus para a família”, enfatiza. Na opinião de Simone, temos que ter em mente o quão grandiosa é nossa missão, ao qual nos são confiados por Deus, o dom de ser pai e mãe, de criar um filho, seja ele concebido do ventre materno ou aquele filho que Deus nos presenteia na forma de adoção. “É confiando na família que Deus nos fez filhos amados, e tem projetos para cada um de nós. A família é a esperança por um mundo melhor, de fraternidade. É a promessa de Deus sempre se cumprindo em nossas vidas”, complementa.
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Família é fonte de amor e de acolhimento
Do ECC da Paróquia São Pedro Apóstolo (Região São Bernardo – Rudge Ramos), Jane Pontes, 48 anos, e Wilian Pontes, 52 anos, pais de Giovana Pontes, 18 anos, e Gabriela Pontes, 21 anos, entendem que a relação do amor que se torna fecundo dá aos pais, a possibilidade de se tornarem seres humanos mais generosos por terem alguém, além de si mesmo, que tem necessidades físicas de amor e carinho. “Se doam aos seus filhos ao cuidar ,educar, amar. Também como forma de inserir a criança na família e incutir nela que família é fonte de amor, acolhimento e segurança”, destaca.