No Brasil, garotos em sua maioria, quando dão os primeiros passos na vida ganham uma bola e sonham em ser um jogador de futebol. Outros cultivam a esperança de um dia se tornarem médicos, professores, bombeiros, motoristas, engenheiros, entre outras profissões.
Porém, no caso de um menino a vontade de seguir a vida religiosa era profetizada desde a infância. E curiosamente até projetar, mesmo que no imaginário, a chegada ao posto de pontífice da Igreja Católica, atualmente ocupado pelo argentino Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco.
“Ele (Camilo) com três anos queria ser Papa. Disse para mim: Mãe, quando eu crescer vou ser o Papa. Pediu para meu pai (avô de Camilo) ajoelhar, já idoso, para ele abençoá-lo. Fiquei brava na época (risos). As meninas (irmãs de Camilo) colocaram até um pano no ombro dele e uma coroa de papel em sua cabeça”, relembra a mamãe Evanildes Maria Leão de Lima.
Vencer na vida
O menino em questão é Camilo Gonçalves de Lima. Hoje, prestes a completar 40 anos de idade, o sacerdote, que entrou no Seminário aos 29 e se tornou padre aos 39, fruto de uma vocação tardia, recorda um pouco da infância humilde, ao lado da família, no Parque Capuava, em Santo André.
“Sonhos todo mundo tem. Mas a minha vontade era mudar a vida de minha família. A vontade era ter uma profissão. De se sentir realizado. E batalhei por isso”, reflete, ao comentar que na adolescência trabalhou com seu pai (José Gonçalves de Lima), como servente de pedreiro para pagar a faculdade de Ciências Contábeis.
“Penso que me dei conta de profissão, quando observava meu pai trabalhando e cogitava ser engenheiro. Mas a vida foi encaminhando para outra direção. Fiz pós-graduação e me tornei contador”, enfatiza.
Educação vem de berço
“A vida de fé é a que meus pais me ensinaram. Participava da igreja conforme eles me encaminhavam”, conta Camilo, cujo nome é uma homenagem dada por seus pais ao padroeiro e protetor dos enfermos e hospitais, São Camilo de Léllis.
Foi batizado na Paróquia Santo Antônio (Arraial), no Segundo Subdistrito de Santo André – onde seus pais Evanildes (72 anos) e José (77 anos) se casaram e completaram recentemente 46 anos de matrimônio -, mas desenvolveu a fé na Igreja Nossa Senhora Auxiliadora (Parque Capuava – Santo André).
Camilo tem duas irmãs e um irmão, todos casadas: a Débora é cabeleireira; o Luciano, metalúrgico; e a Claudia é caixa em lotérica.
“Tenho quatro filhos excelentes. Muito orgulho”, relata o papai José.
Futuro a Deus pertence
“Atuando na Igreja, quanto mais você vai absorvendo os trabalhos e servindo, percebe que precisa fazer ainda mais e isso foi despertando a vocação (para o sacerdócio)”.
A mensagem do Padre Camilo revela um espírito de perseverança e determinação de atingir os objetivos. De superar os desafios. De querer sempre mais servir à Igreja e à comunidade do Reino de Deus com empenho e dedicação.
Com passagens por inúmeras paróquias da região do ABC como diácono e seminarista: Nossa Senhora Auxiliadora (Parque Capuava – Santo André), Maria Mãe dos Pobres (Canhema – Diadema), Santo Antônio (Batistini – São Bernardo do Campo), Nossa Senhora das Vitórias (Mauá), Santa Maria (Demarchi – São Bernardo do Campo), Nossa Senhora do Paraíso (Paraíso – Santo André), Santuário Nossa Senhora Aparecida (Paulicéia – São Bernardo do Campo) e Jesus de Nazaré (Vila São José – São Bernardo do Campo), Padre Camilo assumiu no domingo (13/08), a administração da Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Fátima, no Bairro Ferrazópolis, em São Bernardo do Campo.
Vale lembrar que, em julho deste ano, Padre Camilo foi nomeado assessor da Administração Econômica-Financeira da Diocese de Santo André pelo bispo Dom Pedro Carlos Cipollini.
Uma longa jornada para realizar o sonho de criança e, quem sabe, tornar realidade a profecia do primeiro Papa brasileiro da história da Igreja Católica.
Reportagem e Fotos: Fábio Sales