A fé precisa ser aplicada na vida. Esta foi uma das afirmações do bispo da Diocese de Santo André, Dom Pedro Carlos Cipollini, aos jovens que participaram do Dia Nacional da Juventude (DNJ), com o “Simpósio Diocesano de Doutrina Social da Igreja para a Juventude (DOCAT)”, em 15 de outubro, no Externato São Antônio, em São Caetano.
O evento, que teve como tema “A Igreja e a Sociedade” e o Lema “Juntos somos mais fortes: vivendo o sonho missionário de chegar a todos”, fez uma provocação aos jovens de conhecer melhor o que a Igreja aborda sobre a questão, além de incentivarem a agir.
Este, inclusive, foi o primeiro Simpósio no Brasil para discutir a Doutrina Social da Igreja. Além do evento, a Diocese já promove encontros quinzenais com aulas sobre o DOCAT. Segundo o seminarista José Aparecido Souza, Vice-Assessor do Setor Juventude, é uma provocação aos jovens para que estudem, conheçam e divulguem o DOCAT. “É necessário difundir este documento e, partir daí, criar uma crítica pela experiência vivida. Na nossa Diocese, que tem muitas alegrias, há dificuldades, com favelas, cortiços, problemas sociais. O jovem é impelido a ser questionado por sua própria consciência e dar uma resposta à sociedade”, frisou José Aparecido.
Grandes temas da Doutrina Social são a família, o trabalho, a vida econômica, a política, a comunidade internacional, a proteção do meio ambiente e a promoção da paz. “É uma provocação à sociedade, mas que foram os jovens que tomaram a decisão séria de conhecer a doutrina. Podemos despertar outros Simpósios, inclusive, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) incentiva que nossos jovens conheçam a doutrina”, frisou o seminarista.
Um dos palestrantes, o Prof. Dr. Alex Villas Boas (PUC-Curitiba), destacou que o amor a Deus e ao próximo é base para praticar o que diz a Doutrina Social da Igreja. “É uma questão indissociável: amar a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a si mesmo. A perda de consciência disso está ligado aos processos históricos que o cristianismo sofreu, processo de se tornar um cristianismo imperial e, portanto, perder a compreensão de atuação na sociedade, atuação política que cristianismo primitivo tinha muito forte”, frisou o professor.
Villas Boas ainda ressaltou a misericórdia para o próximo. “A cultura da misericórdia que (o Papa) Francisco nos pede, de olhar para a pessoa que sofreu, a experiência do fracasso, de ela tomar decisões que ela não queria tomar e sofre com aquilo. Não podemos apontar o dedo. Esta cultura da misericórdia deve emoldurar nossas práticas pastorais”, pediu.
Além de Villas Boas, o Simpósio contou com palestras da Prof. Dra. Nadir Aparecida Pazin e do Pe. Guilherme Melo Sanches, e apresentação teatral da Comunidade Shalom.
Aplicar na vida
Em sua homilia, o bispo Dom Pedro instigou os jovens a aplicar na vida a fé que recebem. “Hoje, temos a tendência na Igreja de pensar somente na espiritualidade, principalmente os jovens, porque é mais fácil. Quero viver o mandamento do amor, mas não quero praticá-lo até as últimas consequências. Quero no meu modo, que dê muita emoção”, falou o bispo.
Ele recordou que o pensamento “cristão não se envolve com questões sociais” é uma farsa. “Jesus se preocupou com a saúde das pessoas, com a fome das pessoas, tudo reflexo do amor, da fé que torna obra. A doutrina social é ainda para muitos um tesouro escondido. Nosso ponto de partida é a Sagrada Escritura, os Evangelhos, que unem fé e vida”, frisou o bispo.
Uma das organizadoras do evento, a professora de Economia e Administração Alessandra Santos Rosa, ficou feliz com a participação dos jovens e lembrou que o DOCAT é uma linguagem especial da Doutrina Social da Igreja para eles. “A Igreja se preocupa com os pobres, os pequenos, compreender, trazendo isso para juventude. Gerar no jovem que a fé caminha junto com a doutrina social”, disse.
Texto e Fotos de Thiago Silva