Iniciando as atividades formativas neste segundo semestre de 2021, os seminaristas das três casas (Teologia, Filosofia e Propedêutico) que compõem o Seminário Diocesano de nossa Diocese de Santo André participaram de um dia de retiro, no último dia 23 de julho (sexta), tendo nosso bispo diocesano, Dom Pedro Carlos Cipollini, como pregador deste momento, contando com a participação e presença dos reitores das três casas.
A motivação para este dia de espiritualidade foi a subida de Jesus para Jerusalém no Evangelho de Marcos, onde se pode ver diálogos de Cristo com diversas pessoas. Nestas conversas, Jesus faz propostas a seus interlocutores, que passavam por situações pessoais diferentes.
A subida para Jerusalém se torna um cenário importante dentro deste Evangelho, pois é na cidade santa que Jesus revela o pleno amor de Deus pela humanidade, na sua entrega na cruz. Diante desta manifestação, o vocacionado é convidado a ser perseverante, não deixando que outros amores roubem seu caminho, especialmente sob o escudo dos projetos pessoais, que produzem posteriormente como a apatia no futuro ministério (que já vai se construindo desde o seminário).
Como sinal de Jesus e a partir do seu encontro com Ele, o padre deve ser aquele capaz de ter um amor verdadeiro a Deus, a si e aos irmãos, amor que se desdobra na capacidade de servir a todos e sendo mestre na promoção da comunhão.
Na sua reflexão, Dom Pedro destacou quatro momentos, quatro diálogos de Jesus, inspiradores para que os seminaristas pudessem refletir sua caminhada. No caminho até seu destino, Jesus se encontra com o rico (cf. Mc 10,17-27), perguntando sobre como poderia ganhar a vida eterna, aspiração genuína que brota no coração de todo homem. Ele já seguia os mandamentos, mas não teve a coragem de cumprir a exortação de Jesus para vender seus bens, doá-los aos pobres e, então, segui-lo, já que estava apegado aos inúmeros bens materiais que tinha, fechando-se para a partilha e para um mundo mais fraterno.
Jesus também ouve as inquietações de seus discípulos (cf. Mc 10,35-45), como Tiago e João, que queriam um lugar de destaque quando chegasse o momento da glória de Jesus. Muito apegados à mentalidade dos grandes deste mundo, eles se esqueceram que a grandeza, na dinâmica do Reino de Deus, se dá pelo serviço, assumindo o último lugar, como Jesus deu o exemplo.
Ainda no caminho, Jesus se encontra com o cego Bartimeu, que estava em Jericó (cf. Mc 10,46-52), representando todos que se encontram sem luz e à beira do caminho, mas que, após muito insistir, se encontra com Cristo e muda de vida, mostrando como não devemos nos deixar abater com as dificuldades do dia-a-dia, recorrendo sempre a Jesus em nossas aflições e desânimos.
No último dos encontros de Jesus abordados no retiro, um dos mestres da Lei pergunta para Jesus qual o maior dos mandamentos (cf. Mc 12,28-34). Como resposta, Jesus antecipa-se e lhe fala os dois primeiros: Amar a Deus sobre todas as coisas e o teu próximo como a ti mesmo. Embora tenhamos todas as capacidades para amar, precisamos aprender ao longo da vida como efetivar estas capacidades, tendo no amor a única forma sã de se viver neste mundo, agindo como Jesus, sendo profetas do Amor.
Finalizando este dia rendendo graças a Deus, reunidos em torno do altar, os seminaristas puderam, mais uma vez, ouvir Jesus contando a parábola do semeador (Cf. Mt 13,18-23), onde Dom Pedro recordou que, mesmo com a semente caindo em terra boa na minoria dos casos, os frutos advindos da semeadura são abundantes, fecundando a terra.
Assim, fortalecidos pela Eucaristia, os seminaristas têm as luzes para continuar sua caminhada formativa neste semestre. Ao fim, na missa, celebrada no auditório da casa de retiros Pe. José Aguirre Suberviola, em São Bernardo do Campo, alguns padres que trabalham na formação, reitores e diretores, fizeram partilhas e incentivos aos seminaristas de nossa diocese.
*Texto do Padre Hamilton Gomes do Nascimento e do seminarista Gustavo Laureano Pinto