Diocese de Santo André

GUERRA, PAI E PÃO NOSSO

O que se pode pensar ao ver na TV e nos noticiários espalhados pela rede, a multidão na Faixa de Gaza, se matando para obter comida, em meio a uma guerra que cada dia elimina mais pessoas, ao ponto de ser tida por muitos como genocídio. Além das guerras mais conhecidas como a da Ucrânia, existem perto de 52 focos de guerra pelo mundo. O Papa Francisco dizia que estamos em uma “terceira guerra mundial aos pedaços”. Falta paz e falta pão. A guerra a fome e as doenças vêm sempre juntas.

Pode-se alegar que em lugares onde não há guerra, também existe falta de pão, como no Brasil, pais que não está em guerra e exporta alimentos. É uma das maiores economias do mundo, mas na qual se morre de fome. Não há guerra no Brasil? Sim, há uma guerra civil não declarada e sim camuflada, na qual as armas são a insensibilidade, o patrimonialismo, corrupção e incompetência como modo de dominar e exercer o poder, busca dos próprios interesses em detrimento do bem comum. Temos uma das mais injustas distribuições de rendas do mundo. Ricos cada vez mais ricos às custas de pobres cada vez mais pobres, como disse João Paulo II. Tudo temperado pelo veneno da violência, tanto social como institucional.

Somos uma nação que se acostumou à escravidão, mantendo viva no inconsciente a mentalidade escravocrata, a qual normaliza a injustiça social, e na qual se consegue viver com a consciência tranquila, enquanto se morre de fome, como se tudo fosse normal. As migalhas que caem da mesa do rico Epulão, nem chegam a Lázaro, mas são consumidas pelo cachorrinho (cf. Evangelho de Lucas 16, 19-31). Aliás muitos cães e gatos, nada contra, vivem melhor que muitas pessoas em termos de trato e comida.

Precisamos reaprender a rezar a oração do Pai Nosso, esta oração que tem três palavras iniciadas com a letra p: Pai, Pão e Perdão. Estas são as condições para que a humanidade viva em paz. Deus é Pai de todos e por isso somos todos irmãos e irmãs com a tarefa de construirmos uma sociedade justa e fraterna. O Pão também é e todos e deve ser partilhado, não acumulado como fonte de lucro. E o Perdão se coloca como condição de sempre refazer e recomeçar os relacionamentos e o aprendizado.

Seja santificado o teu nome, nas estrelas e no brilho dos olhos das crianças, nas flores que enfeitam a natureza, no pão partilhado pelos generosos, naqueles que compreendem que o amor, a terra e a vida são para todos.

Venha a nós o teu Reino, que é graça divina, recebido e levado avante pelas mãos dos homens de boa vontade, que sabem amar e olhar com esperança para o futuro. O Reino que é a terra generosa, onde corre leite e mel, e na qual reina a confiança, a vontade de ajudar e a verdade que vence a alienação da mentira e da falsidade.

Não nos deixe cair na tentação de nos fecharmos aos irmãos, vencidos pelo medo, conformados com as injustiças. Dá-nos a serenidade de mantermos o sorriso e o bom humor, em meio às crises e desafios.

Mas livra-nos do mal, que rompe os laços da amizade e os relacionamentos, o carinho e a união. Livra-nos do mal da ganância que oprime, da vaidade que despreza os outro, do medo de amar, que paralisa. Dá-nos a tenacidade para buscar o melhor, ainda que o caminho precise ser feito, ainda que caiamos pelo caminho.

Com a oração do Pai Nosso bem rezada e com fé, o mundo se transforma a partir do coração de cada um e, certamente será melhor, porque estarão unidas a fé em Deus e a fé no ser humano.

Muitas vezes rezamos esta oração sem pensarmos em seu conteúdo, precisamos, portanto, não só rezá-la, mas saber que elas precisam ser vividas no dia a dia. Então haverá assim, pai, pão e paz para todos.

+Dom Pedro Carlos Cipollini
Bispo de Santo André

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